sábado, maio 31, 2008

Emoções comuns e surpreeendentes da semana

Semana cheia de emoções esta que está a terminar.

Algumas foram simples e cartársica, como a classificação do Sport Club do Recife para a final de um dos campeonatos pebolísticos que ocorrem no país. Os barulhos nos acompanharão por algum tempo e, todos esperamos, valha ao futebol pernambucano o título nacional.

Outra emoção, quase surpreendente, foi nos dada pelos deputados do Rio de Janeiro que, por decreto, anularam uma prisão determinada pela justiça. O beneficiado é um dos deputados daquele Estado da Federação, acusado de participação em quadrilha que assaltava assaltantes e assaltados na Cidade Maravilhosa e adjacências. Digo “quase surpreendente” pois está ficando difícil surpreender-se com ações como essas, uma vez que os parlamentos estão quase completados por sujeitos processados em diversas instâncias judiciais, por motivos diversos. Um exemplo de significância maior nos é dado pela Câmara Federal que pôs na presidência do Conselho de Ética um deputado com mais de quatro processos em andamento. Creio que emoções nos aguardam quando soubermos, algum dia, os motivos que levaram os deputados fluminenses a agir tão rápidamente na defesa do colega. Claro que estou a referir-me ao coleguismo parlamentar e não ao da infração legal.

Esse acontecimento mostra que o Brasil é um país com duas constituições: uma para os ricos, possuidoress de poder econômico, título universitário, mandato parlamentar e assemelhados. Estes não podem ser presos e, se forem, devem ter prisão especial e não podem ser constrangidos com a presença de algemas ou algo que denuncie ao público o ato falho dessas autoridades. A outra constituição é aplicada ao brasileiro comum, que não tem título universitário, é pobre e não possui mandato parlamentar ou assemelhado, e paga impostos. Estamos vendo que o Brasil ainda está na primeira metade do século XVIII. O Iluminismo e as revoluções democrático-burguesas estão para serem completados.

Outra emoção, louvada por todos que já vivem as belezas trazidas pelo Iluminismo e pelas revoluções burguesas foi a decisão do Supremo que determinou a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco. Esta decisão, dizem que nos aproxima dos países de “primeiro mundo”. Também nos aproxima daquele mundo a declaração de agências de investimento. Já somos BBB+, o que nos torna confiável para os nossos primos ricos do hemisfério norte. Lá, onde os ideais iluministas são vividos em sua maior parte, os ricos são presos, os deputados não possuem legislação especial que os prive dos julgamentos da justiça quanto a crimes comuns; também lá o saneamento público, a educação pública de boa qualidade é acessível à quase toda a população, então chamada de cidadão e não apenas consumidores, como se costuma dizer nos países de iluminismo mitigado. Vamos avançar na pesquisa das células-tronco, no combate ao mosquito da dengue, à tuberculose, à lepra, á diarréia, à desnutrição, e outras doenças de pobre.

Outra emoção que vivi foi participar como assistente da posse da professora Socorro Ferraz Barbosa na diretoria do Centro de Filosofia e Ciências Humanas. O protocolo foi interessante e ilustrativo, apresentando as raízes coimbrãs de nossa UFPE. Belos discursos e ampla participação de todos os segmentos do CFCH.

Hoje à noite estarei em uma rua de Nazaré da Mata, em frente à Associação das Mulheres de Nazaré da Mata - AMUNAN -, entidade que comemora vinte anos de trabalho de conscientização contra a violência sofrida pelas mulheres da região da Mata Norte, mas que também luta contra o complexo de “vitimização” que aliena e escraviza os seres humanos. Hoje à noite estará sendo posto á venda o disco compacto – Cd – do Maracatu Coração Nazareno, um Maracatu de Baque Solto formado apenas por mulheres. O disco foi gravado no Estúdio Mestre Duda, do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança. Vai ser uma festa. Quem quiser comprar o disco, pode escrever para mim, ou me procurar em minha sala no 11º andar do CFCH, na cidade universitária. O mesmo vale para o disco de Biu do Coco e para o meu livro MARACATU ESTRELA DE OURO, A SAGA DE UMA TRADIÇÃO.

segunda-feira, maio 26, 2008

contador de histórias

É do saber de todos que acompanham este blog que estou participando, como um dito assessor pedagógico, do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança. Os pontos de cultura existem em todo o país, sendo um programa do Ministério da Cultura. Tal programa se propõe a animar os lugares e as pessoas que sempre produziram cultura neste imenso país, mas jamais contaram com apoios oficiais. Esses lugares, para onde convergiam os mais pobres com o objetivo de buscarem diversão e, um pouco sem saber, manterem as tradições de seus avós. Ora, à medida que o programa avançava, apareceram problemas que seus idealizadores não imaginaram. Como era um programa em que o governo federal estava colocando dinheiro, muita gente começou a inventar ponto de cultura. Esse foi um deles. Outro problema é que a cultura que os pontos de cultura sempre cultivaram, era uma cultura dos iletrados, mas para poder participar dos incentivos ofertados pelo governo federal, era necessário preencher uma porção de questionários, fazer planilhas de custos, etc. Apenas os pontos de cultura que por sorte encontraram alguma assessoria puderam logo entrar no programa governamental. Esses são alguns problemas de ordem prática que podem e vêm sendo resolvidos. Mas há outros problemas.

