sexta-feira, junho 12, 2009

Senadores se repetem no erro e os eleitores também...

Acompanhar as ondulações noticiosas que emanam do Planalto Central do Brasil, está cada vez mais emocionante e, ao mesmo tempo, monótono, repetitivo. Estes últimos adjetivos contrapõem-se ao “emocionante” porque a emoção é a surpresa de não haver parada nessa monótona sucessão de escândalos e comportamento criminoso de nossas deputados e, agora, senadores. Senador é palavra proveniente de “senhor”, na idéia de “mais velho, mais experiente”, mais sábio. Assim, os senadores seriam os que, por sua experiência e sabedoria, revisariam com atenção maior as decisões tomadas na Câmara, pelos deputados, esses, figurativamente mais jovens e menos experientes que os senadores. Contudo parece que os nossos senadores, mais que sábios, são donos de “sabiduria” e, vez por outra, fazem quase questão de agirem senilmente.

A mais nova traquinagem desses senhores de idade, em plena democracia e na época das comunicações e “ transparências”, é a edição de atos secretos. A última vez que ouvi isso foi na época do ditador Garraztazu Médici, que tinha como aliado um deputado apodado de José Sarney. Pois bem, o senado – reunião de velhos – um dos diretores ali posto pelo José Sarney, inaugurou a era dos decretos secretos na democracia brasileira. Por esses decretos secretos, ou seja não publicados, foram concedidas benesses ao neto de Sarney (disse que não sabia de nada), foram estabelecidas aposentadorias para muita gente e concedido o pagamento de horas extras para os funcionários que estavam em férias. Mas, diz o atual secretário da casa, Garibaldi Alves, ainda não se sabe se essas coisas são ilegais e por isso elas serão estudadas uma a uma. Esse seu comportamento que parece indicar cuidado e cautela, na verdade nos diz que ele não pensa e não age por princípios, e sim por contingências e, analisando contingência por contingência, sempre se encontra um meio de evitar que o compadre seja prejudicado. Nós, cidadãos de baixa extração, pagaremos a conta com nossos impostos.

Garibaldi Alves também foi presidente do Senado enquanto eram produzidos secretamente esses decretos. Ele não sabia que eles existiam. Também não sabia o Renan Calheiros, também presidente do Senado no período e com amigos beneficiados por atos que ele não sabia. Tudo era muito secreto.

Os presidentes do Senado não sabiam o que estava acontecendo na casa que eles dirigiam. Eram presidentes atentos à “próxima eleição” e não aos interesses dos estados que eles representam. Aliás, esses senhores estão nos ensinando que eles sempre representaram os interesses seus, de suas famílias, de seus amigos e, também os de seus Estados, desde que os interesses dos seus Estados coincidam com os interesses seus, de seus familiares e de seus amigos. Afinal ali eles estão, acreditam e praticam, para pensar como vencer a próxima eleição e poderem continuar nessa eterna sinecura familiar que é este país. Ia dizer vem se tornando, mas ele vem se tornando assim desde o período anterior à proclamação da República. Mas vivemos em um mundo acelerado. E os celerados são mais acelerados.

O exemplo dos senadores está sendo seguido pelos deputados pernambucanos que criaram uma aposentadoria para eles mesmos que lhe dá o direito de se aposentar – com vencimento total – após cinco anos de trabalho e com prazo retroativo a ano 2001. Assim, os que não conseguiram se eleger nas duas últimas eleições, mesmo sem trabalhar, podem pedir a aposentadoria.

Nós que trabalhamos trinta e cinco anos e contribuímos para a Previdência durante trinta e cinco anos, nós cidadãos que elegemos esses senhores, nós pagaremos as suas aposentadorias, e também a daqueles a quem eles puseram em cargos de confiança, com os nossos impostos. E não foram apenas os da base do governo que aprovaram e aprovam essas ações criminosas!!! Ética e comportamento moral não tem sido preocupação nem objetivo de nenhum dos partidos. Como disse um ex-líder de partido ético: “ sempre houve caixa dois”. Não tem porque reclamar.

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