sábado, setembro 29, 2007

O Frevo e uma Novela

Tive o prazer de, na noite de ontem, rever o espetáculo DO FREVO AO FERVO, uma reflexão coreográfica a respeito do nascimento e formação do Frevo no Recife do início do século passado, um Recife violento como o que se apresenta nos dias de hoje. O espetáculo foi antecedido pela apresentação do GUERREIROS DO PASSO, um grupo de amantes da dança pernambucana que, todos os sábados, transmite gratuitamente, na praça do Hipódromo, os seus saberes e as técnicas para a dança do frevo. Após o espetáculo, um amigo disse que, enquanto os Guerreiros apresentaram uma visão geral da evolução do frevo, a coreografia de Valéria Vicente, dançada por ela própria, Leda, Jaflis e Marcelo, era um processo de recuperação arqueológica daquela dança.

Enquanto isso ocorria, enquanto se dançava a história do frevo no Teatro Arraial, grande parte da ppopulação estava assistindo o final da novela Paraíso Tropical, um retrato de uma sociedade com o "estado mínimo", uma sociedade em que o Estado não tem competência para desvendar os assassinatos, uma sociedade em que a resolução dos problemas depende da ação dos indivíduos e a jsutiça se faz de maneira primitiva, pois ninguém vai aos tribunais; aliás, esses são substituidos por Comissões de Inquéritos formadas por parlamentres incapazes de formular perguntas interessantes. Talvez deva-se dizer: parlamentares com a competência de formular perguntas irrelevantes que impedem a solução de casos e o apontamento de responsáveis. De qualquer maneira, para aclamar a cosnciência daqueles que nunca sabem de nada e são sempre inocentes, a "justiça" foi feita: alguns vilões pagaram com a vida e outros foram "condenados" a trabalhar, e o senador teve que conviver com uma prostituta de "categoria".

O mais interessante foi que o autor tomou a opção de fortalecer as práticas éticas individuais e familiares como contraponto ao descontrole da vida social, à ausência do Estado organizador, protetor dos cidadãos. Os valores da paternidade e maternidade responsáveis e conjunta, parecem indicar a reconstrução da família como saída para o imbrólglio em que se meteu o autor e a sociedade.

Pode ser que sim, pode ser que não, como constuma dizer um recente refrão.

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