quinta-feira, abril 26, 2007

Índices de desenvolvimento de Educação Básica

Alguns jornais informam que saiu o resultado do ìndice de Desenvolvimento de Educação Básica no Brasil. Ali está dito que apenas duas centenas de escolas tiraram notas superiores a 5.0. Pernambuco ficou em último lugar na lista com a nota 2,4. Isso depois de termos um governante que, por oito anos foi considerado o melhor do Brasil. Melhor governo pior educação.

O novo Governo fechou escolas para consertar após a queda de telhado. Lamentavelmente isso foi definido após início do ano letivo. Daqui a três meses, dizem,vai haver aula. Mas a merenda está garantida para os alunos sem escola, sem aulas.

Algum tempo atrás eu disse que havia um Plano Nacional de Burrificação - PNB, com a desvalorização crescente de atividades como estudo e trabalho. Os governantes passaram a entender que governar é apenas destribuir merendas, bolsas e pensar em alianças politicas que lhes dê garantias de alcançar um novo mandato. Muita gente boa, alguns de meus conhecidos, se tornaram conselheiros permanente para assuntos educacionais desses governantes. Garantiram uma renda extra para si, realizaram vagens, paticiparam de congressos sobre educação, conseguiram verbas para trazerem educadores belgas para dizer o que já sabemos desde Paulo Freire, ao mesmo tempo que as escolas foram se tornando refeitórios, mal equipados, pois os pais de alunos não recebem salários suficientes para garantir a alimentação e necessária.

Seis anos são passados depois que um ministro da educação garantiu que haveria um computador em cada escola pública do Brasil. Passaram dois governos: o FHC2 e o Lula1, e agora um estudo diz que há escolas que não utilizam energia elétrica. Bem també não possuem carteiras suficietes, não têm biblioteca, área de lazer e outras desnecessidades. Publiquei um artigo sobre isso no Jornal do Commércio -PE, à época. desde então ocorreu uma avalanche de Escolas Superiores e criação de cursos universitários que bem podiam ser cursos técnicos. Mas era preciso crair a ilusão de que há ensino superior no Brasil.

Agora os governantes estão alimentando a indústria de formação de professores via internet, com cursos à distãncia. Parece ser uma grande idéia - e é para os donos desses caça-níqueis - mas será um agravante, um grande desastre na organização do pensamento e da formação de uma geração, com conseqüência sobre as seguintes, como agora estamos pagando o que os dkitadores e coronéis que dirigiram as educação durante o regime militar fizeram.

Seria interessane se os professores das universidades federais se pronunciassem um pouco sobre essas ações, além de gastarem parte do tempo pensando quando será a próxima greve - isso com um misto de necessidade, medo e desejo. De greve em greve seremos esmagados por conta da teimosia em manter formas de lutas típicas do século XIX e por querer ficar sempre próximos dos políticos profissionais. Eles são profissionais e, por isso engabelam facilmente os que fazem política amadorísticamente.

Precisamos focar em nossa atividade, naquilo que a a sociedade espera de nós: Ensino, pedagogia, pesquisa.

quarta-feira, abril 25, 2007

QUE HISTÓRIA É ESSA

A partir do dia 2 de maio, estarei iniciando um programa semanal na Rádio Universitária 820 AM. É a realização de um projeto que enviei para a Pró-Reitoria de Extensão da UFPE, após a aprovação do leno do Departamento. Formamos uma equipe com a professora Patrícia Pinheiro e duas alunas do curso de História - Bruna Dourado e Marilene Silva. O programa ocorrerá sempre às 9 horas de cada quarta-feira.
Dividido em quatro segmentos: uma entrevista com um historiador, conversando sobre o seu trabalho de pesquisa, seus estudos; uma entrevista com u m professor atuante no ensino básico e médio, sobre a sua vida e as dificuldades e alegrias do ensino; comentários sobre um livro, uma resenha escrita por alunos dos cursos de História do Grande Recife e um comentário sobre alguma rua. Neste último quadro esperamos receber a contribuição dos ouvintes que quiserem nos contar a hsitória de suas ruas.
Esperamos, com esse programa tornar mais ativa e a atraente a relação da História com a população. Esperamos também contar com a sua participação, nos enviando material: Resenhas dos livros que você tem lido e uma pequena história da sua rua ou do seu bairro. Envie seu texto para historia820am@yahoo.com.br

