terça-feira, fevereiro 06, 2007

A mudança dos costumes na Idade Moderna como desenvolvimento da civilização

Dando continuidade ao nosso objetiivo de tornar acessível a todoso os nossos alunos a produção de seus colegas, hoje temos o trabalho escrito por Artur Bulhões., Debora Claro, Tássia Brandão, alunos da disciplina História Moderna I, IV período de História
com o título A MUDANÇA DOS COSTUMES NA IDADE MODERNA COMO DESENVOLVIMENTO DA CIVILIZAÇÃO.














_______________________________________________Sumário


Introdução 2
Os usos da civilidade 3
Sobre o autor e sobre a obra 8
Norbert Elias no contexto das contribuições à História Cultural 8
Dos costumes 13
O comportamento social dentro do quarto 13
Do hábito de assoar-se em público 15
O comportamento a mesa 17
Reflexões Finais 20
Bibliografia 21






















_____________________________________________________Introdução

Esse texto procura realizar um breve estudo sobre a civilidade e a mudança de seus costumes da transição do medievo a modernidade, através da reunião de vários autores que escreveram sobre o referido tema. Para demonstrar como ocorreu essa transição de costumes durante o renascimento o texto começa abordando a idéia renascentista de civilidade e a produção de textos para esse reconhecimento de códigos de conduta, entre eles destaca-se A Civilidade Pueril de Erasmo de Roterdam.
Em um segundo momento, do texto salienta uma pequena visão historiográfica referente à concepção de moderno e sua trajetória nos conceitos de civilização e civilidade. Norbert Elias estrutura o enredo do seu livro O Processo Civilizador traçando uma trajetória entre os conceitos de cultura e civilização incluindo exemplos de como se concebeu o que observamos na sociedade atual.
Através do estudo da transformação dos comportamentos humanos no quarto de dormir, trejeitos à mesa e o uso do lenço de assoar o nariz, procuramos demonstrar a trajetória da civilidade do mundo moderno e assim discutir as relações sociais entre os indivíduos e os sistemas de classificação destes na sociedade.



_____________________________________________Os usos da civilidade

“... nos movimentos do corpo e do rosto, na postura e na veste encontram-se os elementos de uma caracterização psicológica e de uma taxonomia social. Nesses signos falantes baseia-se um léxico reconhecimento”.[1]