A cultura brasileira é formada por diversas matrizes culturais, étnicas e religiosas.

Uma matriz juntou dinheiro, religiosidade, poder de armas e passou a comandar outras matrizes. Essa matriz é dominantemente européia e, embora mestiça nas suas origens, tem sido classificada como branca e predominantemente católica. Mas nem todos os brancos são católicos, nem todos os brancos são ricos. Há brancos pobres, há brancos menos brancos por seus antepassados terem se relacionado sexualmente com índios e ou com negros, além de terem se relacionados com os já mestiços, pois esses se fizeram desde as primeiras décadas da ocupação e colonização portuguesa. Há brancos praticantes das diferentes Umbandas, dos diferentes Espiritismos, há brancos ateus (se bem que esses são poucos encontrados entre os mais pobres, indiferente da sua pigmentação).

Além dos brancos há os negros. E nós sabemos que nem todos os negros são pobres, embora entre os pobres haja muitos negros e mestiços de negros, uma vez que não dá para pensar que, os homens e as mulheres negras tenham, no passado e no presente, escolhido preferencialmente outro negro ou negra para dar alegrar a sua vida sexual Alguns há que são ricos, e não de fortuna recente. Também pode ser dito que eles ficaram um pouco branco, pois à medida que foram enriquecendo, as gerações foram mantendo relações com brancos, estes talvez em processo de empobrecimento. E há negros que estão saindo da pobreza e vivendo na classe média. Também há negros que são católicos, negros que são Reformados (batistas, luteranos, anglicanos, presbiterianos) Evangélicos (Assembléia de Deus, Brasil para Cristo, Deus é Amor, Evangelho Quadrangular, etc.). Já tem negros vivendo na religiosidade Mórmon e há muitos seguidores da Igreja Universal do Reino de Deus. E podemos encontrar negros entre as Testemunhas de Jeová. Ou seja, nem todos os negros – pobres ou ricos – são cultuadores dos Orixás.

O primeiro grupo que viveu no Brasil, quase sempre deixado para o fim, é nativo, o índio. Ele poderia ser classificado de amarelo, embora sua cor seja variável, tanto hoje quanto no passado. Esse grupo foi totalmente alijado do projeto social que formou o Brasil. Mas ele está presente e, há os que vivem nas florestas, sob a supervisão (proteção, talvez) tanto do governo qaunto de missionários católicos ou protestantes em entre esses, há os de diversos matizes. Mas além desses que vivem distante (fisicamente) do mundo dos “brancos” (parece que para os índios quem não é índio é brancos, não importa a matiz que colore a epiderme), tem os que vivem em contato mais direto com o mundo da cultura civilizada. Esses estão enculturados e formaram o que se chamou até pouco tempo de caboclo. Mas esses têm sua religião que é dupla, eles são cristãos e mantém as crenças que cultivam desde antes dos portugueses virem com os seus deuses e os negros escravizados também viessem com suas fés. Grande parte desses caboclos está ligada à Jurema, aos deuses das suas matas, e dividem as suas matas com os deuses que vieram das savanas e das florestas africanas.

Eu não sei, mas deve haver ponto de cultura nas regiões de colonização polonesa, alemã, italiana, japonesa. São tantos os pontos de cultura não oficiais!!!!

Mas tudo isso é para dizer minha inquietação sobre a Ação Griô, a dos contadores de histórias. Da África vieram os contadores, embora aqui o que não falte é contador de história, da história do seu lugar. Em um país de analfabeto as histórias são contadas, não são escritas. E o que é mais interessante é que quando se conta uma história se passa uma cultura. Fico pensando a razão de uma metodologia africana, se eu sei que com a metodologia vem o conjunto da cultura. Fico pensando como seria interessante utilizar as metodologias aqui foram criadas, porque assim as a gente – eu e a nossa gente – veria que um povo que surgiu em luta de quinhentos anos já tem alguma coisa para ensinar.

Outro dia fiquei encantado com um escocês que estava encantado com o jeito de viver e ensinar cultura nos canaviais. Tinha de tudo, tinha de todos. Todos os santos, todos os anjos, todos os deuses, os deuses protetores, os que aconselham, os que curam, os que limpam as estradas, os que fecham os caminhos. Havia um acolhimento sem exclusão, sem imposição. Sentiu-se em casa.

