terça-feira, outubro 31, 2006

Depois da eleição

Passaram-se dois dias desde que foram fechadas as urnas e ficamos sabendo que Eduardo Campos é o novo governador de Pernambuco e Luiz Inácio Lula da Silva continuará sendo presidente do Brasil pelos próximos quatro anos. Este acontecimento aparentemente comum tem significados maiores para quem viveu outras épocas quando nada podíamos fazer para influenciar na escolha de quem seriam os nossos governantes. Só pude votar para governador do meu estado após os meus trinta anos e o mesmo para presidente. Alguns iluminados definiam o meu futuro e o futuro de todos. Lutávamos contra isso.
Quando Collor de Mello ganhou de Lula em sua primeira tentativa de ser presidente, muitos choravam. Eu não votei naquela oportunidade, estava viajando. Mas ouvi muito lamento. Quando da segunda derrota de Lula, estava morando no Rio de Janeiro e assisti pessoas pedindo "pelo amor de Deus" que não se deixasse FHC ganhar a eleição. FHC ganhou e derrotou Lula mais um vez com o instituto da re-eleição. Finalmente Lula foi eleito quando concorreu pela quarta vez e todos fomos para a rua comemorar as grandes mudanças que viriam. e vieram: O governo que esperávamos começou com hábitos tristes e deslumbrados pelo poder. algum dia vamos saber das pequenas concessões à vaidade que permitiram, mais tarde as grandes. Já sabemos, e estamos pagando, o preço da adesão de José Alencar. Foi-nos dito por Jefferson e confirmado pelo assessor de jornalismo da presidência - Kotcho; Assistimos uma sucessão de coisas inexplicáves, desde Ribeirão Preto até o Ministério da Fazenda. Ninguém foi punido, e tudo está sendo investigado "na valsa", como se dizia durante a República Velha.
Os operários que passaram a governar o país, muito rapidamente se acostumaram com as benesses do poder e se recusaram a pedir sacrifícios para a mudança. Todos mudamos, ficamos imunes às críticas e ameaçamos quando não concordam conosco. Fomos crescendo na ditadura dos militadres e estamos envelhecendo em outra ditadura, a que nos permite dizer que estamos a favor, a que nos pede que não olhemos para os "pequenos furtos" porque os outros já roubaram antes; uma ditadura que nos faz sofrer mais, pois nos deixa sem vontade de mudar, porque, como nos ameaçaram, será pior de não for re-eleito aquele que tudo pode deixar fazer.
Entretanto, estou contente que pudemos votar e, na medida do possível, debater as possibilidades. Sei que ainda vamos continuar dando esmolas para o povo mais pobre - não interessa que eles deixem de ser pobres, interessa que eles continuem pobres. Vamos continuar sem perceber que os sistemas de transportes coletivos, usado pelos mais pobres, está em crise porque os mais pobres estão indo para o trabalho a pé por não terem dinheiro para comprar as passagens; vamos continuar vendo crianças indo para a escola por causa da comida, uma vez que os salários dos seus pais não são suficientes para garantir a sua alimentação; vamos continuar vendo que todos fazem de conta que não veêm - na verdade uma grande parte não vê porque não tem olhos para além dos narizes e umbigos - mas sei que um dia os que veêm vão se ver de novo.

sábado, outubro 28, 2006

Liberdade de expressão

Recebi esta carta e escrevei oo texto que vem após ela. Não sei se será publicado.


Caro prof. Severino,
Sou repórter do caderno Aliás, que sai aos domingos no jornal O Estado de S. Paulo. Temos uma seção chamada “Fórum”, em que propomos uma pergunta polêmica para os leitores e, paralelamente, publicamos a opinião de dois especialistas no assunto da semana, um contrário e um favorável ao tema. Tendo em vista a prisão dos três rapazes que distribuíam panfletos contrários às cotas para negros nas universidades, o tema desta semana é “Distribuir panfletos com conteúdo racista é manifestar a liberdade de expressão?”. Eu gostaria de saber se o senhor gostaria de participar, defendendo o “sim” como resposta. Obviamente, a idéia não é defender o racismo, mas o direito que as pessoas têm de manifestar o que pensam. Caso o senhor aceite, há duas formas de sua participação acontecer: ou o senhor escreve um texto de 1.000 caracteres (com espaço) e me manda até as 18h de amanhã (sexta-feira) ou me concede uma pequena entrevista e eu mesma escrevo. De qualquer maneira, o texto sai assinado pelo senhor. Gostaria de saber o quanto antes se o senhor tem interesse.
Por favor, confirme o recebimento deste email.
Muito obrigada pela ajuda,
Flávia Tavares