A exposição do corpo passa a ser compreendida como um código de linguagem propriamente dito com as mudanças sócio-econômicas ocorridas no continente europeu a partir do século XIII. Essas mudanças no modus operandi, do que se caracteriza de sociedade medieval, iriam desembocar no renascimento, que representou um movimento de retorno as aspirações humanas, porém ainda inseridas num contexto fortemente religioso.
A época do humanismo viu a concretização de dois aspectos aparentemente opostos da civilização ocidental: a afirmação das individualidades nacionais e a intensificação das trocas entre países[2]. Essas mudanças influenciaram as identidades individuais de maneira que determinados nichos da sociedade procuraram se reconhecer em códigos de comportamento, com isso em meados do século XIII surgiu os primeiros manuais de etiqueta para a nobreza cortesã.
Esses manuais se concentravam em regras para o convívio público entre os nobres, como, por exemplo, de que maneira uma condessa deveria agir quando fosse visitar uma criança que acabara de nascer de um outro nobre de um título acima do seu. Outras regras eram ligadas a como os príncipes deveriam se portar diante das cortes. Com o movimento renascentista essas regras de comportamento foram estendidas a uma parcela maior da população, e assim começou o movimento de privatização do indivíduo.
Esses fatores levam a uma reorganização em profundidade das formas de experiência social, que no caso foi do século XII ao XVI. A quebra entre o público e o privado e a transformação para o surgimento da sociedade dos comportamentos tem no livreto A Civilidade Pueril de Erasmo de Roterdam, seu ícone máximo desse gênero literário. Tal manual influenciou um período compreende desde o século XVI a meados do XIX. Quando foi lançado em 1530, A Civilidade Pueril tinha o intuito de ser apenas mais um manual de regras de comportamento em público dirigida a um jovem herdeiro da família que abrigava e protegia Roterdam na Basiléia.
Contudo este livreto é bastante inovador em sua construção e no seu público, é pontualmente a primeira vez que um texto de instrução comportamental é direcionado a crianças (já que pelo conceito medieval as crianças eram apenas homens diminutos) e de todas as classes sociais, talvez por isso tenha sido um grande sucesso editorial da época, já que em apenas 100 anos do seu lançamento o livreto tenha sido traduzido para 15 línguas, o que também se deve o fato da um maior número de impressão de livros, conseqüência da técnica de tipos móveis levada e aperfeiçoada por Gutemberg, na região da atual Alemanha.
O que motivou Erasmo a escrever este manual, seria demonstrar que através da linguagem corporal o indivíduo, seja um adulto ou uma criança, projeta para fora de si mesmo seus conceitos mais íntimos e desta forma ficam expostos a sanção ou a aceitação de um determinado grupo. E estas regras seriam supra necessárias para um saudável convívio na sociedade e, assim seria possível manter devidamente a ordem de uma população que passava paulatinamente a conviver mais condensada pelos espaços da cidade, já que diferentemente do medievo a vida moderna é de característica em essencial urbana.
“Até então, erigiam-se em normas práticas particulares , adequadas a grupos ou meios restritos. Erasmo, ao contrário, quer fundamentar numa aprendizagem gestual comum uma transparência social na qual vê a precondição necessária à concretização de uma sociabilidade generalizada.(...) A verdadeira civilidade consiste em livrar-se de todos os idiotismos e reivindicar somente expressões corporais que são reconhecíveis e aceitáveis para o maior número. Pois seu único objetivo é unir mais os homens.”[3]
Erasmo não pretendia criar um código de comportamento, mas sim uma linguagem que tornasse possível a convivência de todos, e esta linguagem, sendo inserida prioritariamente na vida das crianças, traria sucesso nas relações entre adultos. Assim estaria sendo criado um ciclo de aprendizagem onde não seria mais necessário o uso do manual, pois as crianças aprendiam por observação e imitação do que era apresentado pelo adultos, esta concepção representa um espécie de marco no tratamento relegado ao pueris.
As crianças pós Erasmo passaram a ir a escola e não mais a serem educadas exclusivamente no foro familiar, esta inovação educacional deve a leitura dos protestantes sobre A Civilidade Pueril, que numa visão reformadora passaria a representar não mais um livreto com regras de etiqueta mais sim um verdadeiro manual pedagógico onde a formação da criança passaria a ser fundamental para a sociedade ter homens de bem.
