quinta-feira, dezembro 28, 2006

Negócios de Trapaça

Este é o título do livro de Paulo Cavalcante, publicado pela HUCITEC/FAPESP, neste ano de 2006. Ema linguagem simples e concisa, Paulo Cavalcante nos conta dos Caminhos descaminhos na América Portuguesa na primeira metade do século XVIII. Ele nos conta como a trapaça, a capacidade de enganar o erário só é possível com a aceitação dessas ações pelos responsáveis pela coleta e pela administração da fazenda real.
Acabei de ler o livro neste dia 28 de dezembro, o mesmo dia em que o Supremo Tribunal concedeu o retorno à liberdade ao dono do Banco de Santos, recentemente condenado a duas décadas de prisão. É como se estivessemos fazendo parte do livro de Paulo.
O livro é extremamente documentado, e serve como um pequeno curso sobre o cotidiano das relações entre o fisco e os cidadãos, especialmente aqueles mais próximos das chaves das burras do Estado, alí, nos caminhos e descaminhos entre a região das Gerais, o Rio deJaneiro e a Metrópole. Creio que este livro, a tese de doutorado de Paulo Cavalcante, será uma leitura obrigatória àqueles que pretendam conhecer os meandros formadores do Estado brasileiro e de certos hábitos ainda cultivados por certa ¨elite¨ que desde então tem vivido próxima à rua da moeda.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Feliz Natal

A festividade do natal já passou. Tomamos vinho, fomos à missa, rezamos ou oramos, seja qual for Deus escuta. Algumas pessoas nos mandaram cartões de Natal, agora vamos retribuir.
Todos os anos nascemos de novo nesse período porque comemoramos o nascimento de uma criança, de alguém que marca a sua vida na vida nossa, dos que nEle acreditam. Mesmo os que não acreditam são tocados pelo natal, nesse mundo globalizado, de crenças, objetos, misérias, desejos, alegrias. As festas de natal não impedem a guerra, as mortes, não param a vida.
Neste natal, na Região Metroplitana do Recife ocorreram 33 assassinatos. Foi um fim de semana bastante ativo. Parece uma guerra? Estamos no Iraque? Na Somália mais de mil pessoas foram mortas em uma guerra que não é noti iada nos jornais locais., Guerras entre países pobres não vendem jornais, não chamam atenção.
O interessante de tudo isso é que neste e em todos os natais cantamos e desejamos e queremos Paz a todos os homens de Boa Vontade.
Espero que todos sejamos homens e mulheres de boa vontade; da boa vontade de superar as tristezas. É isso que esta festa nos diz: ela quer o nosso compromisso para construir um mundo de paz. O que não significa sem problemas.
Feliz Natal

sexta-feira, dezembro 22, 2006

A Cambinda do Cumbe

Aos poucos a Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco tem ocupado espaços culturais e sociais que não se comparam com os da Mata Sul. A Mata Sul foi mais explorada inicialmente no processo de dominação portuguesa e durante os períodos imperial e republicano. Na galeria dos presidentes e governadores de Pernambuco pode ser percebida uma grande parte de pessoas originárias daquela região. A Mata Norte só muito recentemente concedeu governantes ao Estado. São indicações para pesquisa daqueles que se dedicam a entender a civilização do açúcar.
O massapê da Mata Sul forneceu um bom número de intelectuais e poetas lidos e relidos com os sabores dos doces e bolos dos Souza Leão e outras famílias. Na segunda metade do século XX, parece, é que tem aumentado o número de poetas e escritores da Mata Norte. Mas o que chama atenção é que hoje, na Mata Norte, a arte não escrita, não burilada, a arte que está sendo renovada e consumida é a que vem das camadas populares.
Nessa corrente é que foi publicado A CAMBINDA DO CUMBE, em torno do Maracatu Cambinda Brasileira. Vou dizer, que Cumbe é um engenho de cana de açúcar de Nazaré da Mata, onde na segunda década do século XX, foi fundado o Maracatu Cambinda do Cumbe.
Este é um livro visual e de leitura, melhor dizendo, as letras acompanham as imagens, as fotografias de Aline Feitosa, Beto Figuerôa, Elenilson Soares, Luca Barreto e Mateus Sá. As imagens apresentam um pedaço da magia do maracatu e de seus criadores, os cortadores de cana, cambiteiros, mestres do açúcar e mestres na relação com a natureza e com os espíritos da Natureza Maracatu é brinquedo sagrado, como lembram os textos falados pelos folgazões e fogazães e organizados por Sumaia Vieira e Maria Aparecida Nogueira. O Canal 03 fez a realização com apoio da GráficaJB e incentivo do Governo do Estado.
Tudo isso para dizer que o livro é mágico nas imagens e na captação dos sentimentos dos artistas que vivem da cana, não como proprietários e exploradores - pois um bom número de intelectuais pernambucanos deve o doce de suas vidas ao amargor do trabalho diário dos cortadores de cana - mas como os que sentem na pele o peso do canavial. E o livro indica como eles se tornam sacerdotes dos espíritos da Jurema, das matas que esconderam os índios; conta como eles se tornam artistas que viajam nas estrelas e nas águas buscando inspiração enquanto costuram e bordam as suas roupas. Com suavidade, nos é mostrado o percurso desde o tempo das cacetadas até o fulgor que os governos desejam para atrair turistas.
Estou feliz com mais um livro que conta mais uma parte da vida do povo brasileiro.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Porque ter uma ideologia

Li esta coluna de Pedro Porfírio na Tribuna da Imprensa,RJ, neste dia, e não resisti à idéia de colá-la aqui.

Porque é pecado falar em ideologia
Pedro Porfírio - 20/12/2006 Tribuna da Imprensa

"Ideologia, eu quero uma para viver." Cazuza
A população dos Estados Unidos é hoje de 300 milhões de habitantes, equivalente a 5% da população do mundo. Seu PIB - Produto Interno Bruto - é de 12 trilhões, 360 bilhões de dólares. Sua renda per capita anual é de 41 mil, 399 dólares. Para você ter uma idéia, com 188 milhões de habitantes, o Brasil tem um PIB de 1 trilhão 577 bilhões e uma renda per capita de 8 mil e 49 dólares.
Com esses 5% de habitantes da Terra e com essa pujança econômica, os Estados Unidos consomem 25% das drogas refinadas no mundo, conforme admitiu o então presidente Bill Clinton. E têm 25% da população carcerária mundial, com um total de 7 milhões de presos: um em cada 32 adultos estava atrás das grades ou em liberdade condicional ao final de 2005, segundo relatório do Departamento de Justiça, divulgado no último dia 30 de novembro.
Como explicar isso? Nos Estados Unidos, há um completo desprezo por ideologias, valores éticos, morais e até religiosos. A igreja católica é campeã de manchetes sobre pedofilia. Praticamente todo o patrimônio do arcebispado de Boston está empenhado para pagar indenizações às vítimas dos abusos sexuais dos seus prelados.
Onde o dinheiro é tudo
Nos Estados Unidos só se pensa em dinheiro. Lá cada um vale pelo que tem. E tudo o que cada norte-americano deseja é ter mais, ser mais, galgar novos degraus. Porque essa é a condição frenética de uma civilização fundada no princípio do sucesso pessoal: a civilização capitalista ocidental. Não estou usando o exemplo norte-americano por pirraça.
Estou falando do país mais rico do universo, que perdeu totalmente o sentido da vida. Porque desde sua independência, em 1776, viveu a eterna corrida do ouro, com a qual se apoderou da metade do México, comprou a Louisiana, o Alasca, e transformou Porto Rico em "estado associado".
Com esse desiderato, o país de Abraão Lincoln sempre esteve vacinado contra ideologias ou até mesmo movimentos operários consistentes. Os sindicatos são verdadeiras empresas e parte deles, como o maior de todos - o de transportes -, tem o sangue da máfia em seu DNA.
Lá, os grandes fundos de pensões são geridos pelas milionárias máquinas sindicais. Esse, aliás, foi o elo que aproximou Lula da AFL-CIO (a confederação operária) através de Stanley Gacek, um íntimo da corte petista.
Não há elementos internos de drásticos conflitos sociais. Tudo se resolve com as fascinantes novidades de uma sociedade de consumo a caminho da robotização. As megametrópoles impuseram o "american way of life" como sonho de todas as gerações e em todos os rincões.
A norte-americana é uma sociedade engessada politicamente. Embora existam dezenas de partidos, há uma deliberada polarização entre Republicanos e Democratas, surgidos da mesma cepa. O Partido Democrata foi fundado por Andrew Jackson em 1836, como dissidência do Republicano, fundado por Thomas Jefferson, em 1793.
Não há lideranças juvenis ou universitárias. Até mesmo o racismo, que pontificou até os anos 60, encontrou um calmante, a partir do momento em que a sociedade afluente descobriu um novo filão: o emigrante da América Latina. O racismo é uma ferramenta para manter trabalhadores de segunda classe, com remuneração bem mais baixa.
Exploração dos imigrantes
Com os latino-americanos o jogo é mais fácil. Há hoje oficialmente 40 milhões só de hispânicos, isso sem falar nos clandestinos. Em qualquer situação, estes passaram a suportar os trabalhos mais pesados com remuneração correspondente a um terço do que se paga a um norte-americano.
Apesar dessa situação escrava, há milhares de latinos arriscando a vida para ir matar a fome por lá. Segundo o Hispanic Inmigration Trends 2005, publicado pelo Pew Hispanic Center, os retirantes do México encabeçam essa fuga. Aos Estados Unidos chegam cada ano 400.000 mexicanos e um milhão vê frustrado sua tentativa de passar pelos controles fronteiriços.
Nessa sociedade não existem valores humanos, éticos, morais ou religiosos. O patriotismo se confunde com sanha imperialista. Ser patriota lá é seguir o lema "Deus salve a América e a ninguém mais", tão bem ironizado pelo diretor e ator negro Chris Rock em seu filme "Um pobretão na Casa Branca" ("Head of state").
Não há ideologia. Nem mesmo se pode falar de uma ideologia norte-americana. E essa rejeição de uma ideologia é a rejeição de valores, de compromissos essenciais. E essa idéia de que ideologia é coisa de comunista, que cheira a mofo, é que torna a nação norte-americana um grande vulcão. De tanto cada um cuidar de si, de tanto o país depender da soma de sucessos pontuais muitas vezes conflitantes, e como nem lá todos podem subir, surgem os traumas existenciais, a busca da droga e de outras compensações.
A invasão do Iraque é a conseqüência dessa civilização argentária. Mentiram para o povo, dizendo que Sadam Hussein desenvolvia armas bacteriológicas. E facilitaram o 11 de setembro de 2001, como provou Michael Moore, para avançar sobre o petróleo alheio e beneficiar descaradamente os complexos empresariais que financiaram a campanha de Bush.
É verdade que hoje só 17% dos norte-americanos aprovam o genocídio promovido por seu governo no Iraque. Mas, como já disse, essa reação se deve muito mais aos 3.300 soldados mortos lá do que à matança de meio milhão de iraquianos. Porque a sociedade americana foi até 11 de setembro a sociedade da vitória. E jamais poderia imaginar detritos de guerra em seu território. Tanto que para muitos analistas e estudiosos, como Jessie Miligan, do "Fort Worth Star-Telegram", aquele foi o "último dia comum na vida do povo norte-americano".
Eu bem que poderia estar falando da pauta de que a nossa imprensa se farta. Provavelmente, é isso que você gostaria que eu falasse. Mas prefiro ir onde ninguém vai. Penso no futuro dos meus filhos e de todos esses adolescentes sem futuro.
Penso mais: vejo a podridão transformada num grande pântano, manchando quem menos se espera, em todos os ramos da vida, tudo porque é pecado falar em ideologia.