O texto que escrevi é o seguinte:
Distribuir panfletos com conteúdo racista é manifestar a liberdade de expressão?[1]

Sim, embora isso possa parecer um uso inadequado. A liberdade de expressar-se tem sido uma conquista da sociedade moderna, digo tem sido, pois sempre que alguém publica uma idéia que diverge do comum, logo aparecem os sacerdotes da verdade única dispostos a inibir o ato da liberdade por sentirem-se proprietários da verdade. Os mais diferentes sacerdócios – religiosos ou seculares – foram responsáveis pelas ações que inibiram e inibem o ato livre de pensar e buscar o debate. Os sacerdotes das raças, pouco importa qual a sua epiderme, esses que procuram entender o mundo e os homens pelas cores, esses que entendem que a verdade está com a cor de sua pele, esses são inimigos da liberdade humana, do gênero humano, ainda que seus discursos pareçam se proteção deste ou daquele grupo. Precisam de proteção aqueles a quem os poderosos não permitem que desenvolvam livremente a sua humanidade. Deixemos o debate fazer surgir o melhor caminho enquanto caminhamos em liberdade.
[1] Escrito para a coluna Aliás do O Estado de São Paulo, a convite de Flávia Carolina Freitas Tavares - 26/10/2006

terça-feira, outubro 24, 2006

um livro afortundo

Terminei uma primeira leitura de livro escrito por Carlos André Cavalcanti e Francisco Carneiro da cunha, Pernambuco Afortunado:da Nova Lusitânia à Nova Economia. Como diz o segundo subtítulo, é uma visão panorâmica da colonização aos desafios do futuro. Graficamente temos um livro lindo, com belas fotos e diagramação que obrigará a Editora INTG esforçar-se para manter tão belo e alto padrão. E neste padrão vai o elogio à Gráfica Santa Marta, uma daa empresas que acredita em um Nordeste afortunado.
A leitura fácil e cativante leva o leitor a ver, ou rever, os diversos processos vividos pelo Leão do Norte, desde o seu achamento pelos portugueses até os dias atuais, quando se confronta com um futuro que terá que criar e enfrentar. Em sua suavidade, os autores lembram que muito deixou Pernambuco de andar por conta de suas fidelidades clânicas, fidelidades que têm impelido os pernambucanos, por diversos momentos na sua história, a impor um freio às possibilidades mais coletivas para o Província-Estado ou região. Cultivar o orgulho não significa lutar para manter a razão do orgulho.
A grande visão dos autores é oferecer uma idéia do que Pernambuco pode ser se vier a superar certos traços negativos de sua história, superando um suadosismo que está no seu Hino - "no passado teu nome era um mito" - para não mais ter dúvida que pode ser o primeiro no porvir.
O livro que acabei de ler é um retrato afirmativo das possibilidades de Pernambuco. É necessário que os pernambucanos acreditem nas suas produções.
Algo que senti falta no livro foi um maior espaço para as produções culturais do estado. A riqueza do teatro, da dança, da produção literária ficou escondida. Rápida menção a Chico Science. Para nós, os pernambucanos e os nordestinos, parece ser mais fácil vermos o que se produz fora da região; ou o que é pior, só reconhecemos o pernambucano que produz após ele ser reconhecido externamente. Temos mais facilidade de mencionar o já conhecido do que fazer conhecer o bom que os outros ainda não conhecem.
Parabéns a TGI, ao patrocinadores e aos apoiadores. Mais ainda, pareabéns aos autores.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Texto de Cristóvão Buarque

Conheci Cristóvão Buarque no final dos anos sessenta, ainda quando morava em Nova Descoberta. JKuntamente com outros jovens, unicversitários de classe média, Cristóvão nos auxiliava nos trabalhos do Conselho de Moradores. Depois fui seu aluno de Economia Política, no Instituto de Teologia do Recife. Mantenho imensa gratidão pelos ensinamentos e caminhos que ele me indicou. Abaixo as palavras de Cristóvão.