Como é no corpo que mora o espírito santo, tanto para católicos como para os protestantes, a necessidade de se controlar os instintos através do controle do corpo se tornou crescente. Porém essa não era a única razão para a crescente utilização das regras de civilidade, mas sim ao ligar o código de comportamento a determinados vínculos sociais de uma aprendizagem generalizada aumentou-se o abismo que até então não era tão aparente entre ricos e pobres.
A civilidade passou a ser um comercio social, onde o individuo fazia de sua linguagem corporal um código a ser reconhecido e assim ser inserido num determinado contexto de relações sociais. As mudanças econômicas deste período aumentaram ainda mais os abismos dos estratos sociais. Apesar de certa mobilidade que não existia no período medieval a Idade Moderna separou de maneira muito mais visual a diferença entre quem se encontrava nesse novo mundo e entre quem vislumbrava apenas fazer suas refeições corretamente.
“O luxo do vestuário é contagioso e, com ele, a nobreza atraiu a si todos que, de um ou de outro modo, podiam esperar vir um dia a entrar nessa camada superior da sociedade. Os burgueses envergonhavam-se de ser burgueses e fingiam nobres enquanto esperavam por sê-lo. (...) Estava a formar-se no seio das corporações uma noção de aristocracia: testemunho suplementar sobre a tendência geral da época para separar com nitidez o mundo dos ricos -fidalgos e eventuais candidatos à fidalguia- do mundo dos trabalhadores manuais.”[4]
Na França, em 1703, um irmão de caridade, Jean-Baptiste de la Salle, fez mais uma das inúmeras releituras da Civilidade Pueril, chamada: Regras do decoro e da civilidade cristã. Neste livro, La Salle, retornou ao ideal de Erasmo em relação ao ideal das crianças fora do círculo de riqueza estabelecido, porém sugeriu a criação de uma certa rede de policiamento de gestos que limitaria a espontaneidade, algo literalmente fora da moda entre as elites nesse período. Esta rede que ligava a fé, a moral e a educação, que para alguns era a verdadeira civilidade, foram se transmutando em um comercio social de claros privilégios aristocráticos que visavam na verdade reafirmar a posição social de alguns e sua diferença para a maioria da sociedade.
Montaigne no século XVI já criticava esse engessamento gestual, e defendia uma liberdade de ação da linguagem do corpo para que, ao contrário do que se pregava, as pessoas pudessem se reconhecer melhor no convívio social. Ele entendia que seria impossível aplacar os códigos cognitivos transmitidos pelo corpo, pois muitos deles demonstravam o nosso íntimo sem ao menos ter sido voluntário como no caso as lágrimas.
As regras de civilidade se impuseram como uma forma que limitam, ou mesmo negam, a vida privada e o individuo social; este passa a ser somente uma peça do conjunto onde todos visam uma representação de sinais que não apenas não lhe são próprios mais apropriados de uma realidade que não é a dele, transformando primeiro suas atitudes em gestos íntimos e posteriormente em inconfessáveis.
A Civilidade Pueril tornou-se, com seus desdobramentos ao longo de quase três séculos, o retrato dessa concepção moderna de convivência social entre e para os indivíduos, onde o interno é proibido e as formas de identificação e controle são feitas com o intuito de criar nichos num verdadeiro teatro de ações. Já não mais as regras são somente ligadas a uma gestão pessoal como anteriormente, mas tornam-se fruto de uma prioridade coletiva para a diferenciação do que é a elite nos novos tempos.
Esse controle social, através do uso da civilidade, sofreu seu primeiro choque ideológico e sua primeira perda da razão de ser com o movimento iluminista. O ataque ao modus vivendi da elite na corte trouxe para a realidade a indagação de qual a verdadeira necessidade de se comportar com tantas regras e pouca liberdade? Os iluministas, para atrair o apoio popular, ou seja, das pessoas que não participavam dessas verdadeiras encenações, e questionavam a legitimidade dessa diferenciação, pois era o povo que sustentava toda essa estrutura que tornava a elite como tal.
Dentro desse contexto, Rousseau propõe uma retomada da vida em foro familiar, principalmente das crianças que deveriam a ser educadas por um tutor em suas próprias casas, de modo que assimilassem as atitudes oriundas de seus pais. Rousseau entendia que apenas dessa forma seria possível expurgar da sociedade a pompa causada pelo excessivo e desnecessário uso das civilidades e dessa forma tornar a sociedade mais igualitária e verdadeira: é com esta concepção que Rousseau fundamenta sua teoria do Bom Selvagem.
Depois do grande choque que essas teorias causaram na sociedade moderna, o homem, esse fator transformador, foi relegando, aos poucos, essas regras de comportamento, de tal forma que elas foram praticamente extintas. Mas há quem diga como Norbert Elias que continuamos inseridos na mesma situação de controle social experimentada pelo homem dos tempos modernos.