Em tempo: programas governamentais não devem promover qualquer religião, pois o Estado é Laico.

sexta-feira, maio 23, 2008

Os Caminhos de Goiana

Os Caminhos de Goiana[1]

Severino Vicente da Silva[2]



Os pés, essas extremidades que suportam nossos corpos em movimentos e sempre estão dispostos a levar-nos pelas ruas, ladeiras, calçadas que formam a cidade onde nós vivemos; esses pés que nem sempre lembramos deles, exceto quando nos dizem cansados, eles estão intimamente conectados ao nosso cérebro. Os caminhos que eles percorrem não o fazem por seu próprio discernimento, mas porque são impulsionados por vontades e desejos definidos nas sinapses elétricas que ocorrem no interior de nossa cabeça. E nosso cérebro carece de informações que lhe são dadas pelas outras partes do corpo. Olhos, mãos, pele, narizes, orelhas, pelos, todos esses são receptores de informações e as enviam ao cérebro. Assim, quando os pés tocam as calçadas, as informações guardadas em partes de nosso cérebro nos lembram que elas foram ali colocadas por gerações anteriores. Rapidamente somos levados a pensar que o espaço onde nos locomovemos são espaços criados por outros que não nós. Mas enquanto andamos nesses espaços, deixamos, por nosso trabalho, modificações que serão percebidas por outros.

Nas ruas de Goiana há espaços que existiam muito antes de nossa geração. Na nossa coluna de hoje, vou transcrever algumas linhas do historiador e embaixador Evaldo Cabral de Mello. Elas tratam do passado que talvez muitos “esqueceram” porque se lembram de outros eventos. As lembranças que temos de nossas vidas são repletas de esquecimentos, também. Leiamos algumas lembranças que já esquecemos:

No século XVIII, a mata norte já adquirira a fisionomia própria que lhe dava uma relativa diversificação econômica, baseada na pesca, na farinha, no fumo, na cal, nos cocos, utilizados na manufatura de cordagem, no sal, indispensável à salga da carne e ao tratamento dos couros do sertão, na lenha de mangue, cujo tanino constituía matéria prima dos curtumes recifenses. Em toda a costa entre Olinda e a foz do Goiana, habitava uma população livre cuja densidade surpreendia os viajantes, especialmente em Itamaracá, parte mais populosa da província, com exceção do Recife e cercanias. Quadro oposto aguardava a quem jornadeasse pela marinha do sul, que permanecia o quintal da economia canavieira, uma franja ininterrupta de sítios de coqueiros e manguezais(...)

No livro A outra independência, Evaldo Cabral de Mello continua se reportando às estreitas relações da mata norte com o Agreste e Sertão. Goiana, segundo núcleo citadino da província, combinava a facilidade das comunicações flúvio-marítima para o Recife com a condição de porta do sertão, o que lhe permitia competir vantajosamente com as capitais das províncias vizinhas. Bom Jardim e Limoeiro serviam de entreposto para o algodão e os couros procedentes daquelas áreas e para os produtos que a demandavam. Rumo à feira de Goiana, as boiadas desciam desde o Piauí para o abastecimento do Recife e da mata.

Essas palavras as coloco aqui para que, andando no nosso antigo porto flúvio-marítimo, comecemos a repensar sobre essa tal obrigatoriedade de sermos região de monopólio da cana. Uma das razões da grandeza passada de Goiana foi a sua diversidade econômica, utilizando os espaços geográficos que foram sendo criados. Foi essa importância econômica que permitiu a Goiana influenciar os destinos de Pernambuco na Convenção de Beberibe, de outubro de 1821. Seria interessante que nossos professores de história se dedicassem um pouco mais a estudar os acontecimento do século XVIII e XIX em Goiana.

[1] Escrito especialmente para A PROVÍNCIA, Goiana, 5 de maio de 2008.
[2] PHd em História do Brasil pela UFPE, Professor adjunto do Departamento de História da UFPE, Assessor do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança.

segunda-feira, maio 19, 2008

Usina Cultural e mais duas crias

Usina Cultural Estrela de Ouro apresenta duas novas "crias"

Produzidos em estúdio na zona rural da Mata Norte pernambucana, dois álbuns serão lançados até o final do mês. O primeiro evento festivo está marcado para quinta-feira, 22 de maio, e conta com presença de Célio Turino, secretário de programas e projetos culturais do MinC.

Graças ao recém-instalado Estúdio Multimídia Zé Duda, dois grupos de cultura popular puderam produzir integralmente seus álbuns de estréia. Arrochando na umbigada, do Coco Popular de Aliança e A rosa do maracatu, do Maracatu Leão Nazareno são mais recentes produtos fonográficos da Usina Cultural Estrela de Ouro, o mais recente projeto do Ponto de Cultura Estrela de Ouro.

Para comemorar o lançamento, os grupos promoverão shows com entrada franca, nos dias 22 (quinta-feira) e 31 de maio (sexta-feira). Os CDs estarão à venda ao preço de R$ 15 durante os shows e pelos telefones da produção. Em breve, estarão nas lojas especializadas. O projeto tem a Produção de Afonso Oliveira, e conta com o patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura / Fundarpe / Governo do Estado e do Ministério da Cultura – Minc, através do programa Cultura Viva.