Assino com prazer essas palavras.

Uma mudança no natal de 1967

Com a aproximação do Natal de Jesus muitas lembranças nos acodem. Os católicos preparam-se para o natal com quatro domingos de expectativa com o que vem: é o tempo do advento. Reflete-se sobre a alegria que se aproxima, que se espera e que se cultiva.
Nos tempos coloniais, como ainda hoje em certos espaços, se rezava a novena de Nossa Senhora do Ó, série de noites de reflexão sobre as dores daquela que irá parir a Salvação. Como as preces inciavam-se sempre com um Ó, não de exclamação, mas de pedido, deu-se mais um nome à Senhora, que já era a protetora do Parto.
O dezembro de 1967, foi uma grande preparação, em Nova Descoberta, o meu bairro, para o ano seguinte. As inovações litúrgicas, preconizadas pelo Vaticano II, já apresentavam seus resultados, com a supressão de muitas tradições do catolicismo popular. Naquele final de ano, foi supresso o altar dedicado a Santa Filomena, pois a pesquisa histórica comprovava a sua inexistência como pessoa física. Como explicar aos devotos que a sua santa não havia vivido na terra, que era uma criação de alguém em um passado distante. Lembro-me da retirada da imagem, mas não consigo lembrar qual foi a pedagogia dos padres para justificar aos devotos a retirada da "santa". O Natal daquele ano surpreendeu a muitos, pois enquanto estavam todos voltados para o mistério natalino, poucos se aperceberam que havia um nincho vazio. Apenas depois das festas natalinas da celebração do final do ano, é que se notou que Filomena não mais estava no altar.
Penso que ações como essas, ocorridas no campo da religiosidade popular católica, no final dos anos sessenta, indicavam uma nova "romanização". Roma estava ensinando um novo modo de ser católico. Esse modo de novo encontrou-se com um outro novo modo, um modo de maior atuação político-social dos católicos. Penso que os estudiosos das transformações da cultura, das religiosidades próprias das camadas mais humildes deveriam, nas diversas comunidades, verificar como ocorreram as mudanças.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Semana difícil

Parece que ainda terei muito a caminhar, pensar e amar para entender o que se passa ao meu lado e, mesmo, da minha participação em tudo o que está em volta. Nesta semana, como em todas, os acontecimento parecem se atropelar: todos querendo chegar em primeiro, cada um pretendendo tomar toda a minha a atenção.
Pesquisas mostram que a população, desde a eleição de outubro, aumentou a confiança em Luiz Inácio Lula da silva, aprova seu governo, ao mesmo tempo em que são apresentadas imagens que confirmam que a "operação tapa-buraco" foi realizada para ganhar a eleição, e que mais uma vez foi rebaixa a expectativa de crescimento econômico do país; nesta mesma semana ocorreu a definição dos novos salários dos deputados federais que, com todas as ajudas de custeio perceberão quase cem mil reais a cada mês - este será o salário dos mensaleiros absolvidos no plenário da câmara; nesta semana envolvi-me em uma discussão sobre um projeto turístico para a Zona da Mata que está sendo visto, por pessoas inteligentes e sábias, como uma apologia à escravidão e como uma perseguição ao povo afro-descendente, uma louvação aos senhores de engenhos. Também um jornalista que matou a ex-namorada com tiros covardes, foi condenado. mas não será preso, ao mesmo tempo em que uma mulher pobre passará quatro anos na cadeia por ter roubado um pote de margarina em um super-mercado. Por outro lado, esta semana se anuncia que o Brasil católico terá o primeiro santo nascido no Brasil, o que não significa muita coisa para os não católicos que já há muitos recebem seus proteotres e encaminhadores das suas vidas. São muitas as tradições.São muitas as tradições que temos a compreender, inclusive a de ter de decorar tantos nomes e teorias racionais, endógenas e exógenas - especialmente essas últimas, pois as últimas, também no sentido de mais recentes, são mais inteligentes, mesmo que não facilmente inteligíveis. Oh! que vida boa, olerê, oh! que vida boa, olará, o estandarte do sanatório geral vai passar. Sei que a frase de Chico Buarque foi escrita em um outro contexto, para celebrar outros loucos. Perdoem a apropriação indevida.

domingo, dezembro 17, 2006

Vencendo os obstáculos e representações

Faz algum que não ponho letras nesta página. Estive no Sertão do São Francisco, especificamente na cidade de Belém do São Francisco. Ministrei uma discussão sobre teorias da História, como parte de um curso de especialização. Eram pessoas vindas de cidades diferentes, maior parte delas do Estado da Bahia. Já faz alguns meses que não chove o suficiente para manter os pequeno açudes molhados. Nós dá uma impressão que o calor não vai diminuir nunca, nem mesmo à noite. Ainda assim, as pessoas estão vivas, procurando um brecha de vida no enorme emaranhado de problemas que são postos para superá-los. E elas superam com um jeito próprio, uma aceitação marota, que vai minando o obstáculo.
Fico sem graça indicar livros em uma região que não tem livraria; exijo que eles possuam uma carga de leitura que, de antemão, sei que não tiveram, pois a sociedade se organizou de maneira que eles jamais tivessem alcançado o posto em que estão. Eles riem e aceitam as minhas implicâncias, chegam para o debate, escutam, discordam e me ensinam de novo que a vida é muito complexa e muito bonita.
No final de semana eles e elas voltaram para suas cidades - algumas estão 300 quilômetros. Vão de ônibus, estrada de barro, tmendo assaltos, que são comuns. Impressiona como essas moças - a maioria é mulher entre 20 e 35 anos - avança com medo e destemor a atravessar rios em paquetes, estradas em ônibus. Quando perdem o ôbnibus arriscam caronas. Mas, a cada mês chegam para a semana de estudos. E fazem isso todos os dias, pois são professoras que atendem alunos de cidades, não apenas do seu município.
Ficamos discutindo idéias pós-modernas. Elas e eles acompanham. Localizados nos sertões, fazem relações entre a sua vida e a queda do muro de Berlim e, no otimismo com que vivem suas vidas, procuram entender o pessismismo dos que não conseguiram terminar o ano de 1968. Entendem que são parte desse mundo, querem se apoderar dessas idéias, saber porque elas foram"vencidas" e estão interessados em saber daqueles que não ficaram debaixo do muro. Não querem se perder nas discussãoes sobre representações do mundo, mas estão querendo mudar o seu mundo concreto. O mundo pode parecer ser, para alguns, mas o sol, as estradas, os barcos, os alunos, a ausência de livros, o desejo de mudar, esses são realidade.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Apreciação musical

NÚMEROS: 300 mil pessoas formam o público-alvo mensal da Osesp; 37% das maiores empresas brasileiras preferem investir em música erudita, o que faz dela o terceiro maior destino de investimentos, ao lado da música popular; 80% do público da Osesp tem mais de 50 anos; 96 a cada 100 pessoas da população brasileira das classes D e E nunca foram a um concerto de música erudita; 93 a cada 100 pessoasda classe C nunca foram a um concerto de música erudita; 75 a cada 100 pessoas da população das classes A e B nunca foram a um concerto de música erudita.
Esses números referem-se à Orquestra sinfônica de São Paulo. Eles mostram muitas coisas, tais como um problema no modelo de educação. Esse modelo não faz grande diferença entre os mais pobres e os mais ricos. Veja-se que não se pode afirmar que haja diferença de gostos, ou de formação de gostos musicais entre as classes D e A. Se 75% das pessoas dessas classe jamais foram a um concerto da música dita erudita, é porque não lhe foram dadas as oportunidades que o seu dinheiro poderia comprar. Oportunidades de aprender a apreciar a música como se diz que sabe apreciar o uisque. Os colégios onde estudam os ricos diferenciam-se mais no piso, e nas latrinas do que na formação do espírito.
Existe uma outra pesquisa que mostra que os maiores compradores de dvds bregas estão na classe A e, os maiores compradores de dvds piratas de bregas estão nas demais camadas. É uma educação muito sofrível, nos mais diversos níveis, e não apenas no básico da escrita, contagem e leitura.
Os pobres recebem uma educação musical parca - se a recebem - os ricos recebem uma educação musical parca. O que diferencia o pobre do rico, no Brasil, não é a cultura, é a quantidade de lixo que produz e com o qual se confunde.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Estatísticas e crianças

