domingo, maio 27, 2007

DIALOGANDO A CULTURA em Ouro Preto, Olinda, PE

A cada dia parece ter sido oportuna a iniciativa do ministro Gilberto Gil em criar o programa Cultura Viva e, nele, os Pontos de Cultura. Um Ponto de Cultura é um local convergente de iniciativas, de manutenção, transformação e recriações culturais. Eles já existiam antes que o ministro os institusse. Na verdade o ministro o viu abandonados e pretendeu lhes dar um alento.

Em todo o Brasil as pessoas se encontram, conversam, ajem coletivamente e produzem as suas vidas, tanto física quanto espiritual. Esta última palavra vem sendo evitada por muitos. Onde as pessoas se encontram lá é um Ponto de Cultura.

E verdade que, logo no início, muitos de nós pensamos que cultura é apenas aquilo, aquelas coisas e manisfestações que os que vieram antes de nós criaram e, por isso, nós tínhamos a obrigação de preservar, ainda que na sua forma fóssil, em algum museu mal organizado. Aos poucos percebemos que Pontos de Cultura não existem apenas para salvar as reminiscências, mas para recriar, ou mesmo criar novas coisas e novas tradições. Tem sido difícil reconhecer que nós somos criadores de tradições, especialmente por vivermos em um mundo volátil, que se reorganiza a cada momento e, por não se entender como parte de uma longa seqüencia de povos e desejos, pensa que sua criação é a primeira. Mas aos poucos podemos entender que criamos o novo, sem negar o que foi-nos legado.

Foi o que vi, na noite do dia 26 de maio, no lugar conhecido como Ouro Preto, em Olinda. Em um espaço com o nome de CEJA - Centro de Educação de Jovens e Adultos, que presta homenagem ao professor Paulo Rosas. Ele foi um dos animadores do Movimento de Cultura Popular da cidade do Recife, no final dos cinqüenta e início dos sessenta do século passado. Naquele local, CEJA, e hora, ocorria a construção do Ponto de Cultura. Naquele momento tornou-se um local de encontro de quase duas centenas de jovens que celebravam, (alguns talvez nem soubessem o que ocorria. Isso é comum na história), o que aprenderam nas oficinas de Produção de Vídeo ( havia três vídeos construido por eles); nas oficinas de Programação de Rádio, voltada para as rádios comunitárias, e oficinas de produção de eventos. Entre as apresentações das bandas e de sorteios, os jovens receberam os seus certificados de conoclusão de curso.

E ocorreu, também, a apresentação de sons e canções produzidas por bandas, formadas por rapazes da comunidade de Ouro Preto. Foram as bandas TRIBUTUS, UMBANDO - MADE IN HC e CABELO DE SAPO. Rock pesado pensando a realidade vivda. Danças simulando violências, como a violência não dissimulada de suas vidas.

Foi um bom fim de noite, ver ese DIALOGANDO A CULTURA, promovido pelo PONTO DE CULTURA DIÁLOGOS.

Como um dos coordenadores do Ponto de Cultura Estrela de Ouro, localozado na cidade de Aliança, na Zona da Mata Norte, fiquei feliz em ver os jovens do meu bairro envolvido na criação e recriação de suas vidas. Quisera ter feito mais do que usufruir da alegria da criação.

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