terça-feira, abril 24, 2007

Santo Antonio de Jesus

As facilidades de transporte nos permitem correr e mundo e ficar em contato com quem não correu conosco. Agora estou na cidade de Santo Antonio de Jesus, meio caminho entre Salvador e Itabuna. Com uma população próxima a 150 mil habitantes, esta cidade é um entreposto comercial, desde a sua formação, ainda no século XIX, penso que em meados daquele século. Na verdade havia uma capela que foi feita paróquia em 1852. A cidade tem um comércio grande, bonito e está, no processo de renovação, tornando lembrança muito de sua arquitetura. As suas estreitas para o comércio mostram uma cidade desordenada. a riqueza principal era a podução de fumo e da cana. Hoje é o comércio
Esta é a terra do jogador Juninho Baiano. Aqui ele possui uma casa que, segundo os moradores é um castelo. As pessoas falam com sentimento de orgulho misturado com outros sentimentos.
Estou na cidade em um Programa de Capacitação Interna, convênio entre o Departamento de História da UFPE e a a Universidade Estadual da Bahia. Aqui em Santo Antonio está o campus IX, dedicado ao estudo das ciências hmanas, com cursos de Letras, História, Administração e Geografia. Como em outras IES localziadas no interior, nota-se a apresença de estudants de outras cidades, inclusive alguns que vieram de Salvador. Recentemente foi criado um mestrado interdisciplinar Cultura, Memória e Desenvolvimento Regional. Comigo veio a profa. Sylvana Brandão.
Nossa missão aqui é proferir conferências e cursos. Os cursos estão relacionados à religiões, sociedade. Conversarei sobre as religiões e o mundo plural.

sábado, abril 21, 2007

Erickson Luna e Francisco Espinhara: poetas e amigos

No final dos anos sessenta a gente vivia em muitas viagens e conhecia pessoas que depois passaria tempo sem as ver. Alguns grupos de amigos que estudavam juntos, e outros que eu conheci quando já ensina. As lembranças, em alguns casos, são névoas. Depois, para acontecimentos mais recentes, envolvendo as mesmas pessoas, as névoas se dissipam e aparecem imagens mais nítidas.
Uma dessas imagens que trago, ainda antes dos meus vinte anos, é a de Erickson Luna. O vi primeiro como uma pessoa que desejava estudar e fazer o curso de direito. Alguns dias depois de meu casamento recebi a visita de um grupo, nele estava Erickson e Godóia. Eles se gostavam muito. Foi uma noite interessante naquele apartamento que eu alugara para vivier meu casamento. Depois, Erickson e Godóia viveram juntos. Depois separaram-se de tanto amar.
Erickson caminhou para a poesia, para a transgressão, para o mundo alternativo. Foi expondo-se poeta. Uma vez quase voltava para a vida normal, quiz retomar o curso de direito. Conversamos a respeito. Resistiu. Continou o seu caminho alternativo e sempre nos encontrávamos para trocar idéias e eu ouvir suas poesias. Fátima Marinho gravou uma golope do poeta e compositor Erickson Luna.
Nesse período conheci Francisco Espinhara. O poeta também era professor no Colégio e Curso 2001. Ensinava Literatura oficial e fazia literatura alternativa. Erickson e Espinhara dividiram noites e tragos e, em não poucas ocasiões eu tinha o copo na mão, com eles em um bar ou em uma calçcada.
Espinhara vivia no fio da navalha, Erickson parecia ser a própria navalha. Espinhara pareceu acalmar-se um pouco e foi para a fronteira norte do Brasil. Professor no Amapá, voltou para um rio onde ele se entendia melhor.
Durante algum tempo frenquentei o Espaço Passárgada aos sabados de manhã para recital e as primeiras cervejas. Lá, Espinhara e Erickson que me apresentaram Malunguinho. Assim, esses meus amigos me permitiam tocar um pouco no seu mundo, mesmo sabendo que eu jamais teria a coragem de assumir os caminhos que escolheram. ´Cada um a sua modo era maldito, alternativo. Mesmo quando se tornou diretor de uma escola na Várzea, Espinhara continuava a pensar alternativamente, como pude perceber nas vezes que nos encontramos no CFCH e conversávamos sobre a experiência de ser educador e administrador de escolas.
Nos bares próximos ao CFCH Erickson dava aulas a meus alunos e, alguns deles se surpreendiam com a minha familiaridade com esse mundo maravilhoso, alternativo e dasafiador. Não era fácil trazer estudantes para a aula enquanto eles tinha a conversa e a filosofia e a vida atraente de Luna. Uma vez conversamos sobre esses "alunos" em comum que tivemos.
Este ano de 2007 marcou o fim das trajetórias de Erickson e Espinhara. No espaço de noventa dias a marginália recifense perdeu dois de seus maiores poetas, boêmios, amantes da cidade e das dores dos seus habitantes.
Quero manter em mim um pouco da coragem e altivez desses grandes amigos e crentes na possibilidade de outra literatura e outra liberdade.