Diariamente somos atingidos por muitas estatísticas. Nesses tempos ditos pós modernos, a realidade ainda parece estar sendo medida por números e não apenas por emoções. Quando dizemos que a cada 1000 crianças nascidas no Brasil 33 morrem antes dos cinco anos de idade, conforme diz a ONU, logo em seguida, contendo ou explodindo emoções, o Ministério da Saúde diz que a ONU errou, pois não são 33, mas 27 as crianças mortas em cada mil. e isso faz muita diferença, especialmente se nenhuma dessas crianças pertence à família dos ministros ou de seus vizinhos. Na verdade, se fôssemos contar pelas crianças que vivem no mundo dos ministeriáveis o Brasil não estaria à frente apenas da Bolívia, da Guiana e do Suriname na América latina.
Outra estatística que ouvi hoje foi sobre os adultos alfabetizados. Descobriu-se que mais da metade deles não conseguem fazer relação entre o que leêm e a sua vida diária. em verdade eles são capazes de desenhar os seus nomes. Mas, disse um dos coordenadores do programa, eles estão prontos para continuar a serem alfabetizados. Para diminuir o número de crianças nas ruas, pedindo esmolas, os governos estuduais emunicipais estão oferecedo bolsa família - R$40.00 por mês. Temos aimentado o número de estudantes nas universidades com bolsas do pró-uni.
Para resolver esses problemas, as soluções que são postas em prática são pontuais, localizadas. Quando iremos entender que esses problemas (mortalidade infantil, analfabetismo, impossibilidade dos mais pobres - mulatos, mestiços, negros -)fazem parte de um todo?
Faltam políticas públicas, e público e autoridades que queiram fazer valer a cidadania de todos.

A morte do ditador e a luta pelos Direitos Humanos

Ontem, de acordo com os acordos e conveções, terminaria a semana dos Direitos Humanos, período no qual foram realizadas muitas ações para nos recordar da tarefa de garantir a cada criatura o direito de ser reconhecida como pessoa. A semana terminou com uma grande festa no Chile. Ocorreu o falecimento de Agusto Pinochet, o militar que foi alçado ao comando das forças armadas chilenas pelo presidente Salvador Allende.
Alende fora eleito por uma grande coalizão de partidos de esquerda, em um época de tendência direitista na América Latina. Todas as esperanças vinham do Chile que colocara à frente do governo um projeto socialista, pelo voto. Entretanto, os setores ligados ao status de dominação não permitiria o avanço nessa área, Estados Unidos da América à frente.
Pinochet passou a simbolizar essa parte da humanidade que vê o lucro acima das pessoas, as regras acima dos homens, as coisas acima dos valores. Algumas semanas depois de ter sido feito comandante das armas chilenas, o general liderou um golpe que culminou com a morte de Allende e o iníco de um ditadura que durou quase duas décadas. Muitos chilenos morreram, muitos desapareceram; foi um momento em que os direitos humanos no Chile desapareceram. Soube da morte de Allende e do início da ditadura pinochetiana em uma das celas do Doi-Codi, no Recife, pela boca de um dos carcereiros. Exultavam, os nossos pequeno pinochets, pelo fim de mais um regime democrático e pelo início de uma das mais sangretas ditaduras dos modernos tempos na América Latina. Era setembro de 1973. Por coincidência, um dos maiores destruidores dos direitos humanos, um dos maiores inimigos da liberdade, um dos que mais se enriqueceu com o destruição de ooutros seres humanos, morreu no dia dedicado aos Direitos Humanos.
Escutei, nesta manhã, um verso de Chico Buarque, este cronista da luta pela liberdade, que diz:
e se de repennte a gente sentisse a dor que a gente finge que sente... E se as pessoas que fingem se preocupar com os valores humanos enquanto sobem as escadas do poder, e se de repente elas começassem mesmo fazer disso a razão de suas vidas, bem que os "pinochets" da vida, esses que só pensam em chegar ao poder para dela gozar, seriam menos numerosos.
Não há porque se alegrar com a morte de Pinochet. A morte não é um castigo, a morte é uma etapa conclusiva da vida, todos morreremos - de susto de bala ou de vício, disse Caetano. Pinochet morreu de susto. Não há o que comemorar, há que se continuar a luta pela vitória dos direitos humanos.

sábado, dezembro 09, 2006

Andarilhaulando

Desde os anos noventa, alguns anos após a conquista do meu mestrado, tenho dedicado muitos dos meus finais de semana em capacitações de professores fora da cidade do Recife. Nesse período já estive em todas as regiões de Pernambuco, nas cidades de Caruaru, Garanhuns, Floresta, Belém do São Francisco, Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada, Pesqueira, Arcoverde, Belo Jardim, Olinda, Goiana. Em todas elas tenho encontrado pessoas interessadas em aprofundar os seus conhecimentos e vencer os obstáculos inerentes ao fato de terem sido alunos de escolas, públicas ou privadas, que nem sempre garantiam um fácil acesso a livros, pois poucas possuem bibliotecas. Por outro lado, as condições econômicas dessas cidades nem sempre permitem que nelas surjam livrarias - algumas nem mesmo possuem bancas de revistas - que lhes ofereçam a possibilidade de adiquirir algum dos indicados pelos professores. Na verdade, muitos desses professores que buscam melhrar a sua qualificação, eles mesmo filhos das condições sócio-econômicas de suas cidades, poucas oportunidades tiveram de ter acesso aos mais recentes lançamentos. Na verdade, nesses cursos, vejo o que Darcy Ribeiro definia como Atualização Histórica, processo através do qual as sociedades que não produziram a tecnologia são obrigadas a receber o que foi realizado em outras, delas aumentando a sua dependência. Esse processo de atualização histórica, esses cursos supletivos, são diferentes dos cursos de aperfeiçoamento, uma vez que estes procuram aperfeiçoar o que existe e aqueles buscam o que não tiveram. É importante, julgo, essa minha atividade, entretanto lamento que tenhamos de fazê-la, não como aperfeiçoamento, mas como suplência de algo que não foi realizado no seu devido tempo.
Por outro lado, essa atividade me põe em contato com um Brasil, um Pernambuco, um mundo bem diferente daquele que me tem sido passado por livros e por pessoas e acadêmicos mais afeitos aos contatos políticos que ao contato com o povo. apesar da dificuldade de promver a leitura, vejo, após esses quase 25 anos de ambulante de aulas, uma sensível melhora, se não no nivel de conhecimento que encontro nos professores-alunos, uma melhora na consciência de que é preciso melhorar.Tenho aprendido com esses alunos a manutenção do desejo e da esperança.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

A Mãe dos pobres do Recife

A manhã do dia 8 de dezembro é cheia de movimento ao longo da Avenida Norte, especialmente o espaço entre a entrado do Córrgo do Euclides e a entrada do Vasco da Gama. É como se a cidade do Recife resolvesse visitar aquele pedaço de terra, quase santa. Na madrugada que inicia o dia, não é incomum assisitr pessoas andando desde os mais distantes bairros, até mesmo de Jaboatão dos Guararapes, em direção do Morro da Conceição.
No início do século XX, eram poucas as habitações naquela região. O Recife ainda não se expandira naquela direção. O Recife do Império navegava e se criara às margens do Rio Capibaribe, ocupando as várzeas da madalena, da Jaqueida, de Casa Forte, do Monteiro, até Dois Irmãos e Várzea, alí bem próximo de Camaragibe. Os espaços geog´raficos qque ficavam distante do Rio eram pouco procurados. Só muito lentamente é que Macaxeira de Santo Amaro foi sendo ocupado. Nesse quase deserto é que foi instalada uma pequena capela dwedicada à virgem da Conceição, no alto de um morro que hoje tem o seu nome. As pessoas devotas começaram a visitar a Santa, numa imagem alí colocada após uma promessa. As promessas e as notícias do atndimento dos pedidos tornaram o Morro um local de devoção popular. Interesante que, ao mesmo tempo em que as autoridades religiosas e cívicas, procuravam incentivar o culto a Senhora do Carmo, tornando-a padroeira da cidade, inclusive a igreja do Convento do Carmo foi tornada basílica, as camadas populares voltavam-se para a pequena capela situada no Morro da Conceição. Depois a Zona Norte da Cidade foi sendo ocuipada por migrantes vindos da Zona da Mata Norte do Estado. As fábricas de tecelagem da Torre e da Macazeira eram o ponto de emprego desses que vinham para o Recife em em busca de emprego. A Senhora do Morro da Conceição passou a ser parte da vida da população.
Uma pesquisa nos livros de batismos do final do século XIX e início do século XX, poderá confirmar uma hipótese: A Nossa Senhora da Conceição era tomada por Madrinha de muitos pobres. Na verdade, a madrinha de meu pai era Nossa Senhora da Conceição.
Conceição, Maria da Conceição são nomes bem populares ao longo do século XX, perdendo espaços apenas no final do século, especialmente após os anos sessenta. Muitas crianças nascidas desde então foram batizadas - registradas - com nomes de origem indígena ou africana. Uma relação com os tempos de secularização e de espaços ganhos na lutas das "minorias"?
Possivelmente uma outra razão para a grande caminhada ao Morro da Conceição foi o sincretismo religioso, essa aproximação, entre a mãe de Jesus e a Mãe das Águas. Esse não é um fenômeno apenas recifense, nem mesmo brasileiro. Em todos os espaços onde ocorreu a catolicização do povo, no sofrimento próprio da América latina, a mãe de Jesus, a Mãe das Águas, tornou-se a Mãe dos pobres. Não mais advogada, como se reza na Salve Rainha, mas a mãe, a madrinha, uma pequena mãe, uma grande mãe dos pequenos.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Notas para a história dos Institutos Teológicos em Pernambuco