“...o projeto de um sistema de reconhecimento que deveria permitir a construção de uma sociabilidade regulamentada já não evoca senão normas autoritárias e uma comédia de aparências à qual as pessoas humildes ainda têm a fraqueza de conceder algum crédito. Antes que novos códigos de comportamentos coletivos se imponham, a civilidade faz um triste papel face ao triunfo do indivíduo e de sua irredutível espontaneidade.[5]


_____________________________________________Sobre o autor e sobre a obra

§ Norbert Elias no contexto das contribuições à História Cultural
Para abordarmos o tema da mudança dos costumes na modernidade, recorremos à obra de um grande sociólogo alemão o qual deixou uma grande contribuição à chamada História Cultural. O livro O Processo Civilizador pode ser inserido dentre várias obras que integram uma tradição historiográfica que se inicia na Alemanha, nas últimas duas décadas do século XVIII. A partir de agora, procuraremos contextualizar a figura de Norbert Elias nessa tradição.
Peter Burke, no livro O que é História Cultural, mostra que as primeiras histórias da cultura humana ou de determinadas regiões aparecem na região da atual Alemanha, a partir de 1780. A kulturgeschichte, a história cultural tem berço alemão e se desenvolve mais fortemente durante o século XIX. Isso pode ser explicado pelo largo emprego do conceito de kultur (cultura) em detrimento de Zivilisation (civilização), mais aceito e difundido na França e na Inglaterra (civilisation e civilization, respectivamente).Esses empregos de vocabulário possuem significados mais amplos e a diferença conceitual entre o mundo germânico e a França permite entender o pioneirismo alemão na História Cultural.
Segundo Fernand Braudel, em sua Gramática das Civilizações, a palavra “civilização” surge na França, no século XVIII, criada a partir das já existentes, desde o século XVI, “civilizado” e “civilizar”. Até 1732, era um termo de jurisprudência e significava um ato que torna civil um processo criminal. Vinte anos depois, ganha um sentido moderno de “passagem ao estado civilizado”, ao ser empregada por Turgot. A primeira aparição em texto impresso ocorre em 1756, quando Mirabeau publica o Traité de la population. Braudel ainda acrescenta que Voltaire esboçara a primeira História Geral da Civilização, mas não empregara o termo, um neologismo até então.
A partir desse momento, o vocábulo civilização passa a significar uma oposição à idéia de barbárie. Traça-se um contraste entre o civilizado e o bárbaro, primitivo, selvagem. O novo emprego de “civilização” surge, segundo Braudel, da necessidade de um substantivo que remetesse à polidez, ao polido, ao civil, ao civilizado.
Na segunda metade do século XVIII, a palavra “civilização” percorre a Europa e, por volta de 1772, está na Inglaterra sob a forma “civility”. Na Alemanha, o vocábulo é “zivilisation”, possuidor enquanto conceito de valor menor em relação a “kultur”.
A distinção entre cultura e civilização começa a ser traçada a partir do fim do século XVIII e o processo se alastra pelo século XIX. Civilização passa a compreender valores morais e materiais e Marx organiza “civilização” e “cultura” no sistema das estruturas e das superestruturas.
Na Alemanha, na Polônia e na Rússia, fica existindo um primado da cultura que abarca o espírito, os ideais, valores morais e princípios normativos enquanto o conceito de civilização possui um valor menor: compreende um conjunto de técnicas e práticas. Já na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos o primado é da “civilização” e a palavra cultura só conserva sua força quando se trata de designar qualquer forma pessoal da vida do espírito[6]. Nesses últimos países o conceito de civilização tem uma dimensão coletiva, reflexo de nações de unificação política mais antiga e que se expandiram colonialmente.
Ainda no século XIX, a antropologia anglo-saxônica procurava por uma palavra diferente de civilização para as sociedades primitivas, que ainda precisavam passar por um “processo civilizador”. Dessa busca, resulta um contraste entre culturas primitivas e civilização moderna.
Enquanto isso, por volta de 1850, na Alemanha, o adjetivo “cultural” passa a compreender o conjunto do conteúdo abrangido simultaneamente por civilização e cultura. A civilização é entendida como um conjunto de bens culturais, o território é uma área cultural e a história cultural, uma história dos empréstimos ou transferências culturais e espirituais.
Outra mudança nesses conceitos que acontece durante o século XIX é o emprego da palavra “civilização” no plural, a partir de 1819, segundo Braudel. O termo ganha um novo sentido: conjunto das características que a vida coletiva de um grupo ou de uma época apresenta. O plural vai possuir uma prevalência no século XX e as inquietações do conflito mundial trazem uma dificuldade na definição do que é civilização. Para o baluarte da Escola dos Anales, “o emprego do plural corresponde ao desaparecimento de certo conceito, a supressão progressiva da idéia peculiar ao século XVIII de uma civilização confundindo com o progresso em si”[7]. No século XX, não se pode definir a melhor das civilizações, o singular perde o brilho que lhe era particular no século XVIII e a civilização passa a ser um bem compartilhado igualmente pressupondo bens coletivos. A civilização é entendida como algo unificador e o seu passado será uma história dos empréstimos, mantendo particularismo e originalidades.
Sobre o conceito de civilização, Norbert Elias pensa que “com essa palavra, a sociedade ocidental procura descrever o que lhe constitui o caráter especial e aquilo de que se orgulha: o nível de sua tecnologia, a natureza de sua maneira, o desenvolvimento de sua cultura científica ou visão de mundo, e muito mais”[8]. Fica visível uma idéia de civilização como palavra que descreve o orgulho de uma sociedade, mas que tal idéia apresentava uma variabilidade entre as nações ocidentais: os franceses a utilizavam para exprimir o orgulho de sua importância para o progresso da humanidade, os alemães lhe atribuíam um valor secundário, comparado ao da cultura.