Arrochando na umbigada será lançado na próxima quinta (22), às 20h, no terreiro do sítio Chá de Camará (sede do Ponto de Cultura), zona rural do município de Aliança (a 75 km do Recife). A festa conta com show gratuito do Coco Popular de Aliança, mais participação do Caboclinho 7 Flexas de Goiana e do Maracatu Leão Nazareno. Outros convidados especiais do evento são o secretário de programas e projetos culturais do MinC, Célio Turino, e do poeta e jornalista TT Catalão.

Por sua vez, o álbum A rosa do maracatu, do Maracatu Coração Nazareno é uma parceria do Ponto de Cultura Estrela de Ouro com o projeto A rosa do Maracatu, de Valéria Vicente. A festa de lançamento será na sexta-feira, dia 31 de maio, na cidade de Nazaré da Mata, a 65 km do Recife. A festa será na Sede da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata - Amunam, situada na Praça do Estudante de Nazaré. Desta vez, é o Coco Popular de Aliança quem será recebido como convidado especial. Também confirmaram presença os mestres Zé Duda e Luiz Caboclo (Maracatu Estrela de Ouro), João Paulo (Maracatu Leão Misterioso) e o Caboclinho 7 Flexas de Goiana.

O registro da produção musical contemporânea da Zona da Mata Norte de Pernambuco através dos próprios protagonistas é um dos objetivos do projeto Usina Cultural Estrela de Ouro, cujo último lançamento foi o CD do grupo Caboclinho 7 Flexas. O projeto realizado pelo Ponto de Cultura Estrela de Ouro pretende estruturar esse centro cultural situado na área rural do município de Aliança, de forma a transformar em produtos culturais os saberes impressos na vida dos habitantes da região. Para tanto, além do Estúdio Multimídia Mestre Zé Duda (assim batizado para homenagear o líder do Maracatu Estrela de Ouro), o local conta com biblioteca, escritório de projetos, salas de aula e telecentro.

"O que se faz aqui difere das inúmeras usinas de cana-de-açúcar da região porque sua matéria prima é a cultura popular; os produtos são CDs, livros, DVDs, aulas-espetáculo, oficinas de criação e organização de turnês e festivais", explica o produtor cultural Afonso Oliveira.

COCO POPULAR DE ALIANÇA –Quem foi ao Festival Canavial 2007 viu um grupo de coco arrepiar e fazer o povo dançar até sol nascer. O Coco Popular de Aliança é assim: contagia na primeira música com a força do coquista Severino José de França, mais conhecido como Mestre Biu do Coco. Há dez anos ele está à frente do grupo, que já mostrou sua música no Rio de Janeiro, São Paulo e até na França. Com direção musical de Climério Oliveira, o CD de estréia promete levar o Coco Popular para outros universos da música criando possibilidades de intercâmbios. Na época de gravação, o Poeta TT Catalão, radicado em Brasília e que vem ao lançamento do CD, escreveu uma poesia a Mestre Biu. Leia um trecho:

sem ceder, chega ao CD, pela força
da sua sina, ele e suas meninas,
desencarna desencana desenrama
sol facão palha bagaço palma da mão
e canta: na terra de tantos bius
esse é um na diferença da arte
pra mais de mil

MARACATU CORAÇÃO NAZARENO – Atualmente contando com 52 integrantes, o Maracatu Coração Nazareno é o único grupo brasileiro de maracatu de baque solto exclusivamente formado por mulheres. Lideradas pela Mestra Gil, o grupo é mantido pela Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam). É através desta expressão cultural que as mulheres do município de Nazaré da Mata possibilitam a formação de agentes culturais, e garantem a continuidade desse folguedo popular para novas gerações. Através de oficinas de artes, as adolescentes, jovens e mulheres da Amunam confeccionam toda a indumentária e adornos necessários para o desfile do maracatu. No pregar das lantejoulas, as mulheres discutem os motes a serem cantados nas apresentações. As principais temáticas são loas que levam a refletir sobre cidadania, gênero e violência. O Maracatu Coração Nazareno é umas das formas mais eficazes encontradas pela Amunam para levar a delicadeza, a leveza, feminilidade e a força da mulher a um ambiente formado prioritariamente por homens.

Também estarão a venda dos livros:

MARACATU RURAL: o espetáculo como espaço social. autoria de Valéria Vicente

JOÃO, MANOEL, MACIEL SALUSTIANO: Três gerações de artistas populares recriando os folguedos de Pernambuco. Autoria de Mariana Mesquita do Nascimento

MARACATU ESTRELA DE OURO DE ALIANÇA: A saga de uma tradição. Autoria de Severino Vicente da Silva

sexta-feira, maio 16, 2008

Pensamentos soltos

Fiquei parte da manhã pensando se devia por neste espaço alguma reflexão sobre o que ouvi ontem e confirmou-se. mas como esse é um espaço que criei para pensar em voz alta, terminei por colocar aqui, como sempre, o que vai na minha mente.

Os bancos lucraram, nos seis anos do governo Luiz Inácio da Silva, mais que nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso. Considerando que se dizia que FHC era capacho da banca internacional, o que dizer do operário que chegou ao poder? A Carta aos Brasileiros, aquela em que Lula garantiu aos banqueiros internacionais que seguiria a política de FHC, já definia o que seria o governo de quem é capaz de demitir um ministro da educação por telefone.