Leio nos jornal deste domingo - 2/12 - que o Instituto Franciscano de Teologia de Olinda está encerrando as suas atividades. Este insitituo tem uma larga ascendência. A mais antiga é a Cursos superiores de Estudos, criado pelos franciscanos em 1596, para a formação de padres que serviram ao longo de uma parte da história do Império Português no Brasil. Embora os franciscanos sejam menos conhecidos que os jesuítas em sua tarefa educacional, não creio que seja de pouco valor a sua contribuição para a formação da parte da elite colonial. Infelizmente não temos documentos que ajudem a compreender melhor a saga dos Irmãos menores nesse afair no período dito colonial. A tarefa dos franciscanos, na área da educação veio a ser maracada na seguinda metade do século XIX pelo esvasiamento dos conventos, uma das conseqüências da política religiosa no governo de Pedro II. No final do século XIX, ocorreu um renascimento da Província de Santo Antonio, com a chegada de frades alemães que, entre outras ações, criaram casa de estudos em Lagoa Seca, na região do Brejo da Paraíba, recebendo futuros professos e frades de diversos pontos do Nordeste. Com poucos estudantes de teologia, era mais comum enviá-los para o Insitituto Teológico de Petrópolis.
A tradição mais recente do IFTO está localizada nos anos anos sessenta, a diminuição de candidatos ao sacerdócio em todo o Norddeste levou os bispos a fecharem muitas casas de formação e unir suas ações no Seminário Regional do Nordeste II -SERENE, e no Instituto de Teologia do Recife -ITER. Embora houvesse sido uma iniciativa dos bispos para a formação dos padres seculares, os superiores das ordens religiosas assumiram o projeto e passaram a enviar seus noviços e professos para o ITER, cerrando as portas de suas escolas teológicas. Na reogranização conserdora comandada pelo papa Jo9ão Paulo II, o ITER foi fechado e alguns superiores religiosos decidiram se unir e reativar os Cursos Superiores que toma o nome de Instituto Teológico Franciscano de Olinda, tendo eu participado desas conversações que envolveram os provinciais dos padres do Sagrado Coração, dos Capuchinhos e Oblatos de Maria. Era uma tentativa de garantior uma formação teológica com a perspectiva da região. Ministrei aulas de História da Igreja nos dois primeiros semestres dessa nova fase dos Cursos Teológicos. Ao mesmo tempoo Mosteiro de São Bento também reabriu a sua Escola Teológica, mas com uma visão oposta aos dos franciscanos. Depois de algum tempo os beneditinos fecharam as suas aulas por orientação vaticana, enquanto a Arquidiocese de Oinda e Recife fez ressurgir o Seminário de Olinda, não tanto na tradição de Azeredo Coutinho ou Hélder Câmara, mas mais aproximada de Cardoso Aires.
Lamemnta-se sempre o fechar uma escola, especialmente uma escola que pretendia refletir como ser padre no Nordeste.

sábado, dezembro 02, 2006

Direitos Humanos

Interessante como algumas datas marcam pelo que nós vivemos e, algumas, pelo significado que elas possuem para além de nossas vidas pessoais e mesmo dos contemporâneos imediatos. Vindo de Goiana para Olinda após uma manhã de estudo/ensino, um programa de rádio lembrou-me que na próxima semana completa mais uma idade a declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU no dia 10 de dezembro de 1948. Parece que a primeira vez que ouvi falar de Direitos Humanos foi naquele ano de 1967, quando começamos a preparar o vigésimo aniversário da Declaração. Era mais uma proposta de Dom Hélder Câmara. Todos os grupos passarem o ano discutindo o que significava essa Declaração. Então soubemos que ela estava ligado aos direitos de vida, de locomoção, de estudo, cidadania, educação, saúde, nacionalidade, etc.. Tudo que estava sendo negado pela ditadura para a maioria do povo brasileiro. Os anos seguintes foram vividos nessa perspectiva, pois o período que se seguiu à posse de Costa e Silva foi o de endurecimento ditatorial. Se hoje a classe média, apavorada, fica julgando que "direitos humanos" é a defesa dos bandidos, nos anos da ditadura, possivelmente muitos pensaram que era coisa de comunista. Todos temos direito à vida, a viver. Penso nisso quando sei que um grupo de jovens e pessoas maduras estão na avenida Boa Viagem defendendo o direito à vida por conta do assassinato de um jovem de classe alta; mas esses jovens e esses homens maduros que formam essa associação de defesa dos direitos, só se organizram quando foi morto alguém de sua classe. Não os vejo, de verdade, lutando pelo direito de uma vida decente para os jovens e pessoas maduras que moram na periferia. Penso que, em verdade eles têm medo da periferia, pois pensam que os seus direitos de viver são contrários aos direitos daqueles que vivem nas periferias. Como a sociedade, a classe rica e dominante, não garante os direitos dos que vivem na periferia e não fazem parte de sua classe, temem que os sem direitos reconhecidos tomem os seus direitos. Todos os homens, todas as mulheres, todas as crianças, todos os jovens têm direitos que devem ser postos à disposição de todos de forma o mais eqüânime possível.
Vamos procurar ler que direitos são esses que as nações unidas disseram que todos temos e lutar para que todos os vivam completamente. Então o medo ficará mais tênue.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

O candidato a Beato não é "beato", professora.

Começarei citando: ... esse foi o cenário propício para o surgimento de beatos como "padre Mestre Ibiapina", advogado que chegou a ingressar na carreira política do Ceará, mas por razões pessoais abandonou a toga e passou a peregrinar pelo Nordeste, sem que saibamos exatamente quando foi "ordenado". O fato é que chegou a proferir missa com a autorização das autoridades eclesiásticas de Sobral, fundou uma congregação religiosa de freiras, talvez a primeira da região, difundiu as primeiras instituições educacionais para mulheres e recebeu apoio até mesmo das elites do vale do Cariri, que admiravam as iniciativas do Beato."
O texto foi escrito por Jacqueline Hermann, faz parte do artigo Religião e política no alvorecer da República: os movimentos de Juazeiro, Canudos e Contestado, parte de primeiro volume de O Brasil Republicano, uma série de quatro volumes, publicados pela Civilização Brasileira, no ano de 2003, organizado pelos professores Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado.
Com o devido respeito que temos para com os ilustres professores, especialmente, especialmente à professora Jacqueline Hermann, devemos alertar ao aluno que, neste trecho citado, parte de um parágrafo, está demonstrado um pouco do preconceito que se tem pela historiografia produzida no Nordeste. Uma pessoa que escreve sobre o padre Ibiapina deveria ter lido um livro publicado na década de cinquenta, por Mariz, sob o título Ibiapina, um apóstolo do Nordeste. Houvesse lido o livro, saberia que Ibiapina estudou no Seminário de Olinda e no Seminário da Madre de Deus, dos padres Oratorianos; saberia que depois formou-se em direito, advogou, foi deputado pelo Ceará e atuou na Corte, na comissão de finanças do Parlamento. Desenganado pela política voltou a dedicar-se à advocacia para os pobres no Recife e também desiludiu-se dessa atividade ao entender que os juízes e as leis fovoreciam os poderosos e donos da terra. Pasou a viver semieclausurado e foi convidado pelo bispo de Olinda para assumir o sacerdócio. Foi ordenado pelo bispo de Olinda e foi professor de História Eclesiástica no Seminário de Olinda. Depois pediu permissão e foi missionar nos sertões, onde atuou desde o Piauí até Pernambuco. Ele não era um "beato", como quer a professora que não lê o que é produzido no Nordeste (se bem que há nordestinos que não folheiam as páginas de seus conterrâneos e, por isso engolem as bobagens escritas no sul). Além desse clássico já citado, Jacqueline deveria ter conhecimento dos escritos de Eduardo Hoornaert - Ibiapina e a Igreja dos pobres - publicado pela Paulinas nos anos 80. bem como deveria saber que atualmente a diocese de Guarabira está postulando a beatificação do Padre Ibiapina.
Uma última informação para os leitores: Os beatos e as beatas do nordeste são decorrentes da atuação do padre Ibiapina.
Bem: devo dizer que, mesmo fazendo esses adendos e correções indico a leitura do texto da professora Jacqueline Hermannn. Eu mesmo já escrevi sobre o padre Ibiapina, em textos publicados pelas editoras Vozes e Paulinas, portanto de fácil acesso aos professores do Rio de Janeiro. Por fim, não devemos esquecer: quem vá discorrer sobre um tema deve fazer uma pesquisa para verificar o status quaestionis

Duas nações? Uma esperança

Custa muito a crer que, um dia, vamos superar todos os males que os poderosos desse país têm feito ao povo dessa nação. É como se fôssemos duas nações: uma, a quem tudo é permitido, no sentido de roubar, manipular informações, promover absolvições antes que se dê início o processo, como foi o caso de Suassuana, o Sanguessuga; e outra, a nação representada por um pai desesperado que se prendeu em um poste , na Praça da República, em frente ao Palácio da Justiça, no centro da cidade do Recife, em protesto pela prisão de seus dois filhos, encarcerados sem provas e sem julgamento, lá se vão trinta dias. Uma nação gorda, super-alimentada das explorações realizadas sobre a outra nação esquálida, faminta de alimentos e reconhecimento de sua humanidade.
Embora custe muito a crer, ainda devemos crer e continuarmos a criar a esperança, evitando cair no jogo dos poderosos que fazem tudo para nos dividir - oferecem vantagens para alguns e esquecem outros e os alguns esquecem dos outros - e fazer do povo dessa nação brasileira, muitas nações. Não devemos nos esquecer que certo líder dos romanos antigos ensinava que dividir favorce o dominar. Não podemos simplesmente ir "levando", precisamos criar a levada.
Afinal, como nos lembra Darcy Ribeiro, o Brasil nasceu da Utopia, da Terra sem Males. Vamos nessa direção.

