segunda-feira, outubro 15, 2007

Encontro de Estudantes, Dia do Professor

Estive, neste final de semana, na cidade de Garanhuns. Estava com saudade das pessoas e lugares que conheci na cidade no início dos noventa, nos cursos de especializações para os professores da então FESP, hoje Universidade de Pernambuco. Os lugares são importantes quando nele agimos e, mais importantes quando nossas ações são positivas. Pouco importa que elas sejam lembradas, que os beneficiários delas sequer lembrem, o importante é que elas foram realizadas e foram benéficas. Assim caminhamos sobre caminhos que não construímos e nem lembramos daqueles que o fizeram.

Esse sentimento neste dia do professor me vem da consciência de que nossa sociedade pouco reconhece o trabalho daqueles que se ocupam de ensinar. Não é de hoje esse comportamento. Caio Túlio Cícero comentava que as pessoas se envergonhavam dos que ensinavam aquilo que elas se orgulham de saber. E Machado de Assis, lamentando, chegou a comparar professores a agulhas que abrem caminhos a serem ocupados por linhas ordinárias.

Mas além alegrar o corpo e a alma com a visão dos lugares e pessoas, também fui participar do Encontro de Estudantes de História. Embora não tenha me apercebido na ocasião, foi uma maneira de celebrar o dia do professor com estudantes que não são meus alunos nos cursos que leciono. Escutei e participei da aula do professor José Maria e seus alunos do curso de História do campus de Nazaré da Mata. Fiquei maravilhado com a leitura que eles estão fazendo dos textos clássicos para entender o que significava a África para gregos, mas também se aventurando no mundo árabe, apresentando uma áfrica que vai além da representação comum dos tambores e movimentos de quadris. As áfricas, são muitas as áfricas, não podem ser homogeneizadas apenas a partir de uma experiência, por mais dolorosa que ela tenha sido. Outra leitura interessante, foi apresentada pela leitura e análise de fontes etíopes, relacionando-as com a leitura bíblica e a tradição judaico-cristã. Foi um momento de muita criatividade aquela Oficina de História. Outro momento interessante foi a audição das pesquisas que estão sendo feitas em torno das práticas religiosas dos séculos XVIII e XIX no Recife. Estar entre estudantes curiosos foi um belo reencontro com Garanhuns. Isso sem contar com a acolhida dos funcionários do hotel e do restaurante que freqüentava no final do século XX.

De maneira que foi ótimo ter estado na cidade, ter estado com estudantes, com pessoas que desejam aprender e continuar a construir um mundo melhor, ainda que seja difícil. Uma das belas experiências decorrente do fato de ser professor é ter, sempre, esse contato com o futuro. Estar com jovens que inventam o futuro - lamentavelmente há jovens que envelheceram ainda no início da juventude -. Neste dia agradeço o fato de ser professor, e agradeço aos estudantes que não me deixam envelhecer.

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