A distinção entre os dois empregos conceituais (alemão e francês) era a de que “o conceito francês pode se referir a fatos políticos ou econômicos, religiosos ou técnicos, morais ou sociais. O conceito alemão de kultur alude basicamente a fatos intelectuais artísticos e religiosos e apresenta a tendência de traçar uma nítida linha divisória entre fatos deste tipo, por um lado, e fatos políticos econômicos e sociais, por outro.”[9] Portanto, o conceito francês de civilização remete a realizações, atitudes, comportamentos particulares. Para os alemães, o comportamento particular possuía valor secundário frente às realizações intelectuais e artísticas, contemplados pelo conceito de cultura.
A civilização descrevia um processo ou seu resultado, um movimento constante para a frente, buscando minimizar as diferenças nacionais, enfatizando valores universais como é característico do Iluminismo. No conceito de cultura, as obras se expressam na individualidade de um povo, dando ênfase às diferença nacionais e à identidade particular de grupos. A predominância dessa idéia no mundo germânico é o puro reflexo de uma unificação tardia e permanente necessidade de questionar a própria identidade questionar o que é de fato alemão. É nesse sentido que podemos compreender os exemplos de Goethe e Herder e sua empreitada de iniciar nas universidades um movimento de afirmação da identidade alemã através da língua. É fato também que, exagerando essa postura, Herder deixou a trágica herança do nacionalismo étnico.
Elias coloca que as noções acima debatidas nascem de ocasiões históricas e em atmosferas emocionais e tradicionais que acabam se enraizando chegando a uma espécie de naturalização do conceito.
Sobre a antítese entre os conceitos de cultura e civilização no mundo alemão, Elias menciona uma nova vida do conceito de cultura após a I Guerra Mundial. Esse fato é reflexo do ressurgimento do debate sobre a identidade após a derrota alemã e das críticas feitas ao evolucionismo e ao progressismo, enfim, dos valores modernos, com destaque para a figura de Nietzsche. Esse desencanto com a idéia de progresso é também a tônica do movimento estruturalista e, posteriormente, do pós-estruturalismo.
A nova vida do conceito de cultura também decorre da idéia de que a imagem criada em torno do conflito mundial ter sido uma guerra contra a Alemanha em nome da civilização, defendida pelas nações aliadas. Para Norbert Elias, o antagonismo entre essas idéias no início do século XX revive uma antítese que remonta ao século XVIII. Trata-se de uma antítese dentro da própria Alemanha: a polêmica entre uma nobreza cortesã, versada em francês e que se diz “civilizada”, diferenciada por um comportamento peculiar; e uma intelligentsia de classe média, que fala alemão e é legitimada por realizações culturais, científicas ou artísticas.
O que se pretendeu até aqui foi observar que as condições históricas imprimiam aos alemães uma hegemonia do conceito de cultura e essa prevalência é um elemento decisivo para o seu pioneirismo na História Cultural. Também foi observada a maneira como Norbert Elias concebia esse debate.
Retornando à trajetória da História da Cultura, Peter Burke a divide em quatro fases:
· História Cultural Clássica (1800-1950)
· História social da arte (anos 30)
· História da Cultura Popular (anos 60)
· Nova História Cultural
Iremos nos restringir aqui à primeira fase e à contribuição dos sociólogos ao estudo da história cultural, até publicação da obra de Norbert Elias O processo civilizador, em 1939.
A fase chamada clássica por Burke, abrange as contribuições de Jacob Burckhardt e Johan Huizinga. O primeiro publicou, em 1860, A cultura do Renascimento na Itália abordando temas como o individualismo, a competitividade, a autoconsciência e modernidade na arte, literatura, filosofia e política da Itália renascentista. Huizinga publicou, 1919, Outono da Idade Média discutindo valores dos ideais de vida, visões da Idade de Ouro e o culto ao cavalheirismo.
Segundo Burke, aquelas eram obras que buscavam pintar o retrato de uma época e concentravam-se em obras de arte, literatura, filosofia e ciência. Eram obras que permitiam entender certas outras, contextualizando-as. Os historiadores culturais de então se preocupavam em fazer conexões entre as diversas artes, e suas interpretações de obras-primas possibilitou uma ampliação da hermenêutica.
No início do século XX, significativas contribuições ao estudo da História Cultural são devidas a esforços de intelectuais que não eram historiadores. Entre essas contribuições estão a de Max Weber e a Norbert Elias.
Weber publicou, em 1904, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, estudo no qual propunha uma análise das raízes culturais do que chamou de “sistema econômico dominante na Europa Ocidental e na América”. Era uma tentativa de apresentar uma explicação cultural para a mudança econômica, observando o papel do ethos protestante na acumulação de capital.
A geração seguinte trouxe o trabalho de outro sociólogo alemão. Norbert Elias escreveria O processo civilizador em 1939, obra essa que era essencialmente uma história cultural. Ele utilizou o livro Mal Estar na civilização de Freud (1930) o qual argumenta que a cultura exige sacrifícios do indivíduo nas esferas do sexo e da agressividade. Apoiou-se também na obra de Huizinga para estudar a mente violenta e apaixonada da Idade Média.
Em seu estudo, vai focar a história dos modos à mesa, a fim de montar o desenvolvimento gradual do autocontrole ou do controle sobre as emoções nas cortes da Europa Ocidental. Elias tece uma ligação entre as pressões sociais do autocontrole, nos séculos XVII e XVIII, e a centralização do Estado e a submissão ou domesticação de uma nobreza guerreira[10]. A obra de Elias é um dos primeiros estudos sobre minúcias e uma importante contribuição para o estudo da chamada “cultura do autocontrole”.
Elias demonstra sua ciência do debate entre cultura e civilização quando afirma que vai escrever sobre civilização e não cultura, sobre a superficialidade e não a profundeza, e se propõe a contar a história do garfo e da faca e não a do espírito humano.
A partir de agora, observaremos como Norbert Elias trata certas mudanças no comportamento em seu livro O processo civilizador.