quinta-feira, novembro 30, 2006

que tristeza que dá! Mas é preciso continuar

Bem que hoje eu gostaria de responder um pouco a curiosidade de minha filha sobre o seu avô, João Vicente da Silva. Ela está interessada em saber como um cortador de cana, morador de um dos engenhos de Nazaré da Mata, que aos oito anos fazia tarefas, auxiliando o seu pai, José Vicente da Silva, um negro forte, que morreu antes que eu nascesse, tenha conseguido nos manter saudáveis e ser um vitorioso neste mundo que o queria perder.
Meu pai nasceu em 1913 e, penso, logo depois, nos anos 20 um grupo de tenentes pretendia modernizar o Brasil e fazer com que o Estado brasileiro reconhecesse a nação brasileira. Os tenentes de 1922, 1924 e alguns dos que fizeram a movimentação de 1930, pretendiam que o Brasil se tornasse dos brasileiros e não apenas de alguns poucos proprietários de terras, que a ursuparam do povo nos dois séculos de formação do Brasil e, desde então ficam fazendo golpes, tramoias e leis para impedir que o povo entenda o que meu pai dizia: quem não rouba nem herda, fica rico de merda.
Em 1964 um grupo de militares, menos nacionalistas que os de 1922, deram um Golpe de Estado com o objetivo, diziam, de moralizar o Brasil, acabar com a corrupção e com a ameaça comunista. Muita gente entrou nessa. Quanto à corrupção, não creio que eles a tenham acabado, como nos mostra a recente decisão da Comissão de Ética do Congresso Nacional, isentando, de culpa e responsabilidade, uma malta que se lucupleta de benesses, por eles criadas e, achando pouco, desvia dinheiros que deveriam atender o povo. Mas, como já sabemos, já terminou o período eleitoral, e o Presidente da Câmara - que foi o primeiro comunista a assumir o cargo de presidente do Brasil - a tudo assistiu, enquanto procura um meio de garantir a sua reeleição ao cargo, tal como fez o Severino Cavalcanti, o papa do baixo clero. Está ficando difícil dizer se ainda há alguém para formar o alto clero.
A ditadura não moralizou o Brasil, não afastou os comunistas, não acabou com a corrupção. É lamentável, mas parece que o único senador cassado por corrupção foi o Wilson Campos, e isso aconteceu na ditadura militar.
Os puros que acusam a ditadura militar de infelicitar o Brasil - o que é verdade - não conseguem afastar a corrupção. Tornaram-se herdeiros?

terça-feira, novembro 28, 2006

No colégio Dom Vital

O ano de 1967, cursava o curso científico no Colégio Estadual Dom Vital, de Casa Amarela. O prédio ainda está no mesmo local, voltado para o Mercado de Casa Amarela. Lembro do colégio alegre, hoje me parece velho e feio. Onde era a entrada, hoje tem uma antena para alguma operadora de telefonia. Todo o muro está ocuipado, externamente por barracas. o Colégio Não é mais colégio. Caiu de posto. não é mais referência de ensino.
Eu estava de volta ao colégio onde eu terminara o curso primário. Era o turno que comeva às quatro horas da tarde e terminava pouco antes das sete da noite, quando se iniciava o norturno. Nesse período nos entramos em contato com a maneira estadunidense de estudar. Quando os russos colocaram o homem em órbita, dez anos antes, o governo dos EUA decidiu que devia fazer uma grande mudança no seu sistema educacional e que deveria formar técnicos e cientistas. Era necessário, para eles, superar os russos, os comunistas. Além dos esforços que eram realizados para evitar que os pobres se comprometessem com as idéias comunistas, o que era feito através de ações do Corpo da Paz, um organismo ligado à Aliança para o Progresso, começou também uma intereferência no sistema de ensino brasileiro. Essa foi a época do famoso acordo MEC-USAID que fez levantar os estudantes, antes do início do descaramento da ditadura. Nessa época chegaram às mãos dos estudantes livros que ficaram conhecidos pelas iniciais BSCS - Biologia; Phscs - Física, etc.. Esses livros traziam uma nova maneira de ensinar, com a possibilidade de refazer em laboratórios as experiências que haviam sido reaizadas pelos cientistas. Lembro bem desses livros que líamos mas não tínhamos os laboratórios necessários. Mais do que hoje, eu experimentava o laboratório virtual, pois ele só exitia na nossa imaginação. Mas a nossa classe não parece ter havido cientistas. Éramos humanistas.
Lembro de debates entre João Batista, Darcier - hoje professor na UFPE, e um jovem cearense, Jessé, que, depois vim a saber que participava do famoso grupo de Defesa da Tradição Família e Propriedade. Uma tarde ele levou-me a uma surcusal que funcionava no bairro de Santo amaro. Tomei chá, ouvi música clássica e vi algumas revistas. Uma única vez foi o suficiente. Não dava para suportar as conversas que me feriam a alma.
Foi uma experiência interessante os debates que fazíamos nas aulas de Históira, com a professora Zuleide. Todos éramos aprovados em matemática por falta do professor Moacir. O professor de Biologia parecia dormir na aula das 17 horas. Gostávamos muito, especialmete de acompanhar as moças bonitas após as aulas. Ainda que suas casa ficassem na direção oposta à nossa. Clara, Eliene, Elizabete (eram duas) mereciam.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Alguns dos meus pensamentos sobre a Zona da Mata, sua cultura e suas possibilidades

PERSPECTIVAS E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO E CULTURA NA ZONA DA MATA[1]


1. Introdução

A Zona da Mata pernambucana é historicamente a primeira afetada pelas expedições portuguesas, sendo essa uma das razões de ser, possivelmente, a mais explorada região do estado. Se quisermos lembrar como foi a formação do povo e da sociedade brasileiras, sem dúvida devemos lembrar que, a faixa litorânea de Pernambuco e a que lhe sucede em direção do Agreste e Sertão, foram os locais primeiros do domínio da terras pelos que chegaram, da expulsão, ou a morte, dos povos que aqui habitavam, a destruição da primitiva vegetação e sua substituição por novos vegetais que poderiam ser comercializados lucrativamente nos mercados europeus. Para o estabelecimento de uma produção mercantil lucrativa, após o insucesso de impor o trabalho forçado aos primitivos habitantes, fora trazido da África o contingente humano necessário para a tarefa de plantio, cuidado, corte da cana e produção do açúcar e de toda a infra-estrutura necessária para a cadeia produtiva de então.
Nessa região foram feitas as primeiras plantações de cana de açúcar e construídos os primeiros engenhos, após a vitória dos portugueses sobre as tribos que vivam ao longo do litoral, desde Itamaracá até São José da Coroa Grande. Embora houvesse tentado se estabelecer primeiramente em Igarassu, Duarte Coelho encaminhou-se na direção de Olinda, em busca de situação geograficamente defensável mais facilmente e, muito depois a necessidade de um porto mais amplo que o porto do Canal de Santa Cruz. Dessa forma, o primeiro crescimento d que seria chamado de Mata Norte foi descuidado pela opção que a estrutura geográfica da capitania desenhada pela mão da Coroa Portuguesa fizera. Ademais, Goiana fazia parte de outra Capitania, a de Itamaracá, que só posteriormente veio a ser anexada à Pernambuco. Esse rápido balanço histórico nos mostra a opção primeiramente realizada, seja por decisões das pessoas envolvidas, seja pela decorrência das circunstâncias históricas que então eram vividas. Aquelas circunstâncias podem nos auxiliar a compreender as diferenças que existem entre as duas Matas, à do Norte (Seca) e a do Sul (úmida), sendo as captais – Olinda e Recife – os pontos de referência.
Se o processo de desocupação e re-ocupação do território não se deu forma única em toda a Zona da Mata, em decorrência disso devemos entender que, embora de matrizes semelhantes, e com muitas características em comum, devemos entender cada micro-região, cada cidade, com possibilidades de ter suas próprias e únicas representações culturais, que as torna diferentes, diversas, embora apresentem, também, alguma unidade. Atualmente a população de toda a Mata é cerca de 1.300.000, com um Índice de Desenvolvimento Urbano de 0.637, abaixo da média do Estado (0.692); com 32.50% de sua população analfabeta, com um município, São Benedito do Sul, carregando 48.35%, enquanto que esse índice no Estado e de 24.50%. Esses dados são os utilizados pelo PROMATA, tomando base o censo de 2000. Dessa mesma fonte temos que 62.79% dos chefes de família estão com renda de até 1 salário mínimo. Apenas esses dados mostram que a riqueza produzida na Zona da Mata, que foi a base da riqueza de Pernambuco ao longo de sua história, não tem sido apropriada por aqueles que a produzem direta e constantemente. E é nesse quadro, simples, sintético e pouco extensivo, uma vez que tudo isso poderá ser aprofundado mais tarde, que vou pensar perspectivas para a região.

