segunda-feira, dezembro 21, 2009

Feliz Natal

Esta é a semana que vem com um natal, uma festa de aniversário, o aniversário que foi escolhido como marcador do início de um era. O tempo do cristianismo que se consolidou na construção da Europa medieval e quis, ao longo dos últimos setecentos anos, impor-se aos povos dos demais continentes. Esse domínio não veio a ser total, não há como negar que a península européia conseguiu levar aos povos dos outros continentes alguns conceitos que ela criou; coisas como Direitos Humanos, Democracia, Fraternidade, e outros valores que parecem ter sido possível a partir da concepção de uma divindade que se quis humana. Homens foram chamados a serem deuses e o serão à medida que reconheçam a divindade dos outros, como os Reis Magos que reconheceram a realeza de um recém-nascido em uma estribaria. A questão é que esse processo na história tem sido doloroso e não é contínuo, mas segue nos contraditórios das esquinas do tempo e dos lugares – fiscos e sociais.

E, às vezes, dá um desânimo por conta dos desencantos, pois nem todos os reis reconheceram a criança. Foi assim com Herodes. Aliás, os reis só conseguem ver a criança como problema, como algo que deve ser afastado, ainda que a custo de muitas outras crianças. Herodes julgava que teria o trono permanentemente, e nada cedeu, nada quis compreender além dos projetos pessoais que carregava. Assim os novos herodes. Essa gente se julga eterna, e, pensam que todos devem fazer seguir as suas normas. O lixo da história é feito de gente como Herodes, gente que acha não ter existido nada antes dele e que nada virá após.

Os grandes reis foram mais silenciosos, quedaram-se diante do mistério de uma criança, uma criança que depois, quando adulta disse que grande é quem serve. Mas essa lição a Europa e seus descendentes não entenderam. As lições daquele Menino e de seus parentes, ou lições de Krishna não podem ser impostas, e perdem sentido quando são ditas em forma de falsete, para sedução de platéias.

A semana do Natal, a festa do nascimento do menino cuja vida e morte deram ensejo à divisão do tempo de um e de muitos povos, vem carregada do fracasso da Cop15, pois muitos que cantarão em lembrança daquele nascimento, não conseguiram ultrapassar os salões do palácio de Herodes. Ficaram com ele após despediram os reis que continuam a procurar o menino, rei da simplicidade, da amizade, da esperança. Os Reis Magos, contudo, saíram do palácio de Herodes e, podem ser vistos em alguns lugares, ao som música e dividindo presentes entre os pobres, ainda hoje. Eles sabem que nos palácios não encontrarão o Rei e o reinado que lhe foi anunciado.
Feliz Natal.

2 comentários:

Gilberto disse...

Profº Biu Vicente, gostei do seu comentário, sou simpatizante desse tema.
Me diga, de onde veio a tradição dos Reis Magos?
Conheci o professor na UFPE, tempos atrás.
O senhor é chará do meu avô, que já se foi.
Sou estudante com graduação em licenciatura em História.

Biu Vicente disse...

Gilberto, essa tradição cristã como muitas outras vieram com as tradições vindas da Europa medieval com os primeiros colonos portugueses e hoje está mais enraizada em Minas Gerais, interior de São Paulo, algumas patrtes do interior da Bahia. Aqui nós tinhamos o Reizado, mas essas tradições mais rurais estão em desaparecimento nos dias de hoje. A folia de Reis, os reizados lembram a a caminhada dos Reis Magos desde o Oriente, seguindo a estrela que anunciava o nascimento de Jesus, e eles pararam na Judéia quando encontraram Herodes que depois mandou matar as crianças de até 2 anos de idade. Na Folia de Reis, um grupo formado por três reis e instrumentos seguem de casa em casa em busca da criança sagreada e lá festejam com os donos da casa a xcehgada do menino Jesus. Creio que este é um resumo. A gente pode conversar depois, pesquisar um pouco e aprender.