___________________________________________________Dos costumes

§ O comportamento social dentro do quarto
Elias analisa a história dos costumes europeus, mais precisamente em alemães e franceses, concentrando-se nas mudanças das regras sociais e no modo como o indivíduo as percebia, modificando comportamentos e sentimentos. Norbert Elias buscou informações em livros de etiquetas e boas maneiras, desde o século XIII até o presente, para mostrar que nossos hábitos se colocam em um determinado estágio de uma evolução milenar. O autor prova que desde a Idade Média, em que o controle das pulsões era bastante reduzido, até os nossos dias, as classes dirigentes foram lentamente modeladas pela vida social, e a espontaneidade deu lugar à regra e à repressão na vida privada.
Comportamentos realizados no quarto de dormir sofreram constantes mudanças durante o tempo da transição da Idade Média para a Modernidade devido modificações na moralidade social das diversas épocas. Durante o século XV, no período de 1463 a 1483, era comum a chegada de visitantes com a finalidade de se hospedarem nas residências de seus subordinados. No entanto a cama neste período era algo raro, logo era conveniente ao dono da casa que esperasse o superior ir deitar primeiro e que o deixasse a vontade para escolher o lado da cama do seu agrado. E sem muitas demoras desejasse ao seu superior boa noite, já que lugar de conversas é na sala.
Neste primeiro período estudado pela etiqueta ainda medieval percebe-se o respeito e a consideração devida, principalmente, aos superiores. No entanto, ainda não havia um sentimento de vergonha diante de um estranho ao circulo familiar. O comedimento exigido dos homens era, de certa forma, diferente dos posteriores mencionados por Erasmo, por exemplo, que seriam voltados para o decoro pessoal voltado não ao respeito ao outro, mas as exigências morais e ao respeito pessoal.
Em 1530, Erasmo recomenda que, na presença de outro, no quarto de dormir, o ato de despir seja de extremo decoro para a outra pessoa, impedindo-a de ver aquilo que a moralidade requer que seja ocultada. Ao dividir a cama com um companheiro é necessário deitar-se levemente, não mexer demasiadamente o corpo para não incomodar ou descobrir o outro, e ao levantar ser discreto para não acorda-lo. Embora em 1530 os conselhos de como agir no quarto sejam parecidos com os de 1555, Pierre Broë é mais incisivo quando propõem que “ao dividir uma cama com outro homem, fique imóvel.”11
Com o decorrer do tempo há certa facilitação para a obtenção da cama; ela passa a ser mais acessível, logo a moralidade e os costumes se moldam à nova realidade. Em 1729, La Salle orienta que eticamente não é aconselhável despir-se e nem ir para cama com qualquer outra pessoa, principalmente pessoas de outro sexo, a não ser que sejam casados. É permitido que duas crianças ainda de sexos diferentes passem a noite na mesma cama se forem ainda muito pequenas.
Ainda em 1729, se por força maior for necessário dividir uma cama entre pessoas do mesmo sexo é essencial que não fiquem perto, evitando o toque entre as pernas, perturbando o sono alheio. E assim como no período de 1463 a 1483 ainda se considerava desagradável a conversa e a prosa dentro do quarto.
Era desconfortável, também no mesmo período, deixar exposto para outras pessoas objetos utilizados durante o sono, como por exemplo, a touca de dormir. Era incomum, principalmente para as mulheres, ir para casa com a roupa de uso diário, pois outras pessoas suspeitariam de que ela tivesse algum defeito físico. Uma camisola especial, posteriormente, passou a ser adotada, espalhando-se de forma gradual pela Europa, sendo assim um símbolo de mudança aumentada pela sensibilidade com tudo àquilo que entrava em contato com o corpo. De um modo, geral, as pessoas leigas dormiam nuas, no entanto nas ordens religiosas, inteiramente vestidas de acordo com as regras.
Em La Salle continua, em 1774, advertindo que duas pessoas de sexo diferentes durmam num mesmo quarto. E se caso for inevitável, é necessário a separação das camas, para não ocorrer falta de pudor. Caso seja obrigado a dividir a cama com uma pessoa do mesmo sexo, o que nesse período segundo o autor raramente acontece, devesse manter um rigoroso recato. Ao amanhecer, como nos outros períodos é de extrema educação levantar sem incomodar o que ainda dorme. E tendo dormido o suficiente é essencial que se retire da cama, caso contrário representará indolência e frivolidade, segundo o autor.
O cômodo da casa reservado ao sono tornou-se, na Idade Moderna uma das áreas mais privadas para a intimidade humana. À família ainda era permitido partilhar a vida intima, mas de extrema falta de decoro com pessoas alheias à vida familiar. No entanto na Idade Média era inteiramente normal receber em um quarto visitantes, ou seja, pessoas de fora da família, superiores em sua maioria. Além de ser normal, nessa época, várias pessoas passarem a noite num mesmo quarto.
Na Idade Média, o pudor e a vergonha de estar nu não incomodavam às pessoas. Isso fica claro quando Norbert escreve que “os cavaleiros medievais eram atendidos no banho por mulheres; do mesmo modo, eram elas que lhes levavam à cama bebida de despedida da noite”12. É, também, interessante ressaltar que nos momentos de banho as pessoas se despiam em casa e iam nuas pelas ruas até a casa de banhos. De acordo com o estudo das normas de etiqueta notamos que lentamente a despreocupação desaparece no século XVI e mais rapidamente nos séculos posteriores, sendo via de regra de cima para baixo, ou seja, o pudor iniciou-se nas classes altas e depois foi se popularizando.