2. Desafios
A colonização de Pernambuco, seja dizer, a formação de Pernambuco beneficiou preferencialmente os detentores do poder, os possuidores das grandes propriedades, donos de engenhos e fazendas, dominadores de animais e homens. A riqueza produzida tem sido em Pernambuco e no Brasil, desigualmente distribuída, e os benefícios provenientes da cultura não têm chegado a todos. É isso que nos dizem os dados acima citados e o grande desafio e quebrar essa tendência quadricentenária de produção de miséria e exclusão social. Para realizar isso seria, houve um tempo que se julgava ser necessária uma mudança radical. Talvez ainda o seja, contudo os tempos das revoluções, os tempos em que os desafortunados sociais tomavam o poder com as mãos e giravam os lemes da história pela violência passaram. Os meios de comunicação são também meios de controle e orientação social. As revoluções, as mudanças devem ser ocorrer com participações massivas, entretanto as massas hoje precisam ser mais bem educadas nos meios, nos instrumentos que a sociedade já produziu.
2.1 Superar o atraso
Desde os séculos XVIII e XIX, quando a burguesia passou a ser sócia do poder, ela elegeu a educação como meio de ter alcançá-lo e de mantê-lo. Escolas, universidades, parques de convivência social, aparelhamento para cuidar da saúde, cuidado com tratamento de águas e esgotos, tudo isso foi construído para garantir que a burguesia passasse a ter domínio da produção cultural e da sua cultura. Nos países e regiões onde políticas com esse objetivo foram realizadas, a população, em sua maioria, passou a ter o mínimo de acesso a esses bens e puderam dizer de si mesma que são cidadãs. Entretanto, a lentidão com que o Brasil tratou a questão escravocrata, os pequenos encaminhamentos para garantir que a população de ex-cravos fosse incluída na vida social, promoveu o surgimento de enclaves de pobreza material e, principalmente de pobreza espiritual, pobreza cultural, pobreza política. O maior desafio é vencer a pobreza material ao mesmo tempo em que se derrotem as exclusões da cultura, da política. Esses poucos números citados dizem que a Região da Mata de Pernambuco é rica em pobreza.
2.2 Superar a pobreza política
Mas a primeira pobreza a ser eliminada é a pobreza política dos que estão assentados nos cargos de poder, a pobreza política dos que são os proprietários de terras e animais. A pobreza política é a que nega a participação democrática dos bens culturais a todos os membros da sociedade, com justificativas de que “o povo não sabe apreciar isso ou não sabe apreciar aquilo”; pobreza política é esquecer que se alguns hoje são capazes de apreciar um certo tipo de música, é porque essa apreciação foi aprendida no cotidiano da vida social; pobreza política é construir escolas nas quais não se prever quadras de esportes, áreas de lazer e bibliotecas, sem os modernos instrumentos de ensino; pobreza política é pensar e dizer que nada pode ser feito para mudar, pois isso é garantir o passado e não o futuro. A pobreza política dos ricos produz a pobreza política dos pobres.
A pobreza material reforça a pobreza política, pois a pobreza material é a pobreza do alimento, o medo de morrer e esses medos provocam os silêncios – silêncios na sala de aula, silêncios nas reuniões dos sindicatos, silêncios nas reuniões das igrejas -, a baixa estima de si mesmo – o não reconhecimento de sua arte, a não aceitação de sua beleza, a vergonha de convidar alguém para visitar, o hábito de manter os olhos para o chão, o que tira a possibilidade de ver o mundo em uma perspectiva humana -, o não reconhecimento de suas potencialidades humanas e das potencialidades dos seus pares. O medo paralisa a vontade de escolher, até mesmo elimina a vontade de escolher, o medo diz que “é melhor ficar quieto para que ninguém note que você está aqui”.
2.3 A aceitação da riqueza local
Entretanto esse quadro tem mudado. Talvez não tanto por desejo dos mantenedores da tradição, mas como exigências do mundo que se globaliza. Parece que a globalização fez com que a Zona da Mata Norte descobrisse que, ale, de ser rica de pobreza, ela é rica em sua pobreza, além de ser rica. Nas últimas décadas o processo de globalização, em sua busca constante de encontrar novidades para o seu consumo, gerou condições para que muitas pessoas descobrissem o seu potencial e vissem esse potencial ser objeto de estudo e de respeito. Essas pessoas pobres e desconhecidas dos viveram e vivem daquilo que os pobres produzem e não consomem, passaram a ser vistas como senhores de um saber que os seus vizinhos negavam. O que era negado no terreiro e nas varandas das casas grandes passou a ser admirado e desejado pela grande sociedade global. As “danças nativas”, as “coisas de negros”, os “costumes de caboclo” se tornaram testemunhas do tempo, fontes da nação e não apenas motivo para poemas saudosos dos tempos infantis dos moradores das casas grandes dos engenhos, agora vazias de seus donos e, por causa da cultura do povo, volta a ser ocupadas por visitantes interessados na cultura dos homens.
2.4 O Ensino e a educação
A demanda que acabamos de mencionar tem provocado mudanças no universo cultural e acadêmico da Região. Tanto na Mata Norte quanto na Mata sul, desde os anos setenta do século passado estão sendo criadas instituições de ensino superior. As primeiras estavam voltadas para a Formação de Professores – Palmares, Vitória de Santo Antão, Goiana, Nazaré da Mata, e as mais recentes apresentam-se voltadas para a formação de agentes para o terceiro setor, turismo, administração de empresas, etc. – Carpina, Igarassu, Limoeiro, Timbaúba. Esse é um indicativo de que há uma demanda de conhecimento a ser atendida e uma demonstração de há outras formas de produzir riquezas e superar os problemas da Zona da Mata que pode, e deve, deixar de ser um fornecedor de mão de obra barata para a Região Metropolitana do Recife, além de criar condições para que a sua juventude não abandone os espaços de sua meninice e juventude, além de se integrar de forma positiva no processo de globalização. Estou dizendo participação positiva no processo de globalização, pois as anteriores – século XVI e XVII – cana de açúcar -, séculos XVIII e XIX – cana de açúcar e indústria - e século XX – informatização.
As questões educacionais que começam a ser atendidas no nível superior exigem um maior comprometimento dos governos municipais em promover uma ampliação da rede de ensino básico para superar os níveis do analfabetismo que marca a região, e, ao mesmo tempo pressionar o governo estadual para ofertar o ensino do nível médio, o que garantirá a demanda para as escolas de ensino superior. Entretanto, é fundamental que não seja apenas uma preocupação quantitativista, de produção de números de matriculados, concluintes com o objetivo de enriquecer estatísticas para instituições internacionais, mas que se verifique a qualidade do ensino, pois os tempos exigem não apenas pessoas alfabetizadas, mas pessoas educadas, ou seja, pessoas capazes de decifrara s mensagens e criar novas mensagens, interagindo com o mundo que o circunda, de modo a transformá-lo.
A melhoria do nível educacional é fator básico para a melhoria da produção cultural, ainda que os maiores bens culturais da região seja bens imateriais e esses extremamente ligados à tradição oral, à tradição rural, à tradição dos não leitores. Contudo, como essa tradição cultural da Zona da Mata não se fossilizou como algo folclórico, algo a ser lembrado, a introdução das letras entre os novos mestres de Ciranda, Coco, Maracatu poderão servir de maior motivação na produção de novas loas, novos versos, novos cantares. Os próximos mestres de Maracatu, Ciranda, Cavalo Marinho, Coco e outras manifestações, culturais devem ser alfabetizados e cantores tanto das tradições rurais quanto das novas tradições urbanas que estão sendo criadas. Mais ainda, o aumento do nível de escolaridade e educação, será uma motivação maior para a atração de turistas que, não apenas virão uma vez, mas, atraídos pela recepção singela, educada, retornarão e trarão novos turistas. Por outro lado, essa melhor qualificação educacional levará a uma melhoria no atendimento na rede hoteleira, nos restaurantes, nas lanchonetes, etc. é impossível que haja uma maior atração de turistas sem uma melhoria educacional da população. Os investimentos em educação são tão fundamentais para o estabelecimento de teias e cadeias produtivas que, não se pode entender um administrador público na Região que não esteja tão preocupado com isso quanto deve estar preocupado com o estabelecimento de uma rede captação, tratamento e fornecimento de água, em como à redes de captação e tratamento de esgotos, de maneira a diminuir os estragos que já foram feitos ao ecossistema da região.
3. As decisões e os atos
Os desafios, os problemas a serem vencidos são fáceis de elencar uma vez que eles têm sido os mesmo desde muito tempo, eles acompanham as estruturas seculares que se recusam a ceder espaços para novos tempos: estruturas que estão ligadas às formas produção econômica e, quase sempre nos esquecemos, à produção e reprodução das maneiras de pensar. Assim, os maiores desafios estão nas tomadas de decisões políticas e de realizá-las. As perspectivas de superação desses problemas arrolados e dos encaminhamentos possíveis, são de responsabilidades de todos, especialmente daqueles que foram escolhidos, indicados, para gerenciar o presente e o futuro da Zona da Mata. O gerenciamento dos problemas e dos desejos dos povos, quer dizer: das pessoas, das comunidades, deve considerar a participação do povo. As reuniões de discussões dos problemas e encaminhamentos das soluções possíveis devem ser abertas a todos e, mais que isso, deve haver programas de incentivo à participação, através de convites e publicização dos locais onde ocorreram. As reuniões não podem ser excludentes. Como todos sofrem os problemas, como todos são partes dos problemas, todos também são partes efetivas das soluções.
[1] Para o Seminário Canavial, promovido pelo Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança, em Nazaré da Mata, 243a 26 de novembro de 2000, pronunciado no dia 24 de novembro 2006.

Idéias que se encontram no canavial

Uma das iniciativas do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança é superar a idéia de que um festival seja apenas um momento de apresentação de artistas e de palcos iluminados feericamente. Asim, no CANAVIAL ocorreram debates, ou procuramos fazer que eles ocorressem. E foram realizados encontros para tratar dos problemas vividos pela população da Zona da Mata Norte, e foi realizado um enocntro dos artistas e moradores da Chã de Camará - local onde está situado o Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança - e da populção de Nazaré da Mata, com Jorge Mautner, poeta, músico, filósofo, pessoa interesante e importante na criação da cena cultural brasileira, mais conhecido por alguns como o autor de Maracatu Atômico, música que foi cantada e que deu a marca simbólica de Chico Science.
Em uma mesa, na sede da Associação das Mulheres da Nazaré da Mata, Mautner fez um relato de sua vida e ouviu o relato do Mestre João Paulo e do Mestre Zé Duda. Ouviu os versos improvisados dos poetas dos cortadores de cana e cantou suas músicas. Extasiado, um dos produtores do Banquete dos Mendigos, desfilou pelas ruas de Nazaré da Mata no Maracatu das Mulheres, ao lado da Mestra Gil, vestindo uma gola de caboclo. À noite cantou para os Mestres Duda e Salustiano e, ao lado de Salustiano ouviu os versos do Mestre Zé Duda. No Canavial dois brasis que buscam liberdade e vida feliz se encontraram e se encataram mutuamente.

