quarta-feira, março 11, 2009

Lutando pela liberdade

Este texto foi publicado no jornal Panorama da Mata Norte, da cidade de Goiana, PE. Um leitor escreveu solicitando que o pusesse aqui.





Tivemos, a poucos dias, a publicação de uma entrevista concedida pelo senador Jarbas Vasconcelos a uma revista de circulação nacional, e, nela foram tocados assuntos que alertaram o mundo político, pois ele tratou da corrupção como prática partidária. Evidentemente os políticos nomeados preferiram ficar calados, talvez por não terem muito a dizer em defesa. E então eu fico a me perguntar: o que isso tem a ver com o meu cotidiano, com o que eu faço nos lugares onde vivo? Como educo aqueles com os quais convivo?

Outro dia vimos que o pai de Dom Hélder lhe disse que ser padre é para servir, não para servir-se. Assim também deviam pensar os políticos, esses co-cidadãos que decidiram dedicar parte de suas vidas para pensar a cidade, a sociedade. Penso, e escuto de muitos políticos, que praticar a política é uma escolha altruísta, uma vez que significa se doar ao serviço da comunidade. Assim, bons padres como Dom Hélder, depois de mais de cinqüenta anos como padre, morrem pobres. Não se utilizaram do poder para seu enriquecimento, para tirar vantagens pessoais para sim nem para os que estão próximo, seja por parentesco, seja por afinidades de idéias. Políticos poderiam fazer um esforço para agir de maneira semelhante.

Uma vez li um documento interessante, no qual o presidente Marechal Deodoro da Fonseca pede um adiantamento de salário ao Ministro da Fazenda para financiar a estada do seu irmão General Hermes da Fonseca, então governador da Bahia, que precisava ir ao Rio de Janeiro para tratamento de saúde. Como o salário do Presidente da República era pequeno, ele solicitou que o desconto fosse feito “na valsa”, em prestações mensais do seu salário. Não havia essa tal verba indenizatória, inventada pelos congressistas em 2003. Assim, fico imaginando como é que alguns políticos hoje, após quatro anos de mandato já possuam riquezas que um trabalhador precise duas vidas para obter. Hoje, um parlamentar, além de seu salário, recebe ajudas diversas e por isso enriquece rapidamente. Dá-me a impressão que eles se servem dos cargos políticos e pouco se importam sobre a população que os escolheu para assumir a responsabilidade de criar leis que facilitem a população a viver melhor e com mais dignidade.

Talvez esse comportamento seja uma questão cultural. Como dizia Joaquim Nabuco o sistema escravocrata formou homens e mulheres que se acostumaram a mandar, e mandar utilizando a violência – esses foram os donos de escravos e são os seus descendentes -; e o sistema escravistas também formou homens e mulheres que quase sempre só atuam sob a ordem dos outros, homens e mulheres que não treinaram nem aprenderam a ser livres. Agora é tempo de construir e caminho da liberdade e esse só existe na medida em que nos educarmos e ensinarmos aos nossos filhos, e a nós mesmos a sermos livres e honestos. Os desonestos, como se diz, não são livres, pois estão sempre com “o rabo preso”.

Se hoje sabemos da existência de tanta corrupção é porque lutamos pela liberdade de expressão parte dos brasileiros aprendeu a dizer o que pensam. Agora é tempo de nos ensinarmos a ser honestos e afastar os pouco honestos da administração de nossas cidades.

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