Qualuqer dia desses ocorrerá com os bancos no Brasil o que só ocorria com os bancos das praças: terminam por excesso de fundos.

Outra notícia é que 75 % da riqueza produzida no Brasil está em poder de 10% da população. Mais ainda: os mais pobres pagam mais impostos que os mais ricos. Mais ainda: a concentração de renda no Brasil, hoje, é maior do que a concentração de riqueza durante a ditadura dos militares e mesmo no período anterior. Mais ainda: a concentração de renda aumentou nos últimos cinco anos. Tudo isso é informação que está nos jornais do dia. Mas, como dizia música famosa de Caetano Veloso: “quem lê tanta notícia?” que se importa com isso? Afinal, parece que vão fechar a delegacia da justiça de trabalho na cidade de Floresta, sertão de Pernambuco, porque não há reclamações trabalhistas na região. Esse é um país de patrões conscienciosos e de um povo que não reclama das condições de trabalho.

Em compensação tem bolsa família que aumenta o consumo. Esse pessoal deveria voltar a ler o que Rosa de Luxemburgo disse sobre socialismo de consumo, analisando a situação dos cristãos descrita nos Atos dos Apóstolos.

quarta-feira, maio 14, 2008

Desigualdades ministeriais

O Ministro da (des)Igualdade Racial, Edson Santos, está correto quando diz que a abolição da escravatura é uma obra incompleta, o que todos os leitores de Joaquim Nabuco sabem, pois ele disse essa verdade há muito tempo. Acerta o ministro quando repete o que dizem aqueles que sabem. Era o ministro quando afirma que os “negros brasileiros que, retirados de sua terra natal, sem possibilidade de retorno, depararam-se com uma nação construída com o seu trabalho, mas que não os aceita”. São muitos os erros dessa frase, publicada no “em questão” de 13 de maio de 2008.

Um deles é dizer que os os “negros brasileiros foram retirados de sua terra natal” Os brasileiros negros não foram tirados de sua terra natal, eles estão em sua terra natal; africanos é que foram tirados de sua terra natal e trazidos pelos portugueses para esta terra que se tornou Brasil.

Outro erro é dizer que os africanos que aqui chegaram “depararam-se com uma nação construída com o seu trabalho”. Como aqui chegaram e já encontraram uma nação construída com o seu trabalho? Trabalharam na construção dessa nação antes de chegar, os africanos? Já havia uma nação construída? Julgava, eu e muitos brasileiros, que o Brasil foi construído com o trabalho de quem aqui estava e do trabalho de quem para aqui veio. Além do mais, o Brasil como nação é resultado desses encontros, nem sempre felizes nas suas relações; e o Brasil, enquanto Estado é, de 1815.

Falácias como essas, ditas por quem autoridade no Brasil, são irresponsavelmente ditas, perigosamente ditas criam confusão entre os brasileiros. Elas mostram que essas autoridades não comungam com a história do povo brasileiro, parecem querer fazer uma outra nação, negando as demais partes, os demais grupos sociais e culturais que fizeram, que fazem e continuam fazendo a Nação brasileira.

Nação não é uma coisa que se encontra, caro ministro, nação é algo que constrói, ou se destrói para outra construir. Foi assim que a nação lusitana se viu diminuída em sua geografia e sua população quando um grupo de portugueses desse lado do oceano não se viu mais português e foi assumindo ser nação brasileira. Uma nação imperfeita em muitos aspectos, mas que os brasileiros queremos aperfeiçoa-la, não excluindo, como se fez no passado e, lamentavelmente se faz ainda hoje; mas a queremos esta nação cada vez mais inclusiva, mais brasileira. Talvez menos portuguesa, talvez menos africana, talvez menos tupi, mas sempre mais brasileira, sem negar que todos temos essas origens matrizes: tupi, lusa, africanas.

terça-feira, maio 13, 2008

O Treze de Maio -1888 -2008

Desde criança fui ensinado a celebrar a data Treze de Maio. Na Igreja, era a celebração da aparição de Nossa Senhora, em Fátima, a três crianças camponesas, em Portugal. No quarto onde dormia com meus irmãos havia um quadro com as crianças olhando para aquela Senhora e ela olhando carinhosamente para elas. Na escola, o Treze de Maio era para festejar o fim da escravidão no Brasil, a edição da Lei Áurea. Ainda nos dias de hoje celebro as duas referências, pois ambas são parte de minha herança e de minhas escolhas.

O Treze de Maio mais social, o fim da escravidão no Brasil, vim a compreender, depois dos dezesseis anos de idade, que faz parte da minha família. Meus bisavôs paternos eram escravos. Viviam em algum engenho da região que os geógrafos dizem ser a Mata Norte desde os anos quarenta do século passado. Aquela foi uma região em que a cana de açúcar dividia os espaços com outras culturas, o que favoreceu o estabelecimento de sítios, e de uma economia que recebia moradores nos engenhos. Foi essa a saga de minha família. Começou como escrava e depois moradora de engenho.

