domingo, maio 06, 2007

Paradoxos em torno da visita de Bento XVI

Esta semana que passou foi um longo preparatório para a recepção do papa Bento XVI, líder dos católicos, que vem passar três dias no Brasil. Jornais e emissoras de televisão deram-se a pesquisar, buscar temas capazes de atrair leitores, ouvintes e telespectadores. Na verdade é um acontecimento digno de chamar a atenção dos meios de comunicação, em qualquer país, a visita de um lícer religioso. Poucos se lembram, mas o Dalai Lama recebeu´capas de revistas duas semanas antes de sua visita ao Brasil.

As religiões atraem leitores, oui talvez possamos dizer, que as religiões atraem os editores. Em nosso mundo secularizado, boa parte das notícias sobre assuntos religiosos são de crítica, às vezes um pouco de ironia e condescendência com aqueles que "ainda" crêem". Os tons cambiam um pouco quando dessas visitas e exigem cadernos especiais. então se verifica que há muita gente religiosa. e elas parecem dizer mensagens diferentes.

Nesta semana o IBGE apresentou números que mostram o estancamento de defecção dos católicos, inclusive fazendo relações com a estabilidade econômica. Neste domingio, a Folha de São Paulo anuncia que continua o vazamento de fiéis católicos. No mesmo jornal, um publicitário se afirma católico e praticante do Candomblé, não vendo qualquer problema nessa situação. Também o o Diário de Pernambuco mostra que jovens católicos não têm pejo em participar de cultos evangélicos. (Seria interessante uma pesquisa inversa) , talvez demonstrando que o termo católico - aberto para para o universo - esteja sendo entendido de maneira diversa entre os crentes católicos e os pastores católicos.

Porém, cabe ainda perguntar qual, a razão de tão grande azáfama, tão grande cuidado para com a visita do papa aos seus liderados? Muitas das pessoas que criticavam os padres "progressistas" por se imiscuirem nas questões políticas, agora lembram que o atual papa foi um dos algozes da Teologia da Libertação, (talvez a pedido dos líderes políticos de então?). Ficam sem entender como é que este homem, quando Prefeito da Congregação de Defesa da Fé defendeu a sua Igreja contra o secularismo que podia tornar os padres mais políticos que sacerdotes, agora defende a sua Igreja contra o secularismo em relações a outras instências da vivcência da fé, como a disciplina dos padres, a defesa do matrimônio, etc.

Para muitos foi interessante que o Cardeal Ratzinger diminuisse a autoridade de teólogos e padres que lutavam contra as injustças sociais inerentes ao sistema capitalista; mas para esses mesmos não interessa que o o cardeal, agora papa, venha a defender valores que põem em dúvida as duvidosas certezas de costumes permissivos da sociedade liberal individualista.

Parece que Bento XVI é um homem coerente com a sua fé. E isso pode ser problemático - um homem com certezas claras e permanentes, em um mundo que escolhe, a cada semana a sua certeza.

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