São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006 Folha de São Paulo

A Revolução Doce
CRISTOVAM BUARQUE
O Brasil precisa de uma revolução. Lápis no lugar do fuzil; escolas, em vez de trincheiras. Bastam 10 ações e uma nova mentalidade
O BRASIL chegou ao século 21 esbarrando em dois muros: o da desigualdade, que separa os pobres dos ricos, como se fossem habitantes de países diferentes; e o do atraso, que separa o Brasil dos países desenvolvidos. Sem derrubar esses dois muros, continuaremos a ser uma meia-nação, além de ser uma nação atrasada. Para rompê-los, não bastam os pequenos ajustes que caracterizam nossa história. O Brasil tem optado sempre pelo pequeno avanço. No lugar da abolição, preferiu leis para aliviar a escravidão, até que ela se esgotou. Mas nada fez para incorporar os ex-escravos. Em vez de uma industrialização consistente, preferiu o protecionismo estatal, com técnicas e capital importados. O resultado é que não temos uma demanda de acordo com o nosso tamanho, tampouco base financeira, científica e tecnológica que promova nossa inserção no mundo moderno com a inclusão de todos os brasileiros. O Brasil precisa de uma mudança de rumo, de uma revolução. O crescimento econômico se mostrou insuficiente para derrubar os muros; uma revolução social nos moldes antigos está fora de questão. O único caminho para reorientar o futuro e criar uma nação sem desigualdade e sem atraso está em uma revolução que comece pela educação da primeira infância e chegue à consolidação de um forte aparato científico e tecnológico. Uma revolução com o lápis substituindo o fuzil; escolas no lugar de trincheiras; professores, em vez de guerrilheiros; que distribua conhecimento, em vez de concentrar capital nas mãos do Estado; que tenha a infância, e não o proletariado, como os portadores do futuro. Uma Revolução Doce. É possível iniciar essa revolução no Brasil de hoje. Para tanto, são necessárias dez ações: 1) Concentrar o trabalho do MEC na educação de base -pré-escola, ensino fundamental e médio-, transferindo o ensino superior para o Ministério da Ciência e Tecnologia; e criar uma agência federal de proteção da criança. Assim, a União se comprometeria com o processo da educação básica, desde a primeira infância. 2) Garantir vaga na escola mais próxima de sua casa, para cada criança, no dia em que fizer quatro anos; e determinar a obrigatoriedade do ensino médio, ampliado para quatro anos e garantindo formação profissional. 3) Definir três pisos nacionais para a educação: um de salários, vinculado à formação e dedicação do professor, com a aprovação de um plano de cargos e salários dos professores, inclusive municipais e estaduais; um de padrão mínimo de equipamentos e instalações; e um de conteúdo mínimo de aprendizado de cada criança, em cada disciplina, em cada série. 4) Aprovar uma Lei de Diretrizes Educacionais, nos moldes da LDO, com metas a serem cumpridas em cada cidade e Estado, tais como universalização do ensino até o final do ensino médio, implantação do horário integral em todas as escolas e erradicação do analfabetismo. 5) Aprovar uma Lei de Responsabilidade Educacional, nos moldes da LRF, para punir cada dirigente executivo que descumpra as metas estabelecidas com a inelegibilidade futura. 6) Retomar a Secretaria para a Erradicação do Analfabetismo do MEC e seus programas, definindo o prazo de quatro anos para erradicar o analfabetismo de adultos. 7) Reformar o Bolsa Família, devolvendo-lhe o conceito de Bolsa-Escola, com vinculação educacional e administrativa ao MEC. 8) Refundar o sistema de ensino superior, ciência e tecnologia, definindo metas de curto e médio prazo, combinando a criação de conhecimento com as necessidades do país. 9) Criar, sob a liderança do presidente, um ambiente que desperte a prioridade à educação em todas as camadas da população, como fez JK para a industrialização. 10) Assegurar os recursos necessários no Orçamento para complementar os investimentos municipais e estaduais, para salário e formação de professores, reforma e equipamento de escolas, reservando, de início R$ 7 bilhões adicionais por ano, até chegar a R$ 20 bilhões, dentro de quatro ou cinco anos. Seria um percentual pequeno do Orçamento e traria a imediata redução de gastos, com a diminuição da repetência e a elevação da produtividade econômica, com o conseqüente aumento da arrecadação. Esses itens têm uma coisa em comum: a necessidade de uma revolução na mentalidade dos dirigentes nacionais, para que a educação passe a ser vista como o grande vetor do progresso. Essa mudança de mentalidade é o único empecilho real para essa doce revolução, da qual o Brasil tanto precisa e cujo início não pode mais adiar. Essa é a mensagem que tentei espalhar pelo país ao longo da campanha -e não pretendo parar por aqui. Como tive mais de 2,5 milhões de votos, só posso crer que estou no caminho certo.
CRISTOVAM BUARQUE , doutor em economia, é senador pelo PDT-DF. Neste ano, concorreu à Presidência da República pelo PDT e ficou em quarto lugar.