Meu avô paterno, José Vicente, casou com uma mulher que era mestiça, índia e branco, conforme posso notar em seu rosto que ficou para mim em fotografia, o rosto de Maria Florinda. Assim meu pai, João Vicente, nasceu fenotipicamente branco. Cresceu como menino de engenho, não o da varanda, mas o que trabalhava no eito. O tempo, a inteligência, a sagacidade o fizeram sair da enxada e ir para o balcão de comércio e o trouxe para a capital com a família, formada com Maria Ferreira, de ascendência mestiça de índia com branco. Seus filhos nasceram resumindo toda essa tradição biológica que se juntou à tradição cristã. Mas a tradição cultural cristã européia não abandonou a tradição dos chás, das ervas, das “crendices” de quem veio das matas e das senzalas. Assim, com essa história, celebro a alegria que meus antepassados viveram ao saberem-se livres. Os limites iniciais dessa liberdade não puderam ser mantidos, como atesta a trajetória de seu José Vicente, seus filhos e netos. Celebro, no Treze de Maio, as festas que ocorreram nos engenhos da Mata Norte e nos engenhos da Mata Sul, em uma delas estavam meus bisavós; celebro as festas que ocorreram na cidade do Recife e nas demais cidades litorâneas. Por mais limitada que possa ter sido o que foi conquistado em maio de 1888, ele foi a continuação de um início, talvez mais longínquo. Não posso negar a alegria de meus antepassados, ainda que pequena que me possa parecer. Pequena para mim, que já nasci com horizontes mais largos que eles, mas foram os seus horizontes diminutos, os seus pequenos passos iniciais no imenso sonho da liberdade, as bases de minhas correrias livres e do futuro que, a partir deles, continuam auxiliando a criar para os seus descendentes e os descendentes dos seus colegas de senzala. Celebrar o Treze de Maio é celebrar a alegria de meus bisavós que já tiveram seus filhos livres. Mas sei que devo continuar a luta para que a nossa liberdade seja mais plena, embora eu saiba, como aprendi com o filho da Senhora de Fátima, a liberdade é bem maior do que eu e minha geração possamos construir.

Ainda estamos no alvorecer da humanidade, mas ela é construída aos poucos. E sua construção não é uma questão de grupos, seja de que forem. Nenhum homem é livre sozinho, nem um grupo encontra a liberdade se não constrói com todos os homens e mulheres. E todos os homens e mulheres são tão coloridos que é uma loucura escravizar a liberdade são para uma cor de pele. Esse erro levou meus antepassados ao cativeiro. Não quero mais cativeiros, que todas as paredes caiam, não quero paredes transparentes, pois o vidro é transparente, mas exclui, não deixa o vento passar.

segunda-feira, maio 12, 2008

Ciclones e céu estrelado

A semana passou com a velocidade de sempre, embora o conjunto de atividades realizadas nos dê a impressão que o tempo seja ser cada vez mais escasso. Nesse diapasão da vida moderna, do acúmulo de conhecimento de fatos, não dos fatos, pois esses sempre existiram, embora o ignorássemos, quase não conseguimos entender os acontecimentos. Enquanto um vendaval destruía vidas na antiga Birmânia, um ciclone atingia estados do sul do Brasil, um outro tipo de catástrofe atingiu professores e escolas formadoras de professores. Um concurso para selecionar novos docentes, talvez feito com maior rigor, com uma exigência grande para um exíguo período de tempo a ser utilizado para resposta, demonstrou que uma enormidade de candidatos não ultrapassou o ponto de corte na prova de língua portuguesa. Um clamor. De um lado grupos reclamando do pouco tempo para responder às questões, gente dizendo que as provas foram organizadas com o objetivo de desmoralizar a “classe” dos professores, que a imprensa se levantou contra a “classe” dos professores; de outro lado os organizadores demonstrando que se faltava professores nas escolas é porque não havia profissionais capacitados para assumir as funções de magistério. Assim continuará, o Estado de Pernambuco – que paga os salários mais baixos do país aos desavisados que pretendem ser professores - contratando estudantes por contrato temporário. Como desenvolver uma política pedagógica com professores que são substituídos a cada dois anos, é algo que só os responsáveis pela pedagogia e a didática no Estado de Pernambuco sabem. Este é o grande segredo!!!!!

Notamos que ficaram em silêncio profundo, as instituições que concederam diplomação e licença de ensino a quem não ultrapassa o ponto de corte – 6.0 – na prova de língua portuguesa. Há um grande silêncio em torno dessa questão. Em quase todos os cursos de graduação – ou todos – a nota mínima para a aprovação é 5.0. Exigir que alguém, para ensinar seja o candidato capaz de, em prova de valoração de 0 a 10, saiba 60%, é um absurdo, uma vez que as faculdades só exigem 50%.