sexta-feira, abril 20, 2007

A semana dos Alí Babás e dos Aqui Bobões

Tem chuvido bastante no Recife nesta semana. O rapaz do instituto que trabalha com tempo diz que essa chuva é normal nesta época do ano. É o que ele diz, mas é diferente das minhas experiências em realziar festas no dia de meu aniversário, sempre ensolarado. Bem, as chuvas ajduarão as mangas e o jambeiro que cultivo.
Estava lendo sobre a quantidade de gente que está sendo presa pela polícia federal. Pessoas, um polícial diria, indivíduos da mais alta estirpe, com sobrenome nobre. Gente a quem pagamos mais de vinte mil reais, pois dizem que só pagando em aos juízes e outras autoridades eles não se deixariam subornar. Tem gente que realmente pensa que dando muita bana aos macacos eles não mais comerão bananas. Pode ser.
Surpresa da semana é que alguns deputados inocentados pelo congresso nacional no ano passado estejam sendo acusados dos crimes que eles negaram e os seus pareias congressistas acoimaram. Os seres humanos são sempre surpreendentes. Ontem a mídia informava que havia apossibilidade de um juíz tomar a decisão de acusar algumas pessoas por conta da tentativa desastrada de comprar o 'dossiê tucano'. entre os possíveis acusados o ser Luiz Inácio lula da Silva. OU o juíz evitou tomar a decisão ou os jornalistas não souberam dizer mais nada.
Pelas últimas ações da policia federal, temos a impressão que a caverna onde Ali Babá entrou para roubar os ladrões é maior e cabe bem mais pessoas do que imaginávamos a princípio.
Alias, parece que a história de Ali Babá - que não era o chefe dos ladrões como pensam muitos - termina com o pobre Ali Babá bastante rico. Ele viu o roubo, mas não devolveu os objetos roubados para os donos, apdoerou-se do roubo.
Tem Ali Babá que acusou os ladrões que já tem milões.

quarta-feira, abril 18, 2007

O Experimental e o Experimentador

O Recife encanta de muitas maneiras, e são muitas as maneira de ser ver o Recife.
Nesses últimos dias estou vendo o Recife através de muitos olhos. Mônica Lira e o Grupo Experimental mostrou-me nova maneira de ver o Morro da conceição, os devotos de Conceição. é mãe de Jesus que vira mãe do povo, dos marinheiros, dos pobres e de todos. Mas é uma mãe que vira o próprio povo que sofre e que se vê na mulher que salva das águas e que dá vida nas águas. CONCEIÇÃO foi um dos belos espetáculos que vi no Teatro Armazém, e que mostrou a pulsação forte e sofrida dos homens e mulheres que sobem no morro e sabem que Conceição é mãe de Jesus e mãe das águas.
Outra visão do Recife, ou das casas que formam o Recife está sendo mostrado no belo livro Do Mucambo à Casa-Grande, desenhos e pinturas de Gilberto Freyre, de Raul Lody. Esta obra é um publicação da Companhia Editora Nacional e da Fundação Gilberto Freyre. Lançado no dia do meu aniversário, recebi de presente com autógrafo de um dos maiores focloristas, estudioso da cultura brasileira.
Neste Livro, Lody faz um belo ensaio sobre a concepção da casa, esse espaço mágico e cotidiano, que Giberto Freyre desenvolve. A maneira gostosa da escrita é acompanhada pelo deleite das imagens, fotos, pinturas e desenhos, em um livro bem acabado. A palavra "deleite" é bem freyriana, pois o mestre de Apipucos era dado aos saberes e sabores. é mestre nessa chamada hsitória do cotidiano.
Um dos melhores momentos do livro, é a forma encantadora que Raul Lody deixa Gilberto falar, manuscritamente, sobre os Mucambos da sua cidade.
Um belo Olhar, o de Raul Lody, nos orientando a entender o olhar de Gilberto Freyre sobre o Recife. O livro é inicado com um prefácio singelo e amoroso de Sonia Freyre. Aos doi devemos agradecer ter ampliado o acesso à casa e à obra pictórica de Gilberto Freyre.