domingo, outubro 22, 2006

As raças e as cotas no Brasil

Creio que vai continuar por muito tempo a discussão sobre as cotas, essa política afirmativa para as minorias que existem nas scoiedades. Elas, as políticas afirmativas, foram criadas foram criadas na década de sessenta nos EUA, em uma reação da sociade WASP (branca, Anglo, Saxônica e Protestante) aos movimentos pela igualdade de direitos que havia sido iniciada na década anterior. Por essa política, os governos estadunidenses decidiram forçar os seus cidadãos brancos respeiotarem os direitos dos cidadãos negros, desenvoilvendo uma polítca que superaase a separação social que havia. Em certos estados americanos um negro não poderia sentar-se em um assento reservado aos brancos. Ou seja, o programa de polítca afirmativa tinha o objetivo explícito de combater o racismo que minava a democracia norte americana, o racismo que afastava os grupos sociais em nome da pureza da raça, da manutenção do domínio da sociedade branca que negava aos cidadãos não brancos os mais elementares direitos.
O Brasil, como os USA tem sido formado por povos de várias origens, provenientes dos diversos continentes. Uma parte formadora do Brasil foi proveniente da África, aqui chegando ao longo sde três séculos, na condição de escravos. No que pese a escravidão, ocorreu aqui uma miscigenação em um nível não visto em qualquer outra região. Aqui os valores culturais se fundiram tanto quanto as cargas genéticas. É quase impossível encontrar em certas regiões do Brasil, uma família que não esteja ligada aos três grupos básicos formadores do povo brasileiro. É muito difícl dizer que sou apenas afro-descendente, pois também sou luso-descendente e ameríndio. A adoção de um modelço de cotas para negros produziria problemas pois nem todos os meus filhos teriam acesso a ela, apesar de todos eles serem afro-descendente. como negar que tenho avós que não são negros. Não creio que o problema da desigualde no Brasil seja resolvido através de adoção de políticas que se baseiam em promover uma das raças. Sei que a política tradicional tem privilegiado os menos negros, os menos índios e os mais brancos. Mas não pode ser uma questão de raça, uma vez que muitos negros tiveram escravois negros no Brasil, foram compradores e vendedores de escravos. Na Bahia, a festa so Senhor dos Navegantes é a festa dos compradores de escravos. Todo historiador que leu um pouco sobre o assunto sabe que negros alforriados mandavam buscar escravos na África para lhes servir. Temos que resolver o problema da desigualdade social sem criar - ou aprofundar - o problema racial. Precisamos ser mais criativos e não copiar uma solução que os menos racistas nos USA encontraram para convencer os mais racistas. Lá a soluição tinha que se iniciar pela raça, aqui não é necessário que se comece pela raça. Será que os brancos pobres que vivem nas favelas ao lado de índios e negros sejam os culpados pela miséria dos negros? vamos ser mais criativos e assumir que o Brasil não é a África e que os afro-descencentes não são africanos, assim como os luso descendentes não são lusos, todos somos brasileiros.

