quarta-feira, março 18, 2009

A respeito de um aborto didático

Um amigo que, vez por outra, lê essa página comentou que gosta mais quando não assumo postura professoral na escrita. Tenho pensado no que isso significa, ou como posso eu deixar de professoral ou se, sou mesmo esse estilo professoral. Cuidava desses pensamentos quando soube que foram entregues, pelo Ministério da Educação, a estudantes da sexta série, livro didático de geografia com um mapa muito estranho. Nele pode ser visto que o Paraguai está banhado pelo Oceano Atlântico e Chile e Bolívia formam uma só unidade política. Talvez seja já o resultado da ‘revolução bolivariana’. Mas talvez seja a conseqüência de alçar à diretorias responsáveis pela orientação do ensino, pessoas que, embora preocupadas com a educação, acumularam mais tempo em passeatas que em sala de aula, no estudo e ensino efetivos. Claro que muitos de nós tivemos que estar nas ruas lutando por melhores salários e condições de trabalhos mais dignas, mas essas não podem ser as principais razões para que se ponha alguém em certos postos. Como não foram, e não são, de bom conselho por alguém em situação decisória de ensino apenas por ter nascido parente de alguém, etc. O nepotismo surgido da prática dos papas em premiar seus primos com cargos e poderes, levou a igreja à insensatez dos escândalos diuturnos renascentistas. E se temos visto, com dificuldades, a luta contra o nepotismo biológico e familiar nos parlamentos e varas jurídicas, observamos o crescimento do nepotismo sindical nos últimos seis anos. Pessoas foram levadas a postos importantes por conta de sua prática sindical, pondo-se em plano inferior a questão de elas estarem aptas o exercício da função.
Temos agora, um dos resultados dessa prática em forma de livro, um livro financiado com os impostos. Dirigentes educacionais incompetentes escolheram revisores incompetentes e agora, milhares de jovens aprenderão que existem dois paraguais, sendo um deles no lugar do Uruguai. Talvez esses dirigentes da educação, esses responsáveis pela produção e pela escolha final dos livros didáticos, façam parte, talvez sejam já, eles mesmos, conseqüência do que chamei, desde os tempos da ditadura militar, de PNBB, um Plano Nacional de Burrificação dos Brasileiros. Como, personalidades dos tempos ditatoriais e “filhotes da ditadura” (apud Brizola) estão na crista da onda no atual governo, talvez estejamos a viver a continuidade daquele PNBB.
Em tempo: esse processo de cretinização e mediocrização tem sido utilizado nas igrejas, de maneira geral, um dos resultados desse processo é o desajuste do ordinário arquidiocesano de Olinda e Recife e suas práticas e idéias mal organizadas: um verdadeiro aborto.

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