with a little help from my friends

As nuvens continuam a marcar o firmamento de Olinda, mas fiquei contente ao verificar a quantidade de cartas recebidas, lembrando o meu aniversário. A gente vai ficando mais contentes com esses pedaços de carinhos que nos soltam as incríveis pessoas que nos seguram na vida.
Ontem à noite tive um pequeno jantar com parte da família: filhos, genros, mãe, irmãs e os sogros de meu filho. Não tive o oportunidade de por Rafael Aimberê no colo, pois já dormia, o meu neto. Uma alegria em torno da mesa com bolo de amendoin. Disseram que era por conta da minha idade. Na verdade um pouco de vitamina E auxilia a manter os radicais livres e nos tornar livres e radicais.
Manter-se saudável em uma sociedade que está um pouco doente só é possível com a ajuda dos amigos, como cantaam os Beatles e a Banda do Sargento Pimenta. Aquele é, penso e sinto, o mais belo disco, as mais belas canções dos meninos de Liverpol. Discute muitas maneiras de se vvier a amizade e da expectativa de sua duração, ainda que carregada de dúvidas, mas que a certeza da compreensão deixa dizer. "será que você me amará quando eu tiver 64 anos" essa dúvida, essa incerteza do futuro que eles colocavam numa perspectiva, ate´então, otimista. Continuo gostando das músicas deles. No tempo que os ouvi pela primeira vez eu não sabia o que cantavam, mas sentia. Era e continua sendo um hino à amizade e ao desejo de viver com morangos, ainda que rodeados de homens de cabeça de ovo. Mas a gente precisa Imagine....

terça-feira, abril 17, 2007

doze anos de carajás

A gente abriu os olhos, viu que ia chover, mas a praia convidava para um passeio antes da chuva. Depois, a gente ligou o rádio, viu os jornais. As notícias falavam de um massacre ocorrido em uma universidade nos Estados Unidos da américa do Norte: um jovem estudante matou 32 de seus colegas e depois matou-se. Parece não ter uma explicação clara. Um sem sentido para o mundo que perdeu o sentido.
Faz doze anos que ocorreu o massacre de Carajás: soldados da polícia do Pará, com ordens dada pelo governador Almir Gabriel, pelo Secretário de Segurança, atirou contra camponeses. Morreram mais de vinte, muitos ficaram feridos e há um sem número de desaparecidos. Nunhuma autoridade foi condenada. Dois foram condenados em um juri e inocentados no ano seguinte. Alguns camponeses recebem uma pensão compensatória de um salário mínimo. A maioria não recebe nenhuma ajuda do Estado do Pará. Os sem terra fazem ocupações em todo o país para lembrar a impunidade. As violências continuam sendo feitas na expectitiva de que continuará existindo a impunidade.
o Atual presidente recebe quase seis mil reais porque perdeu o importante dedo mínimo na ditadura, lutando contra uma máquina, no tempo em que era operário. Quase sem sentido. Imagine se houvesse perdido o dedo polegar! Carlos Heitor Cony, homem de Letras e da Academia, recebeu idenização porque a ditadura não permitiu a publicação de um artigo seu.
A luta dos pobres Tem sentido, a impunidade dos poderosos tem sentido. O problema é as duas situações terem sentido ao mesmo tempo.
Na madrugada deste dia ocorreu um tiroteio no Morro da Mineira no Rio de Janeiro, no Catumbi, próximo à Praça da Apoteose do Carnaval. Vivi lá quase dois anos. Traficantes brigavam entre si pelo controle das áreas de venda de drogas. Morreram quase vinte. Deve ter algum sentido.