O CANAVIAL

O domingo, 26, foi o término do CANAVIAL, o que ocorreu de maneira exuberante, ao som de uma orquestra de frevo que atraiu uma pequena multidão por um espaço de quase 800 metros, próximo às dez horas da noite. Entretanto, antes disso ocorreu, no espaço do Parque dos Lanceiros, a apresentação do Coco de Sebastião Grosso, da cidade de Goiana, Um coco forte e com raizes fincadas no terreiro sagrado do candoblé. Suas poesias são aproximadas da arte de Zé Limeira, o poeta do absurdo.
Pouco antes da apresentaçaõ do Sebastião Grosso, a tarde havia começado coma exibição do Maracatu Cambinda brasileira, o mais antigo, nascido no engenho Cumbe. Foi uma espécie de inauguração do Parque dos Lanceiro, com uma presença maciça da população da cidade. Em seguida ocorreu a apresentação do Cavalo Marinho do Mestre Batista, uma das atividades desenvolidas no Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança, que organizau o Festival Canavial. O Cavalo Marinho foi mestrado por Mariano Teles e, no banco, o Mestre Duda e o Mestre Biu do Coco, o primeiro Mestre do Maracatu Estrela de Ouro e o segundo Mestre do Coco Popular de Aliança. Na Rabeca o jovem Ederlan, que vem aprendendo os segredos dos sons do Cavalo Marinho sob a orientação e na convivência com os Mestres Zé Duda e Mariano Teles. Da mesma maneira que Ederlan está se tornando um rabequeiro na convivência com os mestres no Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança, a orquestra de frevo que realizou a última ação do CANAVIAL, foi organizada e dirigida por Ítalo, o trombonista do Terno do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança. Assim, o Ponto de Cultura Estrela de Ouro está realizando a sua tarefa de prmover a continuidade e transmissão dos saberes às novas gerações. Entretanto ele, o Ponto de Cultura precisa de seu apoio. Visita a página do estrela de ouro de aliança - www.estreladeouro.org

sexta-feira, novembro 24, 2006

CANAVIAL

Estou em Nazaré da Mata, no Espaço Cultural Mauro Mota, participando do CANAVIAL, um seminário proposto pelo Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança, Afonso Oliveira, e que recebe o apoio do FUNCULTURA, da Prefeitura de Nazaré da Mata. Pela manhã ocorreu a fase inicial, com com os discursos do representante do MINC, do presidente do FUNCULTURA, - Jaime Gusmão - e do secretário de governo de Nazaré da Mata. Todos os discursos versaram sobre a importância de promover enconrtros culturais que ultrapassem os tradicionais hábitos de que eventos culturais são apenas locais de festas e não reflexões. A fala de TTCatalão, do PNUD e assessor do Minc, foi sobre a Teia Cultural que está sendo formada pelos mais de quatrocentos Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil, espelhando e assumindo a grande diversidade e criatividade do povo em reconhecer e resolver os seus problemas de maneira criativa. TT falou sobre o significado de ter ocorrido a primeira reunião dessa Teia nos espaço onde se realizam ambienais de arte, em São Paulo. O povo, sempre visto como um distante participante da cena cultural, assumiu, ocupou os espaços que normalmente são entregues aos artistas renomados pela sociedade dominante. Lembrou que a Teia Cultura ela atrai e Tece. É teia e tear. Não podemos dizer que havia um grande público, pois afinal não é hábito as pessoas da Zona da Mata se reunir para debater os seus problemas.
Á tarde foi dedicada a se debater algumas experiência educacionais e culturais. Participaram da mesa o secretário de educação do município de Condado - prof. Sinésio, a presidente da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata - Eliane, o coordenador do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança - José Lourenço e a secretária de Turismo de Aliança - Alessandra. O debate chamou atenção por alguns números apresentados. Como na palestra inicial sobre os Desafios e as Perspectivas Culturais e Educacionais da Zona da Mata mencionara que o grande desafio era supoerar a pobreza política dos gestores públicos que refoça a pobreza material da população, ficamos sabendo que os professores da região não conhecem a história dos seus municípios, pois eles não são da região. A situação parece ser pior no futiro, uma vez que, em Condado não há jovens entrando na universidade por decorrencia do ensino ruim que é dado pelas escolas do grau médio, responsabilidade do Estado. Ficamos sabendo que, dos mais de 2000 alunos que estudam na Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata. apenas 8 - oito - são de Nazaré da Mata. Como será o ensino nessa região nos próximos anos.
Algo tem que ser feito pela sociedade para os gerentes do Estado de Pernambuco resolvam assumir esse desafio. Que elite ruim governa esse povo!

quinta-feira, novembro 23, 2006

23 de novembro

Esse dia vinte e três de novembro parece um dia comum, igual aos outros trezentos e sessenta e cinco dias, exceto o dia em que competamos nova idade. Eu nasci em 17 e,por essa razão o 23 podia significar pouca coisa ou quase nadapara mim. Entretanto, a cada 23 eu lembro de rezar de uma forma especial. É que duirante muitos anos frequentei a Matriz da Boa Vista, sempre no dia 23. Eu participava da Cruzada Eucarística, uma associação religiosa para leigos criada apartir do pontificado do papa Pio X. Seu objetivo era nos ensinar a amar Jesus Sacramentado. As crianças católicas, os pré adolescantes faziam a primeira comunhão e entravam na Cruzada Eucarística, o que ensina um compromisso com a Eucaristia, com Jesua Sacramentado. Assim, a cada 23 de todos os meses , os pré adolescentes da paróquia Nossa Senhora de Loudes de Nova Descoberta, íamos adorar Jesus Sacramentado duranrte uma hora. o 23 tornou-se muito importante e continua na miha vida. Entretanto, um certo dia 23, o de novembro, tornou-se importante para mim e para o mundo porque, lembro que em um dia como esse foi assassindo João Kennedy, presidente dos EUA que, durante muito tempo ficou guardado na memória como o que forçou a scoiedade americana na direçaõ do reconhecimento dos direitos humanos. Ele obrigou as escolas do suldos EUA a aceitarem estudantes negros e lutou para acabar com o racismo nos USA. Além dissom ele foi o primeiro presidente católico nos Estados Unidos. Eu devia ter doze anos quando ele foi assassinado, e isso me marcou e, mesmo depois que entendi ter sido ele - Kennedy - um dos responsáveis pelo incremento da guerra do Vietnan, ele continou sendo o jovem presidente que pretendeu tornar mais humano o capitalismo. Contudo, neste 23 de novembro de 2006, um novo acotecimento dá uma novo significado à data. Nasceu GABRIELA, filha de Catarina e de Flávio. Catarina é a filha caçula de minha irmã mais velha, Zefinha, que tem três filhos e agora conta 4 netos. A nossa família cresce, com os problemas que cada família tem, Aumenta o número de bisnetos de minha mãe. Zefinha é professora aposentada, pois está entre as cem primeiras professoras da Fundação Guararapes. Todos estamos felizes porque, nesse dia 23 vemos a celebração da vida e do amor, o sacramento da vida continuar, como o sacramento da eucarista, que é a vida que se doa a todos e por todos; é a celbração do direito da vida, que nossa família tem celebrado, às vezes egoísticamente, mas sempre com os ohos voltados para o futuro e para vida (a esse respeito devemos lembrar que Catarina está envolvida em uma organização que tem cmo objetivo fazer renascer - Retomar - a vida nas comnidades e nas pessoas). Agora o 23 de novembro aumenta o seu significado de vida para mim. Gabriela chegou grande: 51 centímetros, 4 quilos e 340 gramas. Veio robusta, com a nítida clareza de que é uma descendente dos primeiros habitantes desta erra. Uma cabocla, parecida com uma coreana ou esquimó, como dsse o pai. É verdade qe somos de todos os lugares. Mas é sempre bom olhar para nossa família e verificar que somos, inevitavelmente, desta terra enorme.
Bem vinda seja GABRIELA, que venha alegrar-se alegrando a vida de seus pais, tios, primos, avós e bisavós.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Seminário OS SERTÕES

Desde ontem se realiza no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE, sob a inspiração do Departamento de História e com a coordenação geral da professoara Dra. Tânia Brandão, o seminário que tem o título de Sertões. Nome acertado, pois são tantos sertões quantas as experiências de presença e ausência de cada um que vive; sertões, pois neste seminário está a participação das universidades da região, mas também daqueles que não estão nos sertões nordestinos. Por razões médicas não pude participar do dia de hoje, mas na sessão de abertura tivemos prazeres diversos: desde as palavras da professora Socorro Ferraz que lembrou que sertão, a palavra, em sua longa história, significa desde o ser quanto a sua negação. Depois, tivemos um belo concerto de viola, oferecido pelos nossos colegas do Centro de Artes e Comunicação. Entretanto, o mais belo da noite, foi ouvir, por cerca de 70 minutos, as palavras drpfesor Willi Bolle, nos encantando à medida que desencantava as obras de Euclides da Cunha - os Sertões - e de Guimarães Rosas - Grandes Sertões Veredas -, indicando como cada uma delas, em um espaço temporal de cinqüenta anos, explicam e propõem o Brasil.
O Seminário continuará na sexta feira. Está sendo uma oportunidade extraordinária para verificar o quanro se está estudando os sertões, na antropologia, na geografia, na história, na sociologia e, em cada uma dessas ciências, os diversos meandros e especialidades que as formam e lhes dão vida.
A quem não pode particpar, julgo que seja interessante entrar em contato com o Departamento de História da UFPE, procurando verificar um meio de conseguir os anais.

terça-feira, novembro 21, 2006

de onde vem o golpe

A cada dia nos podemos saber um pouco mais sobre nós mesmos e o mundo que nos rodeia. O historiador Carlos Fico tem pesquisado sobre o comportamento da sociedade brasileira nesses tempos de hoje. Vejam o que ele encontrou recentemente. Não é novidade, mas é a comprovação de que o golpe veio de fora e muito antes do dia 13 de março, quando ocorreu o grande comício da Central do Brasil. A notícia vem da Tribuna da Imprensa, Rio de janeiro, com a data de hoje.