sábado, outubro 21, 2006

Pensamentos soltos

Estamos cada vez mais próximo do dia da eleição para o novo presidente do Brasil. Possivelmente teremos o mesmo. E o mesmo pode ser qualquer um dos dois, pois as forças sociais dividiram-se para apoiar a ambos os candidatos. Em cada palanque, representanbtes do que há de melhor e do que há do pior. De um lado Bonhauser, de outro Sarney e, no meio, sendo explorado, o povo. Explorado pelo vizinho ou explorado pelo familiar, aquele que diz falar em seu nome e distribui esmolas com nomes diversos. Em ambos palanques falta personalidade e projeto para fazer uma sociedade diferente desta.
Uma vez escreveram que 1968 foi um ano que não teria acabado, mas aquele ano acabou porque não há mais esperança além de votar no menos ruim, naquele que faz menos medo. Vota-se no bicho -papão menos feio. Precisamos voltar a votar na esperança, em projeto que inclua o povo além da "bolsa família", em um projeto que esteja mais comprometido com a verdade. É certo que nestes tempos poó-modernos verdade, ética,e outras palavras modernas não podem mais serem utilizadas. Um professor de filosofia da UFPE disse que esta é uma procupação religiosa que eu tenho e que ele a respeita, mas ele entendeu que a éitca é histórica e muda. tive vontade de perguntar a ele se a sua (dele) ética muda a cada quatro anos. Os profesores das universidades federais fizeram três greves em quatro anos contra a política do atual governo e, agora, todos concordam com a política contra a qual se fez greve. A mentira campeia na propaganda política, os números saltam aos olhos, falam-se de´um país que não existe, mas tudo vai bem. Governa-se com a mentira. Uma vez escrevi que o atual presidente havia criado muitos pinóquis. Naquela história do século XVIII Pinóquio arreepndia-se do sofrimento que havia causado a Gepeto e aos amigos, então a fada o fez um menino. Agora Gepeto diz que seus pinóquios podem continuar mentindom pois seu é o reino da mentira, da pílula dourada. Poucos têm coragem de dizer que os reis estão nús. Os mais sérios evitam tocar no assunto e, dessa forma avalisam o sistema todo - aquele que o representa hoje e aquele que o quer representar. Todos ficam em silêncio, como em silêncio segue a procissão que segue o cadáver para a sepultura.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Nova Descoberta nos sessenta

Conforme disse anteriormente, nos sessenta, Nova Descoberta recebeu uma atenção muito especial. Para entender isso é preciso lembrar que grande parte da população era proveniente da Zoina da Mata Norte e trabalhavam nas fábricas de tecelegam da Macaxeira, da Torre. (nos anos setenta e oitenta essas fábricas de tecelagem e outras - Yolanda, Paulistam Tacaruna - fecharam gerando um severas mudanças sociais na região) Isso significa dizer que era grande a movimentação dessa categoria, sempre presente nas greves. Lembro que, uma vez, quando o ônnibus estava passando pela casa do dono da Fábrica da Torre, na Avenida Rui Barbosa, um senhor disse que aquela casa era feita de sangue, o sangue dos operários. Essa concentração de operários chamava atenção tanto das forças de repressão ao movimento operário quanto daqueles que animavam o movimento. O golpe militar de 1964 afetou em muito o humor da população. é nessa época que o bairro é "invadido" por jovens do Corpo da Paz e por padres católicos. Mas também apareceram jovens universitários que foram morar nos morros de Nova Descoberta.
As chuvas e cheia de 1965 foram um sinal para a entrada a organização de muitos movimentos e ações no Bairro. Muitas casas foram atingindas nos diversos morros (Colina dos Andes, Alto das Pedrinhas, Alto do Refúgio, Córrego da Areia, Córrego do Beijú, Córrego do Visgueiro, etc.) Para auxiliar a recuperação de casas, Dom Hélder criou a Operação Esperança. Inicialmente o trabalho foi de organizar para a destribuição do material de construção. O passo seguinte foi a organização do primeiro Conselho de Moradores. Debaixo da ditadura militar comelçava a organização popular. Foi de muito auxilio a exemplo dos padres americanos no meio do povo. Eles não usavam batina, falavam mal o português, mas seguravam as pás e davam exemplo na limpeza dos canais.
A atuação desses padres (Jorge Van antwerp, Miguel Jorissen, principalmente) e das freiras que vieram depois (Maria, Vicência, Joana, Helena, Laura) animou parte da comunidade católica. Porém os mais conservadores não admitiam que os padres andassem de sadálias japoneses, com roupas comuns e parassem em barracas para tomar Pitu. Houve uma reação e ocorreu mudança dos frequentadores da Igreja. Pessoas que não particpavam, como que se convertiam e tornavam-se líderes - foi o caso de seu Oscar e de João Noventa.
O importante é que foi fundado o Conselho de Moradores - não ligado à Igreja, mas à Operação Esperança. O Conselho fazia um trabalho social, mas tambném de educação no sentido amplo da palavra. Discutiam-se os problemas da coleta de lixo, da limpeza das ruas, da construção das escadarias, da colocação de pena d'água (não nos esqueçamos que nesse período não havia água encanada para o bairro, e as cacimbas e os chafazrizes eram particulares. Colocar um chafariz, uma pena dágua que passava abastecer uma rua era uma grande vitória. E cada vitória era o início de outra luta.

