sexta-feira, outubro 26, 2007

Estudantes na Reitoria sem Cipriano Barata

Soube a pouco mais de meia hora que a Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco está ocupada por estudantes desde oito horas da manhã deste 26 de outubro. O ato é uma ação de protesto por conta da adesão que as universiddes federais estão sendo obrigadas a fazer ao programa REUNI. Este programa prevê que as universidades federais que aderirem a ele, receberão incentivos do governo federal. Isto significa que as que se recusarem a aderir serão tratadas a pão sem água. Esta é uma maneira democrática de impor índices de aprovação dos alunos (talvez não seja mais importante que eles aprendam, mas que sejam aprovados), o que pode ser entendido como aprovação automática; aumento de número de alunos nas salas de aulas, criação de novos cursos, mas sem previsão de contratação de novos professores.

Os alunos estão preocupados com esses procedimentos e essas exigências. Pessoalmente não tenho visto que tenha ocorrido debate em torno desses temas nos órgãos colegiados, embora eu saiba que uma votação no Conselho Universitário é realizada por representantes dos colegiados menores, e esses representantes devam dar seus votos a partir do que ouviram dos participantes dos colegiados que representam. Creio que a UFPE, como as demais universidades, aderiu ao programa do governo federal. Não parece haver outra alternativa aos reitores. A recusa em particpar desse projeto pode implicar na utilização da máxima: para os contrários, basta aplicar a lei.

A ausência de alternativas é próprio das democracias latino-americanas pós Consenso de Washigton. Lentamente as universidades ao sul do Rio Grande torna-se-ão grandes colégios.

Agora no final da noite chegou uma ordem de reitegração de posse. O interessante nisso tudo é que nada foi noticiado ao longo do dia. Silêncio total nos noticiários das televisões que receberam concessão para atuar no Estado de Pernambuco. A que estado chegamos! O prédio da Reitoria da principal universidade do Nordeste é invadido, mas isto não é matéria jornalística ou de interesse público. Afinal liberdade de imprensa deve ser a liberdade do editor publicar ou não uma notícia, um acontecimento. Como faz falta um Cipriano Barata com sua Sentinela da Liberdade, e um tão mencionado Frei Caneca e o seu Typhes Pernambucano.

Nos tempos em que o Nordeste era Norte, dizem, havia um Leão.

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