§ Do hábito de assoar-se em público
Embora as regras de etiqueta, já do século XIII, não se preocupassem com modos adequados de esconder o espiro, eles já se precaviam com a limpeza dos alimentos, sendo de extrema falta de decoro assoar-se à mesa de refeições. E, no século XV, passa a ser indelicado assoar o nariz na toalha da mesa, e é terminantemente proibido assoar o nariz com a mesma mão que se vai comer a carne, ou seja, mais regras são impostas para que nada atrapalhe o momento das refeições.
Aparece no século XVI um objeto que intermediaria a necessidade de assoar-se e a falta de respeito com os presentes no ambiente. Esse objeto muito valioso, e no inicio de sua criação, pouco acessível é o lenço. A partir de então passou- a ser grosseiro, na presença de pessoas mais respeitáveis, limpar o nariz no chapéu, na roupa e nas mãos: o correto era se virar e limpar as narinas com um lenço, no entanto se mesmo de depois de utilizado o lenço algo caísse no chão era essencial que fosse pisado imediatamente, por quem espirou. Em 1558, ainda sobre o lenço, De Galateo recomenda que o mesmo não seja oferecido a ninguém, a menos que esteja limpo. E depois de usá-lo para assoar o nariz não o abra, já que nada de precioso esta lá dentro.
Como já foi mencionado, embora o lenço seja de estrema importância para os bons modos da época, ele era de estremo valor, assim fica claro pelo trecho extraído de um decreto de amor de Martial d’Auvergue:
“a fim de que ela não esquecesse, ele mandou lhe fazer um dos mais belos e suntuosos dos lenços, no qual seu nome estava gravado em letras entrelaçadas da forma a mais bela, pois eram ligadas a um lindo coração dourado, orlado por minúsculos ilhozes em forma de coração”13.
Possuir lenços valiosos também acontece com Henrique IV, que ao comparar, em 1594, a quantidade de camisas e lenços, embora percebesse que possuía dezenas de camisas, somente possuía cinco lenços trabalhados em ouro, prata e seda no valor de 100 coroas.
Em fins do século XVII ocorre o auge do refinamento com conselhos sobre boas maneiras e comedimentos. Courtin, em 1672, aconselha que se evite bocejar, assoar o nariz e escarrar, mas se os for necessário, que as ações sejam feitas de forma discreta com a utilização do lenço e virando o rosto e ocultando-se com a mão esquerda. Devido a ação de assoar o nariz ser algo que ocasionava repudia em muitas pessoas, a denominação que antes era “lenço para assoar o nariz” passou a ser, em 1694, somente lenço.
No século XVIII, as crianças da classe média ainda podiam se comportar como adultos da Idade Média, segundo escritos deixados pelos livros de etiqueta em 1714, de autor anônimo: “tendo todo cuidado de não assoar o nariz nos dedos ou na manga, ‘como criança’. Use o lenço e não olhe para ele depois” 14. Embora os lapsos cometidos pelas crianças devem ser corrigidos pelos pais assim como escreve La Salle em 1774.
Um pouco antes, em 1729, também, La Salle recomenda que as roupas mesmo de pessoas pobres devem estar limpas, logo nada que seja retirado do nariz pode ser limpo nelas. Vimos que embora o lenço seja um instrumento aparentemente simples, não quer dizer de pouco valor, ele tenha se mostrado com um desenvolvimento lento dentro da sociedade. Seu uso surgiu na Itália e foi difundido, embora lentamente, através de seu valor de prestigio. Somente com Luís XIV, possuidor de vários desses valiosos instrumentos de assoar o nariz, que o lenço se popularizou pelo menos no circulo da corte.

§ O comportamento a mesa
“O destino de uma época que comeu da árvore do conhecimento é ter de..reconhecer que as concepções gerais da vida e do universo nunca podem ser os produtos do conhecimento empírico crescente, e que os mais elevados ideais, que nos movem com mais vigor, sempre são formados apenas na luta com outros ideais que são tão sagrados para os outros quanto os nosso para nós”
Max Weber
Na belíssima reflexão de Max Weber, a palavra “sagrado” poderia ser substituída pelo vocábulo “óbvio” sem que a frase perdesse sua veracidade. Norbert Elias defende que os padrões culturais emergem de condições históricas e afetivas e que nós vivemos no resultado do processo e o esquecemos, chegando a atribuir obviedade às regras que seguimos.
Quando trata da mudança das maneiras à mesa, Elias começa a argumentação utilizando diversos fragmentos de guias de comportamento à mesa a partir do século XIII. Com isso ele pretende mostrar o aumento progressivo da disseminação de maneiras e modelos cortesãos por estratos mais amplos da burguesia. O autor menciona o espalhamento de diversos livros baratos sobre civilidade pela França, no século XVIII.
Essa difusão promove uma ampliação do conhecimento das maneiras das classes altas e a imitação por parte dos estratos mais amplos. Há a perda do hermetismo e dos fatores distintivos da classe alta, residentes no comportamento que lhes é particular. Em face disso, a classe alta ira inventar novas maneiras a fim de garantir sua exclusividade. Elias argumenta que o autocontrole surge da pressão interna da corte em garantir seu status social. A universalização do conceito de civilização a coloca como modelo, diminui o ritmo das mudanças e tolhe a exclusividade. Elias menciona a disseminação dos costumes de cima pra baixo, na direção corte-burguesia.
Por volta do século XIX, esses padrões são tidos como algo natural e óbvio: o anterior é bárbaro. As proibições foram se tornando hábitos internalizados, parte do autocontrole. Analisando os manuais de conduta, Elias mostra que com o passar do tempo, algumas regras são omitidas, simplesmente por que não precisam mais ser ditas.
Acompanhando o ritmo das mudanças, Norbert Elias coloca que elas são mais rápidas durante os séculos XV e XVI, pela reação da classe alta em se esmerar em refinamentos. Esses são cada vez maiores em decorrência da necessidade de afirmar seu status social frente à ascensão de uma burguesia legitimada por realizações intelectuais e artísticas e que vai incorporando os costumes nobres. Em face disso, a nobreza toma uma postura defensiva, inventando regras para garantir sua sobrevivência.
Em certo momento, o significado da civilidade acaba se esvaziando, em face de uma exaustão da nobreza em reinventar maneiras finas e conceito de civilização muda de dimensão porquanto passa a ser um estágio ao qual todos devem chegar, um modelo a ser expandido. A idéia de civilidade perde o caráter restritivo, assim como ocorreu com o conceito medieval de cortesia.
Sobre os modos a mesa, Elias ainda detalha o hábito de comer carne e o uso da faca à mesa. No primeiro caso, o formato dos pratos vai abandonando a aparência do animal vivo. A carne recebe maior processamento em virtude de um incremento na tecnologia de consumo, mas também por uma tendência do processo civilizador que, segundo Elias, tende a eliminar as características animais do ser humano e, por extensão, de seus alimentos. Há uma redução nos pedaços da carne e modificações na forma de trinchar. O caso da faca relata a tendência à diminuição do uso da faca à mesa e da aparição de convenções acerca do seu uso em público e formas de passar a faca de mão em mão, reguladas por um receio da violência. Nas duas situações, Elias menciona um avanço da sensibilidade e do horizonte da repugnância que regulam essas mudanças, que futuramente serão confirmadas pela obviedade da higiene.
Outra idéia que o sociólogo alemão utiliza para observar a nobreza como irradiadora desses padrões é a existência de uma organização social que permita a existência de uma classe que possua tais poderes e aptidões.