Neste final semana estive na Chã de Camará, situada em Aliança, para o lançamento do livro Maracatu Estrela de Ouro de Aliança: a saga de uma tradição. Foi uma festa surpreendente. Não tivemos energia elétrica das 17 às 21 horas, o que nos deu a oportunidade de socializar à luz da lua e dos brilhos das estrelas embelezadoras da noite. Afinal as estrelas deviam estar presentes na festa da Estrela de Ouro.

A maioria dos presentes era gente do canavial, moradores dos povoados, caboclos e caboclas. Mas havia pessoas de Goiana, Condado, Nazaré da Mata, Tracunhaém. Recife, Olinda. Cada caboclo de lança, cada baiana, cada dama de paço, cada músico, o bandeirista, o rei a rainha, cada componente do Maracatu recebeu um exemplar o livro. Receberam em letras o que seus pais e eles mesmos escrevem com suor e transformam em alegria. Alegria deles próprios quando dançam e alegria espetacular para os têm o privilégio de vê-los dançar. Maior privilégio tive eu de com eles escrever a sua história e por à disposição deles e toda a sociedade, este livro. Isto feito no terreiro, no mesmo terreiro em que o Mestere Batista criou o Maracatu Estrela de Ouro. Mais ainda, lá estavam presentes pessoas que participaram da criação.

Sob a proteção das estrelas e na presença do Mestre Batista, e também com a presença de Rafael Aimberê, meu neto, dos meus filhos, genros e nora, tive uma das mais belas noites de minha vida, brincando em terreiro de homens livres, a liberdade da dança. Assim foi até às duas da madrugada, quando um orvalho com jeito de chuva fina nos mandou descansar.

quarta-feira, maio 07, 2008

Auxlío funeral e a liga dos deputados

Nos anos cinqüenta do século passado, um dos mais interessantes capítulos da história do Brasil teve início com a criação de uma sociedade, no engenho Galiléia, ali, em Vitória de Santo Antão, PE, com o objetivo de garantir um enterro cristão aos tão explorados trabalhadores rurais. A situação era tão brava que havia um caixão de fundo falso que, após colocar o corpo na cova, era reaproveitado para o próximo morto. Dessa sociedade se formou a Liga Camponesa do Engenho Galiléia que, com a assistência judicial do Deputado Estadual Francisco Julião, garantiu a primeira desapropriação de terras, no governo de Cid Sampaio.

Essa situação de penúria da população levou o INPS – INSS - , órgãos de nomes e objetivos de assistência social, estabeleceram o auxílio funerário. Parece que o governo federal acabou com esse benefício para a população. A distribuição de caixões e auxílio às família enlutadas tem garantido eleições contínuas ao Sr. Newton Carneiro, atual prefeito de Jaboatão dos Guararapes. A miséria do povo é sempre resultado da riqueza do “não povo”.

Essa discussão minha é causada pela morte de um deputado federal, ocorrida recentemente. Parece que os ganhos de suas excelências não são suficientes para que, com o seu falecimento a família possa garantir um funeral decente. Assim é o que pensa o Chinalagia (nome muito próximo), presidente da Câmara dos Deputados, pois ele estabeleceu, a partir de agora, uma verba de auxílio funerário para os deputados federais, algo em torno de R$ 16.000.00. Assim, chinaglia zomba da canalha.

Essas verbas estabelecidas para garantir apoios, ganhar risos, só são criadas, talvez, porque o orçamento da Câmara Federal, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais, esteja sobrepensado. Sabemos que o exemplo canalha do Chinaglia irá frutificar nos espaços dos 'representantes” do povo. Vamos ver o que dizem os deputados federais por Pernambuco, veremos se eles assumiram mais este escárnio contra o povo.

No mais, meus pêsames à família do deputado morto recentemente que, embora tenha sido a suave inspiração do chinaglia, não recebeu os benefícios dessa lei altruística e cheia de “sentimento cristão”. Mas, atenção, essa repetição da história, é capaz de esses deputados, sob a liderança do petista chinaglia, derem início a uma nova Liga, não camponesa ou campesina, mas safadina, a liga dos safados , daqueles que se safaram dos sofrimetnos causados ao bolso pela morte de um ente querido. Pode haver uma revolução ítalo-brasileira em curso.

segunda-feira, maio 05, 2008

Lançamento do MARACATU ESTRELA DE OURO DE ALIANÇA: A SAGA DE UMA TRADIÇÃO

Aproximando-se o final do século XX fui me aproximando do Maracatu Estrela de Ouro, da cidade de Aliança, que dista 83 quilômetros, ao norte do Recife, na Zona da Mata Norte, a chamada Mata Úmida, que difere historicamente da Mata Seca, que fica ao sul do Recife. Essa minha aproximação foi, como se costuma dizer: um caminhar para as fontes, para as raízes. Então encontrei mestres da cultura do meu povo, de brincadeiras das infâncias de meus pais e também da minha. Redescobri, estou redescobrindo o que sou e como fui sendo feito, animal cultural.