terça-feira, outubro 17, 2006

Ainda Nova Descoberta

Queria voltar um pouco mais no tempo, nos anos sessenta, em meados, quando já haviam sido implantados os ônibus elétricos na cidade do Recife. eles eram apontados como um avanço, pois iriam diminuir a poluição. foi uma iniciativa do prefeito Pelópidas silveira, continuada na administração de Miguel Arraes. Uma das linhas ligava a Macaxeira até o centro da cidade. O ponto inicial era em frenta a Fábrica de Tecido de Othon Bezerra de Mello e tinha su término na Praça da Independência, também conhecida como Praça do Diário. O "elétrico" corria toda a Avenida Norte. Nesse ônibus viajei muitas vezes, cedo da manhã até a Encruzilhada onde estudei os dois últimos do curso Ginasial, como se chama o primeiro grau maior _ 5a. a 8a. série.
O ano de 1964, exceto terque voltar a pé desde a encruzilhada até a casa no dia primeiro de abril, passaria sem maiores lembranças, além da campanha "dê ouro para o bem do Brasil", um jogada da direita que chegara ao poder, com o intuito de aproveitar-se do patriotismo do povo simples e da classe média temerosa do comunismo.
Nesse período ocorreu um verdadeira corrida de "voluntários da paz" em Nova Descoberta. Depois vieram padres de origem americana que assumiram a paróquia. Foi um acordo entre as arquidioceses de Olinda e Recife e Detroit, Michigam. A carência de padres nacionais, fenômeno de muitas causas, trazia para o Brasil padres de diversas nações católicas. Não foram os únicos padres estrangeiros na diocese. Havia italianos, canadenses, franceses, belgas. vinham em terra de missão, cumprindo um desejo do papa João XXIII (um certo temor do comunismo), um entusiasmo criado pelo Concílio VaticanoII, coincindindo com a luta anticomunista dos governos estadunidenses.
Os padres que assumiram a paróquia de Nova Descoberta promoveram algumas mudanças no comportamento católico. Como não conheciam muito bem a cultura local, deram-se a liberdade de experimentar e realizar na paróquia o que seria irrealizável na sua diocese de origem.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Sebastião Armando

Vi, ontem, no noticiário matutino de uma das emissoras de televisão, a entrevista com Dom Sebastião Armando. Sebastião foi um dos meus professores deBíblia no Instituto de Teologia do Recife, ITER. Estudava son a sua orientação quando sofri prisão no ano de 1973. Como fiquei 59 dias no DOI-CODI, a avaliação a que fui submetido em sua disciplina foi uma reflexão sobre a minha experiência. Infelizmente perdi as 12 páginas que escrevi na época.
Conheci Sebastião Armando Gameleira logo que chegou de Roma, onde estudara na Gregoriana, visando o sacerdócio. Voltou como Leigo e engajou-se no processo de formação de agentes pastorais no ITER e no Seminário Regional do Nordeste. Durante muitos anos foi coordenador de estudos teológicos e sua personalidade e conhecimentos ultrapasasaram os limites do Regional Nordeste II da CNBB. A sua atuação nos cursos bíblicos em todo o Brasil o tornou um dos biblistas mais requisitados nas Comunidades Eclesiais de Base. Casado, pai de lindas filhas, Sebastião enfrentou com serenidade os eventos da desconstrução da Igreja Progressista na Diocese de Olinda e Recife. Razões de fé o levaram a outra denominação cristã e agora é bispo em Recife. O sacerdócio parece ter sido a grande vocação de Sebastião, mas é uma vocação que não exclue a liderança de uma família, o núnus de um pater familiae.
Os cristão do Nordeste estão contentes com o retorno de Sebastião.

