terça-feira, dezembro 09, 2008

Arte sem ética en-cena corruta

Na semana que o mundo comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tem gente que prefere lembrar a sua destruição celebrando o arbítrio e destruindo a credibilidade da UFPE.

A ciência é uma das muitas realizações humanas e, as relações humanas devem ser construídas honestamente. Infelizmente nem sempre as pessoas são honestas em seus relacionamentos pessoais e sociais. Entretanto, o que permite a vida cotidiana social é a expectativa da honestidade e das ações, o que gera confiança nas instituições. Mas como sabemos essa é uma construção diária. Das pessoas e das instituições.

Nos tempos passados, tempos da aristocracia absolutista, a verdade estava na vontade do rei (nas colônias era a vontade dos senhores “homens bons” [homens de bens]) que determinava o que era a verdade. O processo de mudanças que vem ocorrendo desde o século XVI vem criando e fortalecendo, na prática, a idéia de que a verdade é filha do tempo. Mas como nem sempre temos o tempo necessário para esperar a proclamação da verdade pelo tempo; nesse nosso tempo, que é um período de construção de relações democrática, exigimos transparência nas relações ocorridas no poder público. Houve um tempo em que essas exigências não eram feitas e os cargos públicos eram ocupados por indicações. Mas nesses nossos dias o poder público não pertence mais a um rei ou a um chefe de departamento de uma universidade. Sabemos que não foram poucos os que ocuparam cadeiras de professores mais por suas relações sociais que por suas habilidades em aprender e ensinar. Talvez essa seja uma das razões que levam a nossa produção científica vem a ser mais adjetiva que substantiva.

Por isso a exigência para que a ocupação de cargos seja feita através de concursos públicos. Nos concursos públicos há a possibilidade evitar a corrupção, ou ao menos diminuir a sua possibilidade; precisamos evitar que haja o aproveitamento do poder pelos que ainda não perceberam que o tempo da aristocracia passou.

Quando o Conselho Nacional de Pesquisa pede a todos os pesquisadores que tenham o seu currículo a plataforma Lattes, é com o objetivo de ampliar os espaços de informação e impedir que aproveitadores digam o que não podem provar. Todos os pesquisadores, desde o início de suas atividades, devem ter o currículo lattes atualizado. Assim todos os pesquisadores e cidadãos podem acompanhar o que eles, os pesquisadores, os cientistas estão fazendo em suas áreas de pesquisas e estudos. Isso diminui muito o espaço para que, descendentes espúrios da aristocracia continuem leiloando vagas no serviço público. Especialmente nas universidades federais que são bens e entes públicos.

Isto está sendo escrito porque, neste mês de dezembro, no concurso para provimento do primeiro cargo para professor no recém criado curso de Dança, uma comissão responsável por de concurso público aceitou a inscrição de um candidato que não tinha o seu currículo lattes atualizado, pois ainda não pode dizer que tem o título de mestre, um título necessário para que pudesse realizar a inscrição naquele concurso. E mais, essa comissão, talvez atendendo a solicitação do Chefe do Departamento, aprovou quem não poderia fazer o concurso. Aliás, a princípio, do chefe do Departamento nem estava pensando em não fazer a leitura pública da prova. Alertado da obrigatoriedade, as leituras foram feitas. Mas é impressionante e lamentável que, no primeiro concurso para provimento de cargo de professor no curso de dança da UFPE, a ética, a moralidade está dançando.

Já sabemos que a lisura do concurso foi argüida junto à pró-reitoria. Lamenta-se que professores que deveriam cuidar para que a universidade seja respeitada, esteja colaborando para que se diminua a sua respeitabilidade. Lamenta-se também que essa tentativa de negar o princípio da competência, favorecendo protegido, tenha sido corroborada pelos demais professores daquele Departamento.

Fizeram Mal às Artes, uma péssima coreografia, uma lamentável Arte Cênica.

Um comentário:

Professor Francisco José disse...

É muito triste tomar conhecimento que uma das melhores Universidades do nosso País estão firmando ações e práticas que há muito tempo foram abolidas. Concurso Público é norteado por um Edital de regulamentação que confere normatizações para a realização do mesmo, o que não consigo compreender é como um Universidade permite que um candidato (ainda não portador de mestrado) seja concedido e aprovado em tal concurso. Sou solidário a sua causa Biu e fico muito estarrecido da conduta proselitista da UFPE.

Francisco José, Cachoeirinha/PE