sexta-feira, junho 01, 2007

Tornando-se brasileiro

Tem sido interessante a divulgação de resultados de um pesquisa realizada pela BBC, envolvendo lideranças de diversos movimentos negros no Brasil. Parece que essa pesquisa vem no rastro de uma entrevista que a Secretária para Assuntos de Igualdade Racial no Brasil (coisa essa estranha esse ministério da raça, pois nele não há brancos, mestiços e índios, só afrodescendentes! Entretanto afrodescendentes podem ser - na maioria são mestiços).

A pesquisa pretende verificar qual o percentual de africanidade, europeidade e amerindiidade nesses senhores e senhoras representativos da comunidade de brasileiros afrodescendentes. Penso que a maioria deles aceitou realizar os exames de DNA para comprovar que são africanos e, portanto, solicitar alguma indenização ao Brasil, país onde estão, segundo pensam, exilados. Pelo menos foi isso que entendi das declarações de um cantor - Seu Jorge, quando soube que, além de indiodescendente também é eurodescendente. Já a senhora Sandra de Sá está feliz por ser quase cem por cento africana. Tem um pouco de índio e europeu para atrapalhar o projeto de raça pura. Mas como ela diz,"isso explica muita coisa". O frei David, por seu turno, ficou desconcertado ao descobrir que a sua origem primeira não é africana; mas ele é resultante de um encontro entre um europeu e uma ameríndia, tendo os genes africanos entrado na sua vida muito tempo depois, de tal forma que não é garantido informar de qual localidade africana ele é originado. Ele não se contenta que a ciência tenha essa dificuldade. Já a campeão Diane dos Santos, é o exemplar perfeito do brasileiro, com todas as origens balanceadas. Ela está muito feliz por confirmar o que todos sabemos: somos todos miscigenado, em maior ou menor escala.

Essa pesquisa poderá nos auxiliar a entender melhor o que nós somos e, se soubermos pensar, nos fazer superar esse sentimento de inferioridade que a organização cultural, resultante do desenrolar da vida humana que teve a Europa como vetor, nos pôs. Quem sabe, podemos superar essa doença de nos rejeitarmos.

Alguns brasileiros rejeitam suas origens africanas, outros rejeitam suas origens ameríndias, outros rejeitam suas origens européias. Isso é uma doença social. é necessário discutir quem nós somos a partir de nós mesmos. Vamos nos autocentrar. Como ser um um ser humano rejeitando parte do seu própio ser?

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