São ocorrências comuns. A chuva matinal, o passeio à beira mar, o calor e a chuva de cada dia. A cidade continua sua vida. Ontem Elaine me perguntou sobre o significado do livro que ela está lendo: Cem anos de solidão.

domingo, abril 15, 2007

um pouco de publicidade

Amigos,

Com a colaboração do Programa de Pós Graduação em História do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco, com o apoio da Associação REVIVA, conseguimos publicar pela Editora da Universidade Federal de Pernambuco, o livro minha autoria ENTRE O TIBRE E O CAPIBARIBE: OS LIMITES DA IGREJA PROGRESSISTA NA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE.
Sabemos da importância da publicação de nossas idéias, de nossos estudos, para nós e para a comunidade. Sabemos, também, da dificuldade em publicar, vender e ser lido em um país em que o preço médio de um livro é 10% do salário mínimo, onde o livro é considerado objeto de luxo, um país de poucas livrarias, e que pouca importância que continua dando à educação de seu povo. Essa é a razão da pequena tiragem que fizemos: 300 exemplares. Assim, estamos comunicando que o estamos aceitando pedidos de compra pela ASSOCIAÇÃO REVIVA. NO caso de você interessar-se pela aquisição do exemplar, estou comunicando os seguintes dados:
O valor do exemplar – R$ 25.00
Despesa de correio em carta comum para o Brasil R$ 9.00
Despesa em sedex – varia conforme a localidade.
Total –
Esse valor deve ser depositado no Banco do Brasil, Agência 2802-9, Conta 39097-6.
O CNPJ da Associação REVIVA - 06.187.248/0001-9
Após fazer o depósito você manda um email para bvicente@hotlink.com.br ou carta para a Associação REVIVA nos informando. Após recebermos a sua informação e confirmação bancária, enviaremos o seu exemplar.
O endereço da Associação REVIVA é Avenida Joaquim Nabuco, 2527. Jatobá,
53250-760 Olinda, PE;
Nossos telefones: (081) 99794681 34941216
Caso você resida no grande Recife, você pode procurar-me no departamento de História, no11º. Andar do CFCH, na Cidade Universitária.
Seu de sempre,
Biu Vicente – Severino Vicente da Silva

sexta-feira, abril 13, 2007

não se deixar vencer

A cada dia são muitos a assuntos que desejo comentar, entretanto a escolha é difícil. Gosto de utilizar esse espaço para cultivar a memória, mas tembém gosto da idéia de refletir sobre os atuais acontecimentos.
Para mim é difícil fugir das questões politicas, de construção da cidade e da cidadania. Ao escrver sobre esse assunto devo dizer a minha frustração com a inércia dos governantes do meu país, do meu estado e de minha cidade, diante do desamparo que vivemos quando dependemos do serviço público.
Durante muitos anos recusei pagar um plano de saúde, pois já pago imposto de renda e seguridade social. Mas vi meu pai no abandono de um hospital público e experimentei a dificuldade de marcar uma consulta para iniciar um tratamento.
Gosto da noite, mas temo sair, pois se saio não me sinto protegido, pois não há policiamento após as 18 horas, nem mesmo para garantir o retorno para casa.
A cada dia vejo nos jornais que a sociedade está entregue ao descaso, enquanto deputados e presidente discutem o aumento do salário deles - acima de 20%, enquanto já ficou definido que os funcionários públicos que cuidam da saúde e da educação deverão receber cerca de 1%.
Recebi hoje um carta eletrônica de um amigo pedindo a pena de morte. ele está sofrido pela morte de uma professora, nossa colega, assassinada em seu carro, enquanto esperava a mudança do sinal. A ela os fora-da-lei decretaram pena de morte. Não quero ser igual a eles. Eu prefiro continuar pensando e desejando que caia um pouco de vergonha nos dirigentes desse país, para que eles mintam menos, que enganem menos.
Gostaria tanto de voltar a acreditar que esse antigo torneiro mecânico é capaz de pensar um pouco no Brasil e menos no usufruto pessoal do poder. Se não tivermos cuiado, com a cara de avô e o sentimento de pena que ele cultiva por ter sido pobre é capaz de se se tornar o único...
Mas ainda acredito que a gente pode ao menos dizer que está indignado e não ter vergonha de afirmar que é necessário continuar a fazer, todo dia, alguma coisa para que o mundo seja melhor.

segunda-feira, abril 09, 2007

Sobre Jomar Muniz Brito

No comentário mais rcente eu mencionaei que este período do ano é rico em belas flores. Na verdade pensei na beleza de muitas almas, pessoas, que iniciaram sua existência neste mês de abril. Uma delas é Jomard Muniz Brito. Nesta semana completa 70 anos plenos de juventude e inquietação. Jomard Muniz, que encontro nas ruas pondo na mão das pessoas os seus versos, seus pensamentos, nas manhãs do sábado de carnaval no encontro desfile do Nóis sofre mais nóis goza, não é muito diferente do Jomar que eu conheci, na noite da segunda feira de carnaval de 1968, na mesa do Bar Central, que hoje já não existe, mas que ficavava alí defronte à Estação da Rede Ferroviária. Um amigo comum, Antonio Bezerra, é que nos apresentou.

