quarta-feira, dezembro 12, 2007

Um secretário Armorial em Belém do São Francisco

Após quase um ano, um pouco mais de seis meses, voltei a ver Belém do São Francisco, cidade da qual me tornei cidadão por deferência e atenção de seus vereadores e moradores.Vim,mais uma vez para contribuir com as ações do Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco – CESVASF -, um dos mais antigos institutos de ensino superior do sertão pernambucano. Desta vez vim conversar um pouco sobre a questão da diversidade cultural do Brasil, da própria região, do Médio São Francisco. Para mim é sempre uma alegria olhar o casario dos anos vinte do século XX, e a evolução da arquitetura da cidade que acompanha o século.

Belém do São Francisco foi uma das cidades escolhidas pelo Secretário de Educação do Estado, Ariano Suassuna, para a sua exibição na “aula espetáculo”. Poucos professores podem ter a ousadia de Ariano em fazer de sua aula um espetáculo, embora todas as aulas, de qualquer professor, seja um espetáculo, sem o apoio da cenografia, da música, de uma trupe teatral.

Soube que mais de três mil pessoas ficaram sentadas, ao ar livre, em silêncio, aplauso, risos e respeito, ouvindo o meu professor, ouvindo as músicas armoriais, vendo o balet armorial. Pernambuco via Pernambuco; melhor, parte de Pernambuco via e ouvia parte Pernambuco. Ocorreu um respeito mútuo. Jamais o mestre Ariano havia realizado a sua aula ao ar livre, sob o estrelado céu do sertão, ainda que não tenha sido o sertão que ele conheceu nos limites de Pernambuco com a Paraíba. Mas eu soube que o Mestre ficou emocionado ao assistir a apresentação de um grupo teatral local: Núcleo Teatral Núbia Amando Granja, formado por jovens locais. Esses jovens apresentaram um texto, escrito por Núbia Granja, a quem chamamos de Nubinha, uma mulher maravilhosa, professora que dedica a sua vida à arte e à educação. Soube que o mestre Ariano pediu o texto. Todos os que estiveram presentes emocionaram o grande escritor e viram o grande dramaturgo emocionado com a arte que brota das áreas secas, sem apoio de secretários de educação ou de cultura, uma arte que nasce no meio do mato, longe do litoral, mas que é fruto de horas de dedicação de Núbia e de seus jovens. Mas esse empreendimento educativo pode deixar de existir porque nem sempre os administradores conseguem ver além de seus narizes ou de suas obras.Espero que o Mestre Suassuna, que cuida tão bem da obra Armorial, não esqueça que, em Belém do São Francisco há um grupo de jovens que luta para ser e viver a arte. Também é uma boa oportunidade para que os comerciantes, os industriais belemitas se emocionem com o secretário de cultura e , num gesto simples e necessário (ajudem economicamente o grupo), necessário porque belo, ajudem as moças e os rapazes que, sob a liderança da professora Núbia Amando Granja, tornam mais agradável a bela secura e mais terna a brisa do São Francisco.

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