O Maracatu Estrela de Ouro me pôs desafios. Respondi um ajudando ao auxiliar organizar o Ponto de Cultura, o que me deu a oportunidade de escrever Festa de Caboclo: um livro que pretende indicar as origens do maracatu de baque solto na palavra de quem o fez e o faz e, ao mesmo tempo ser uma introdução interpretativa dessa nossa bela tradição cultural.

Agora , de pois de ter vendido mais de mil exemplares de Festa de Caboclo, o Maracatu Estrela de Ouro de Aliança e a Edição REVIVA, publica a concretização de um outro pedido do povo da Chã de Camará – esse é o nome do sítio onde foi fundado o Maracatu Estrela de Ouro. Contar como nasceu e cresce o mais importante maracatu da Zona da Mata Norte. Zé Lourenço, presidente do Maracatu Estrela de Ouro pediu que fosse contada a vida de Severino Batista, o Mestre Batista, fundador do Estrela de Ouro. Assim nasceu o livro que conta não apenas a vida do mais importante mestre da cultura popular da Mata Norte, mas a história do Município de Aliança, a saga dos maracatuzeiros desde o avô de Mestre Batista, ainda no final do século XIX. Esse livro conta que a diversidade econômica da Mata Norte permitiu a criação dos brinquedos populares que marcam a história de Pernambuco; este livro conta essa história dizendo os nomes dos artistas que plantam mandioca e fazem farinha, plantam a cana e nem sempre podem comprar açúcar, mas adocicam nossa história no movimento de suas - nossas - danças.

Neste sábado – 10 de maio, vamos fazer a entrega oficial do meu mais recente livro MARACATU ESTRELA DE OURO DE ALIANÇA: A SAGA DE UMA TRADIÇÃO, no terreiro da sede do maracatu Estrela de Ouro, no Sítio Chã de Camará, na zona rural do município de Aliança, na margem da rodovia PE – 62. Vai ter desfile do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, apresentação do Cavalo Marinho Mestre Batista e o Coco Popular de Aliança. A gente começa às 19 horas, mas pode chegar mais cedo.

Todos estão convidados a participar, dançando, amando, comprando o livro e querendo bem.

sexta-feira, maio 02, 2008

Um seminário sobre Dom Hélder

Recebi convite para participar, com uma pequena conferência, no Seminário Nacional O Século de Dom Hélder: Cristianismo e Construção da Cidadania no Brasil, ontem e hoje, que tem o Patrocínio da CNBB NE2, do Instituto Dom Hélder Câmara, da Universidade Católica de Pernambuco e da Arquidiocese de Olinda e Recife. Fiquei satisfeito pela lembrança do Comitê organizador, na pessoa do Prof. Dr. Luiz Carlos Marques, que me dá a oportunidade de apresentar um resumo de minha tese doutoral Entre o Tibre e o Capibaribe, sobre os limites da igreja progressista na Arquidiocese de Olinda e Recife. publicada (600 exemplares) recentemente pela Editora da UFPE e a Editora REVIVA, com o apoio da Pós-Graduação em História do Departamento de História da UFPE, a obra praticamente encontra-se esgotada, em menos de um ano, apesar de sua pequena divulgação.

Oportuníssimo esse Seminário sobre Dom Hélder Câmara que, embora de morte recente, já é um desconhecido para muitos jovens da geração mais recente. Melhor talvez fosse dizer desconhecida dessas novas gerações, vez que a ânsia por novidades, tantas vezes supérfluas, não permite que se guarde a memória de todos. Em verdade, já o Quoelet nos lembra que adolescentes famosos em seu tempo são desconhecidos para a geração que lhe segue. A vida de Dom Hélder, após os seus primeiros vinte anos confunde-se com o projeto e a história da Igreja Católica no Brasil. Em um primeiro momento sua participação foi de coadjuvante, depois, esteve na liderança do processo. Poucos brasileiros, clérigos ou não clérigos, influenciaram os destinos de parte da humanidade como o fez o ex-arcebispo de Olinda e Recife.

Pelo que lemos na programação, podemos verificar que, não poucos intelectuais que ali estarão presentes, mantiveram algum contato com os trabalhos do Dom, dele recebendo, diretamente ou indiretamente, os eflúvios de seus entusiasmos, sempre jovens, ainda quando avançado em idade. É esse o caso Dom Antonio Muniz Fernandes, OCarm., Arcebispo de Maceió, Dom Genival Saraiva de França, foram alunos do Instituto de Teologia do Recife, obra pensada e posta em prática por Dom Hélder, colegiadamente com os demais bispos do Nordeste. Aqueles que viveram com Dom Hélder os anos de seu apostolado em Olinda e Recife, estarão presentes nesse evento tão importante para todos nós.o evento ocorrerá nos dias 12 a 15 de maio, aberto ao público. Aqueles que quiserem participar com apresentação de trabalhos, ou quiserem uma diplomação de sua presença, devem verificar http//www.unicap.br/domhelder.

Hoje li, com muita alegria o blog de Geraldo Pereira, quem admiro à distância, a elegância de seu estilo.