Eu, menino de Nova Descoberta, sai do meu bairro para ouvir e participar das conversas de dois boêmios intelectuais ou dois intelectuais boêmios. A conversa corria como um furacão, um vento forte que derrubava argumentos bobos ou parcos de criatividade. Devo dizer que a lembrança não guarda muito do debate, melhor dizer que guarda nada. Mas jamais esqueci como eram vibrantes as palavras, os gestos, o andar, o olhar de Jomard. Na oportunidade, depois de algum tempo, Jomard voltou-se para mim e disse que eu era um rapaz esforçado. Passei o resto da vida esforçando-me para acompanhar o pensamento jomariano.

O tempo passou, mudamos os caminhos e só vim encontrar Jomard quando na Escola Superior de Relações Públicas. ensinávamos lá e, quando dava um tempo, o furacão parava alguns minutos conversámos muito rapidamente. De novo encantáva-me a vitalidade do professor Jomard, na época já pensando na aposentadoria da UFPB. Nas celebrações do centenário da chegada dos portugueses, a África Produções pediu-me a organização de um seminário sob o título de Pau Brasil, o que fizemos na Centro de Arte da UFPE. Chamei Jomard e foi uma festa por conta da argúcia dos seus argumentos e da paixão com que o expunha. Depois foi umas celebrações em torno de Gilberto Freyre, personagem tão importane na história do pensamento de Jomard. E agora é a alegria de ver o meu mestre, desde meus dezoito, ainda a me cobrar a coerência que ele tem cultivado em toda a sua vida: o permanente compromisso com a liberdade de pensar e viver.

Viva Jomard do Recife e do Mundo.

sexta-feira, abril 06, 2007

Duas almas na minha

Quando vivia em Nova Descoberta, nos anos sessenta, aprendimuitas coisas com várias pessoas. De algumas delas já escrevi anteriormente, mas sobrte outras fico esperando alguma oportunidade, alguma data. Esta primeira semana de abril é muito rica. Nela ocorre o aniversário de Carlos Ezequiel e de Tereza Campelo. São duas pessoas lindas mas diferentes. Ambas desempenharam papel essencial em minha formação.

Carlos Ezequiel era um poeta, um homem que passou a sua vida querendo formar grupos de jovens atores. Ele era funcionário púiblico e com o seu jeito manso colocava em torno de si muitos sonhos de jovens que se interesaavam em aprender a escrever pequenos esquetes e apresntá-los. Embora não fosse religioso, Carlos Ezequiel era o diretor das"paixões de cristo" que eram apresentadas na Igreja matriz de Nova Descoberta. Também organizava as peças de tratro que eram apreesentadas no Conselho de Moradores. Ele promoveu vários a simulação dos julgamentos de Pilatos, Judas. Fazia-se teatro em Nova Descoberta sob a orientação de Carlos Ezequiel, o nosso professor de toelrância e amizade.

Tereza Campelo veio com a Operação Esperança, com o Conselho de Moradores. Era psicóloga e ajudava a gente a pensar. Nos iniciava nas discussões políticas. Mostrou a mim a importância do estudo e do debate. Com ela discuti não apenas Marx, mas também Freud e Iung. Menino de dezesste anos, fui sendo orientado por essa moça de lindo sorriso e constante cigarrto nas mãos. Sempre almoçava em nossa casa. Muitos anos depois encontrei Tecampelo na Paraíba, onde se tornou professora até a sua aposentadoria.

Esse iníco de abril sempre lembro essas duas pessoas que aniversariam nos dia 4 e 10.

quarta-feira, abril 04, 2007

Espetáculos de fé - Fogaréus e paixões

Esta Quarta Feira das Trevas, como todas as demais, tráz motivos para lembranças e reflexões.