Pesquisa sobre os papas na imprensa de Pernambuco


Alunos da UFPE recebem prêmio em concurso

Quatro estudantes da UFPE, dos 336 bolsistas que participaram da 10ª Jornada Pibic/Facepe/CNPq, foram premiados em terceiro, quarto, sétimo e décimo lugares no concurso realizado em conjunto com a 8ª Jornada de Iniciação Científica da Universidade Católica de Pernambuco, entre os dias 26 e 29 de setembro. A competição teve como objetivo a exposição de pesquisas realizadas por estudantes das áreas de saúde, biológicas, agrárias, humanas (sociais e aplicadas) e exatas à comunidade científica.

Os dez melhores trabalhos foram premiados com livros, dinheiro, cursos de idiomas ou informática, sendo que o primeiro colocado recebeu o Prêmio Ricardo Ferreira, que concede uma viagem cultura-científico-tecnológica em Londres.

Os alunos premiados da UFPE foram Eveline Carvalho da Costa, orientanda da professora Ana Rita Sá Carneiro Ribeiro, Lúcia Helena Cysneiros Matos Gomes, orientada por Carlos Sandroni, Henrique Gonçalves de Carvalho, orientando de Raimundo Nonato Rodrigues e Paulo André Lira de Carvalho, orientado por Severino Vicente da Silva, em terceiro, quarto, sétimo e décimo lugares, respectivamente.

A pesquisa que nos orientamos e que foi premiada é sobre a repercursão da morte dos papas no século XX. Fiquei muito satisfeito pelo desempenho de Paulo na pesquisa e na apresentação do seu trabalho.

domingo, outubro 08, 2006

Francisco Austregésilo

Em uma tarde do ano de 1962, no salão de estudos do Seminário Menor Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição, na Várzea, eu conheci dois jovens bispos: Dom Francisco e Dom Adelmo. Tinha eu doze anos e pensava ser padre. Estudante do primeiro ano ginasial ( deveria estar no segundo, mas meu pai atendeu uma consideração do vice reitor - pe. Edwaldo Gomes - que eu precisaria estudar um pouco mais de gramática e repeti o ano. Mas foi nessa época que ocorria o Concílio Vaticano II e Francisco e Adelmo eram dois bispos do Concílio. Enquanto adelmo fora indicado para a diocese de Palmares, recentemente criada. Francisco foi indicado para Afogados da Ingazeira, também criada recentemente. Esses bispos vieram a enfrentar questões semelhantes e diversas, uma vez que suas dioceses estavam em zonas geográficas diferentes - uma na Mata e outra no Sertão - mas tinham problemas comuns a serem enfrentados: a situação de injustiça que sempre foi característica das duas regiões, desde que os portugueses deram a inventar o Brasil e algumas famílias brasileiras passaram a tomar a terra e tratar os homens e as mulheres como animais de carga para saciar os seus desejos.
Foram tempos difíceis - estava ocorrendo uma "revolução vbrasileira" que deu no golpemilitar de direita de 1o. de abril de 1964 -, e o Bispo de Afogados resolveu que era necessário mais do que a teologia para defender os injustiçados e explorados homens e mulheres do sertão. Muitos se supreeenderam com um bispo em sala de aula da Universidade Católica estudando Direito. Maior número de pessoas ficaram mais surpresas com a coragem do bispo em assumir o múnus epicospal de proteger os mais pobres, ser a voz dos que não têm voz. Dom Francisco marcou a vida da igreja no sertão e a vida de muitos; foi o formador de cristãos e de cidadãos. A diocese cresceu em organização e testemunho, no distante sertão.
Em diversas ocasiões vim a encontrar com esse cearense de nascimento ao longo de minha vida. Quando fui preso em agosto de 1973, após a minha saída da prisão, Dom Francisco me procurou para um abraço, sem muitas palavras. Quando fiz parte da direção do Instituto de Teologia do Recife, eram mais frequentes os contatos, pois dom Francisco sempre esteve na comissão superior do CENEPAL ou do ITER. Creio que o seu amor pela Igreja não lhe permitiu ser um ferrenho crítico da ordem do encerramento das atividades do ITER, vindas de Roma, e não do Palácio dos Manguinhos, como alguns querem que entre para a história. Dom José Cardoso foi apenas o executor de uma ordem vinda da Cúria Romana, em decorrênciada INCÚRIA DE UM DOCUMENTO ASSINADO POR ALGUNS BISPOS, inclusive Dom Francisco.
Meu último contato com Dom Francisco foi em Floresta, em um encontro organizado pela diocese de Floresta. Diom Bernadino convidou-me para ser uma dos auxiliares da discussão sobre a história da Igreja no Sertão e Dom Francisco também estava lá. Mais uma vez sentamos para conversar e eu a oauvir a já agora bispo emérito, com os achaques da velhice, mas com a alma vivendo a juventude nunca perdida.
A ressureição de Dom Francisco Austragésilo nos deixa órfão de um bipos "progressista". de um bispo que entendia que o povo de Deus é um povo em busca da justiça e da verdade, não da honra que os homens e os gestos humanos vaidosos oferecem. Os jovens de agora, como os jovens de todas as gerações não podem pensar que estão começando algo novo pela primeira vez. o novo sempre vem, dsse um poeta. o novo sempre vem de novo, sempre que o novo que foi novo fica velho.
Glória a Dom Francisco, um jovem cuidador do povo de Deus.
Biu Vicente