_______________________________________________Reflexões Finais


Esse trabalho deve ser entendido como uma seleção de textos, julgados por nossa equipe, interessantes para uma discussão sobre as mudanças dos costumes na modernidade e sobre a idéia de civilidade no mesmo período. Foi por demais frutífero o contato com alguns autores clássicos, como Erasmo de Roterdam e, o mais recente, Norbert Elias.
Foi possível também o diálogo com as idéias de civilização, cultura e civilidade e a importância da polêmica entre esses conceitos no estudo de um ramo bastante amplo da historiografia que é a História Cultural. A leitura do trabalho de Norbert Elias, O processo civilizador, ampliou as nossas perspectivas sobre um tema que parece despretensioso, mas que revela nuances da mais alta profundidade e riqueza para o entendimento da sociedade moderna.
Por último gostaríamos de relatar o quanto aprendemos e o quanto descobrimos ignorar, bem como afirmar o entusiasmo em aprofundar as leituras sobre uma temática tão sedutora.

_____________________________________________Bibliografia

BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. Lisboa: Edições 70, 19.87.
BRAUDEL, Fernand. Gramática das Civilizações. São Paulo: Martins Fontes, 1989. DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editora Estampa, 1984. Vol. I.
DUBY, Georges. A Sociedade Cavaleiresca. São Paulo: Martins Fontes, 1989. DURANT, WiIl. A Renascença. 2ª ed. Rio de janeiro: Record,1953.
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Tradução de Ruy Jungman. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1994. Vol.
REVEL, Jacques. Os Usos da Civilidade in: História da Vida Privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Schwarcs, 1991.

















[1] REVEL, Jaques. Os Usos da Civilidade in: História da Vida Privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Schwarcs, 1991 p. 169
[2] DELUMEAU. Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editora Estampa, 1984. Vol. I p.277

[3] REVEL, Jaques. Os Usos da Civilidade in: História da Vida Privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Schwarcs, 1991 p. 173-174.
[4] DELUMEAU. Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editora Estampa, 1984. Vol. I p.290

[5] REVEL, Jaques. Os Usos da Civilidade in: História da Vida Privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Schwarcs, 1991 p. 208
[6] BRAUDEL, Fernand. Gramática das Civilizações.
[7] BRAUDEL, Op. Cit.
[8] ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994. p.23
[9] ELIAS, Op. Cit. P.24
[10] A expressão “Nobreza Guerreira” merece aqui atenção especial. Em 1937, dois anos antes da publicação do estudo de Elias, Marc Bloch publicava A Sociedade Feudal e propunha uma discussão sobre a origem da nobreza de fins da Idade Média. Bloch propôs uma nobreza independente daquela da época carolíngia e bastante atrelada à cavalaria, daí a idéia de uma nobreza guerreira. E foi apoiado nessa teoria que Elias trabalhou. Entretanto, estudos mais recentes como os Leopold Genicot, K.F. Werner e de Georges Duby propõem uma nobreza de fins da Idade Média ligada àquela carolíngia e portanto independente da cavalaria, embora as duas tenham se unido por volta de 1150 em uma categoria jurídica (isenção de banalidades), não se pode falar de uma nobreza tão essencialmente guerreira em fins do período medieval.

11 ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Tradução de Ruy Jungman. vol.1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1994. Pág 163.
12 ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Tradução de Ruy Jungman. vol.1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1994. Pág 165.
13 ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Tradução de Ruy Jungman. vol.1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1994. Pág. 149.
14 ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Tradução de Ruy Jungman. vol.1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1994. Pág. 150.

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