Não há, no cerimonial católico, rito especial para este dia. A tradição, a religiosidade do povo veio a criar manifestações específicas para esse dia, ou essa noite. Essa noite de trevas é como uma preparação para a grave escuridão da noite seguinte, quando a liturgia, a religiosidade oficial, celebra a Ceia e a prisão de Jesus. A Quinta Feira Santa, o dia da Eucaristia, é dominada pela ação do clero. Logo pela manhã, o bispo local celebra a Missa dos Óleos, na qual todos os sacerdotes celebram em torno do bispo e renovam as promoessas feitas no dia em que foram ordenados. É cerimônia do clero, dos consagrados. À tarde ocorre a ceromônia do Lava-pés, para lembrar a necessidade da humildade. "assim como eu fiz, façam vocês". Essa é uma cerimônia para lembrar que todos devem ser humildes, inclusive os "separados", o clero. Depois, um dos que estavam na mesa saiu para "fazer o que tinha que ser feito".

A Quarta Feira não há cerimônia especial. Há um vazio, há uma expectativa sobre os acontecimentos do dia seguinte. O que ocorre em torno daquela mesa, os sentimentos que um discurso de despida causa, além da promessa de que nãoa ocorrerá a solidão dos desperados, ainda que em meio à desesperança. Mas, o vazio da Quarta Feira terminou por ser ocupado pela criatividade dos cristãos comuns. alguns deles se penitenciam na noite, no escuro das trevas. Outros criaram uma encenação que não poderia ser feita na Quinta Feira, pois aquele dia é um dia de reflexão sobre o abandono, o medo, a entrega, a fé. Mas alguns resolveram fazer essa reflexão mais visual, pois não possuiam o dom da palavra. No meio das Trevas, quando o medo, a apreensão se torna mais forte, luzes apontam o caminho que os soldados irão percorrer para dar continuidade ao drama daquele que irá ser preso.

No período colonial brasileiro, quando os portugueses ainda mandavam nessas terras, havia a procissão das trevas, em alguns lugares, a Procissão do Fogareu. Praticamente extinta, essa tradição se manteve apenas no Brasil Central, nos sertões do Brasil. Mas, nos dias de hoje, tudo é espetáculo, inclusive a fé. Não que as procissões de antanho não houvessem sido espetaculares, pois o Padre Carapuceiro vivia a reclamar desses espetáculos que ocorriam no Recife do sécuo XIX. Mas o espetáculo parecia ser secundário. Hoje tudo há que ser de tal forma que atraia multidões, faça as pessoas sairem do seu diário para o extra-ordinário. A Procissão do Fogaréu tornou-se um "espetáculo de fé", não mais um "ato de fé", como se dizia antigamente. Assim, Olinda que tem um espetáculo, que é um espetáculo durante o carnaval, e não mais consegue que as suas procissões tardicionais da Semana Santa sejam um espetáculo capaz de concorrer com o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, este ano iniciará a Procissão do Fogareu.

Um novo espetáculo de fé, anunciado por emissora de televisão.

domingo, abril 01, 2007

Ondas de conhecimento sobre o Recife.

O jornal Diário de Pernambuco, nesta sexta feira, 30 de março, publicoou um caderno especial sobre o Recife, apresentando vários aspectos da trajetória da cidade e de alguns dos costumes que caracterizam a capital do estado de Pernambuco. É um belo trabalho de Wandeck Santiago com belas fotos de Gil Vicente. Sua leitura reacendeu o meu propósito de escrever o que a minha memória guarda do Recife no qual cresci e vivi até o meu casamento, no ano de 1975, quando me transferi para Olinda, onde vivo e tenho domicílio eleitoral.

Entretanto prefiro indicar uma leitura que estou fazendo. No domingo passado, visitando uma livraria deparei-me com o livro As praias e os dias: História social das praias do Recife e Olinda, publicado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, da Prefeitura da Cidade do Recife. além do encanto de acompanhar a formação do costume do banho de praia, o principal encanto vem com a bela escrita de Rita de Cássia Barbosa de Araújo. Rita é uma das desvendadoras da história da cultura de Pernambuco, mais precisamente do Recife e Olinda. Todos citamos com alegria o seu estudo sobre o carnaval e as máscaras que tomam os espaços físicos e imaginários das populações das duas cidades. Agora, neste livro, que é a sua tese de doutoramento em História Social na Universidade de São Paulo, Rita de Cássia aprofunda a idéia de ser uma autora de imprescidível leitura para aqueles que desejam conhecer o processo de formação, e deformação, da capital pernambucana e de seu povo.

Ainda não terminei a leitura desse livro que deverá estar presente nas estantes de todas as bibliotecas das instituições de ensino superior, mas decidi externar logo o sentimento que a leitura desse trabalho me impõe.