quinta-feira, novembro 16, 2006

Consciência Negra na Sociedade Orpheu de São Leopoldo

Esta notícia veio no noticiário da cultura alemã. Foi enviada por Carla Dutra. Apresenta algo novo nas relações entre os brasileiros. Anuncia-se que será feita por brasileiros uma festa em um clube brasileiro, só que este clube foi fundado por alemães que chegaram no Brasil na segunda metade do século XIX e, só recentemente passou a ceitar frequentadores de outras cidades. Este ano está alugando o seu espaço para Festa da Consciência Negra, no dia 20 de novembro.

Quase 150 anos depois de ser fundada, uma das mais tradicionais sociedades germânicas do Estado vai abrir hoje as portas para o movimento negro. A convite do presidente Iloir Roberto Mendel, a Sociedade Orpheu será o palco do baile que marca a abertura da Semana da Consciência Negra de São Leopoldo, no Vale do Sinos. A festa se tornou atração na cidade, considerada o berço da colonização alemã no país. Fundado em janeiro de 1858 por oito alemães que costumavam se reunir para cantar, o mais antigo clube social do Brasil sempre foi visto como um lugar para poucos. Com o objetivo de cultivar as tradições germânicas e promover a integração entre os imigrantes, o estatuto da sociedade é escrito no idioma de origem. Até 40 anos atrás, negros não eram aceitos. Pessoas de outras cidades também não eram bem-vindas. Candidatos a sócio passavam pelo crivo da diretoria e tinham a foto exposta durante um mês para serem avaliados. Para o coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de São Leopoldo, Gilberto Silva da Silveira, o evento de hoje - com show de Jair Rodrigues e de Luciana Mello - é um marco. - É um símbolo de tolerância, de integração e de reconhecimento da diversidade. Mostra que São Leopoldo supera o preconceito. Para a comunidade negra, esse é um momento de afirmação e de fortalecimento de sua auto-estima. Esse baile simboliza uma travessia, um instante inaugural - avalia.
Este país carrega muita esperança. Essa esperança tem outras faces. No sertão de Pernambuco e do Nordeste da Bahia, há uma tradição de se criar clube dos Artífices, Dos Morenos, pois havia clubes para os brancos e os negros não podiam entrar e dançar naqueles espaços. Isso ainda nos anos setenta do século XX. Esses clubes estão em desuso e alguns completamente abandonados. Em Rodelas, BA, um estudante escreveu uma nonografia sobre o Clube dos Morenos. Em Belém do São Francisco as paredes do Clube dos Artífices cairam e, depois de um ano estão sendo reconstruidas e recriada a associação com outros objetivos, agora menos restritivos. A nova associação terá um caráter mais cultural educativo, embora não pense em abandonar as festas, necessárias para repor as energias. São os brasis desse Brasil.

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