sexta-feira, outubro 06, 2006

Apresentação na FFPNM

Nesta quarta feira, dia 4 de outubro, os estudantes de História e Geografia que têm atuação no Ponto de Cultura Estrela de Ouro apresentaram um resumo de suas atividades na Semana de Pesquisa e Extensão que a UPE está realizando. Estive presente e assisti a apresentação de várias pesquisas ligadas à comunicação e ao Turismo. Todos os grupos apresentaram-se com seriedade, mas chamou atenção que o grupo de denomina UPE em Camará foi o único trabakho coletivo apresentado. Mas realmente foi interessante acompanhar a discussão sobre a utilização dos tempo verbais nos prospectos de turismo.

segunda-feira, outubro 02, 2006

As eleições de outubro 2006

Ocorreu ontem mais um encontro com as urnas. é um exercício que se repete a cada dois anos e que nos mostra alguns aspectos ds pensares do povo. Surpreende-me como o povo sempre diz o que pensa e os "sabidos" não entendem. É uma alegria saber que Severino Cavalcanti, o ex-presidente da Câmara Federal e do "baixo Clero" não foi eleito pelos pernambucanos; veja como o Antonio Carlos Magalhães continua o seu processo de decad~encia e queda: os baianos começam a acordar; mas como é triste ver como os eleitores de São Paulo colocarem de volta Paulo Maluf e eleger todos os petistas mensaleiros. "os sabidos" ainda vão dizer que os nordestinos não sabem votar. É verdade que muitos vão dizer que não se deve ser tão rigoroso com os "petistas" que se utilizaram da máquina pública para o seu projeto de governo; vão lembrar que sempre se roubou no país - esse discurso deve ter sido repetido muitas vezes aos eleitores de São Paulo - mas esse discurso deve ser superado, e o povo sabe disso e vai continuar dizendo que queremos mais seriedade.
As urnas desse domingo nos lçevam a pensar nas urnas do próximo dia 29. Teremos que completar a decisão. Vai ser difícil porque não há grande diferença entre os candidatos,e as plataformas de governos ainda não foram bem esclarecidas, mas terão que ser nesses próximos dias.
Foi uma vitória afirmar que não há "mitos" em campanha, pois dizem que mitos não são derrotados. Essa expressão foi dita em relação ao candidato Lula; o povo disse que ele era apenas um candidato. O povo está se libertando dos mitos, os cabrestos - progressistas ou consrvadores - estão sendo quebrados.