Apoio dos EUA ao golpe de 64 foi anterior ao que se pensava
Um pesquisador brasileiro disse ontem que descobriu um documento oficial que mostra que os Estados Unidos estavam planejando a derrubada do governo João Goulart bem antes do golpe militar de 1964. O professor Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse em entrevista à Associated Press que se trata do primeiro documento do governo americano que comprova que o apoio de Washington aos militares brasileiros se cristalizou bem antes do que se imaginava.
Até hoje, pesquisadores estavam cientes do apoio dos EUA ao golpe militar, mas, segundo a versão americana, tal sustentação teria sido manifestada apenas alguns dias antes da deposição de Goulart. Fico disse que descobriu o documento enquanto pesquisava no Arquivo Nacional no College Park, em Maryland.
Segundo ele, a informação estava contida num relatório de 7 páginas intitulado "A Contigency Plan for Brazil" ("Um plano de contingência para o Brasil"), co-redigido pelo então embaixador americano Lincoln Gordon, que discutia o temor de um possível levante comunista no Brasil e como João Goulart poderia ser substituído pelo então presidente do Congresso.
O documento foi datado em 6 de janeiro de 1964. Em 31 de março daquele mesmo ano, unidades do Exército brasileiro em dois estado mobilizaram tropas com o declarado objetivo de depor Goulart. Em 1º de abril, unidades de 22 outros estados se juntaram ao movimento.
Os militares alegaram que Goulart planejava adotar um governo no estilo comunista no Brasil. O presidente fugiu para o Uruguai em 4 de abril. Depois disso, o Brasil foi governado por cinco presidente militares escolhidos por oficiais. A ditadura terminou em 1985. Fico descobriu os documentos entre papéis desclassificados pelo governo dos Estados Unidos em 2004.

Canavial

Esta é uma semana, como todas, repleta de atividades culturais e educacionais. Estou colocando neste espaço a programação que ocorre na cidade de Nazaré da Mata, na Mata Norte do Estado. É uma realização do Ponto de Cultura Estrela de Ouro de Aliança. Quem poder ir está convidado, tanto para as atividades de diversão quanto para as de relfexão.
Obrigado


CANAVIAL
FESTIVAL DE CULTURA DA ZONA DA MATA


Programação Geral

Sexta, 24 de novembro

09:00 – Abertura
Inácio do Nascimento – Prefeito (Nazaré da Mata-PE)
Jaime Galvão – Diretor Executivo do Funcultura (Recife-PE)
Tarciana Portela – Representação Regional do Ministério da Cultura (Recife-PE)
Local: Centro Cultural Mauro Mota

09:00 as 17:00 – Oficina Cultura Digital – Minc – (Recife-PE)
Vídeo – Oficina prática com a gravação de todo Festival e edição de um documentário
Com Felipe Machado e Moabe Filho (Recife-PE)
Local: Amunam

09:30 – Palestra – A importância das Teias Culturais no Brasil
Palestrante: TT Catalão – Jornalista e Poeta (Rio de Janeiro) à confirmar
Local: Centro Cultural Mauro Mota

10:00 as 12:30 - Seminário
Sistema Nacional de Cultura na Zona da Mata de Pernambuco
Palestrantes:
Tarciana Portela – Chefe da Representação Regional do MinC (Recife-PE)
Afonso Oliveira – Produtor Cultural (Recife-PE)
Edlamar Ferreira – Diretora de Turismo (Nazaré da Mata-PE)
José Mário Autregésilo - Fundarpe
Local: Centro Cultural Mauro Mota

14:00 as 18:00 – Oficina
Cinema de Animação
Com Lula Gonzaga e o Ponto de Cultura Cinema de Animação
Local: Centro Cultural Mauro Mota
Obs: Essa oficina estará acontecendo de 20 a 25 de novembro com os jovens de Nazaré da Mata

14:30 – Palestra – Os Desafios da Educação e da Cultura na Zona da Mata
Severino Vicente da Silva – Phd, UFPE e Associação Reviva (Olinda-PE)
Local: Centro Cultural Mauro Mota

15:00 as 17:30 – Seminário
Experiências Culturais e Educacionais na Zona da Mata
Palestrantes:
Cinésio Melo Filho – Secretário de Cultura (Condado-PE)
José Lourenço – Ponto de Cultura Estrela de Ouro (Aliança-PE)
Eliane Rodrigues – Presidente da Amunan (Nazaré da Mata-PE)
Cidiclei – Festival Tipoia (Goiana-PE) à confirmar

20:30 – Cinema Anima Mostra
Local: Praça da João XXIII – Catedral
IGARASSU, de Lula Gonzaga
TEM BOI NO TRILHO, de Marcos Magalhães
EM BUSCA DA COR, de Telmo Carvalho
CATALOGO DE MENINAS, de Caó Cruz Alves
BAHIANIMADA, de Caó Cruz Alves
O LOBISOMEM E O CORONEL, de Ítalo Cajueiro

21:30 as 03:00 - Shows
Local: Praça da João XXIII - Catedral

21:30 - Mestre João Paulo (Nazaré da Mata – PE)
22:00 - Mestre Zé Duda (Aliança – PE)
22:30 - Bongar (Olinda-PE)
23:00 - Boi de Camará (Aliança)
23:30 - Afonjah (Rio de Janeiro – RJ)
00:30 - Ticuqueiros (Nazaré da Mata – PE)
01:30 - Maciel Salu e o Terno do Terreiro (Olinda – PE)

Sábado, 25 de novembro

09:00 as 17:00 – Oficina Cultura Digital – MinC – (Recife – PE)
Vídeo Digital – Oficina prática com a gravação de todo Festival e edição de um documentário
Com Felipe Machado e Moabe Filho (Recife-PE)
Local: Amunam

09:00 as 17:00 – Oficina Sistema Nacional de Cultura - MinC – (Recife – PE)
Local: Colégio Santa Cristina

15:00 as 16:00 – Palestra Performática Ponto de Cultura do Kaos -
Instituto Pensarte (São Paulo-SP)
Com Jorge Mautner e Nelson Jacobina (Rio de Janeiro -RJ)
Local: Amunam

14:00 as 18:00 – Oficina
Cinema de Animação
Com Lula Gonzaga e o Ponto de Cultura Cinema de Animação
Local: Centro Cultural Mauro Mota
Obs: Essa oficina estará acontecendo de 20 a 25 de novembro com os jovens de Nazaré da Mata

16:30 – Lançamento do Livro – A Cambinda do Cumbe – Canal ZERO 03
Local: Engenho Cumbe
18:00 Projeção fotográfica do livro e exibição do vídeo Terra de Caboclo de Sumaia Vieira e Bruno Albertin
20:30 - Sambada Pé de Barraca até o dia amanhecer.


20:30 – Cinema na Praça
Local: Praça da João XXIII – Catedral
O HOMEM DA MATA, de Antonio Carrilho
SIBA FULORESTA DO SAMBA, De Marcelo Pinheiro

21:30 as 03:00 - Shows
Local: Praça da João XXIII - Catedral
21:30 - Caboclinho Sete Flexas (Goiana – PE)
22:00 - Coco de Arcoverde (Nazaré da Mata – PE)
23:30 - Jorge Mautner e Nelson Jacobina (Rio de Janeiro – RJ)
00:30 - Maracatu Estrela de Ouro (Aliança-PE)
01:00 - Mestre Salustiano e a Rabeca Encantada (Olinda – PE)
02:00 - Coco Popular (Aliança – PE)

Domingo, 26 de novembro

09:00 - Saída do Bike Tour - Parque dos Lanceiros
Pela rota dos Engenhos e Maracatus

17:00 – Inauguração do Parque dos Lanceiros

17:30 as 20:00 – Cultura no Parque
Local: Parque dos Lanceiros

Maracatu Cambinda Brasileira – (Nazaré da Mata-PE)
Cavalo Marinho Mestre Batista – (Aliança-PE)
Coco de Sebastião Grosso – (Goiana-PE)
Orquestras de Frevo
O Yahoo! está de cara nova. Venha conferir!__________ Informação do NOD32 1867 (20061115) __________Esta mensagem foi verificada pelo NOD32 sistema antivírus.part000.txt - esta OKpart001.htm - esta OKFESTIVAL CANAVIAL.jpg - esta OKhttp://www.eset.com.br

segunda-feira, novembro 20, 2006

Dia da Consciência

Este dia 20 de novembro é um dia que deve nos fazer pensar sobre o respeito às pessaos e sobre como podemos nos tornar melhores, nos aproximar dos outros, superar as barreiras que os grupos étnicos precisam criar para sobreviver. Mas, o que é importante, sem perder as barreiras deixar espaços para a aceitação dos demais grupos. O dia da Consiciência Negra deve ser um dia em direção da Consciência Humana. Comportamentos racistas são indaqueados para a sueraçao dos sofrimentos que têm sido criados pela invenção constante de autsiders, pela permanente criação de "nossos grupos" "estabelecidos". Lembremos que Zumbi dos Palmares, nascido no Brasil, pretendia que houvesse uma sociedade que admitesse a todos, como nos quilombos, locais de convivência de muitas etnias, embora houvesse uma predominância de uma delas. O que não podia ser permitido é o domínio permanente de um grupo sobre outro. O dia da Consciência Negra foi criado como um grito a ser ouvido por todos, um grito que nos lembra que não haverá paz no Brasil enquanto houver discriminação contra qualquer dos seus grupos formadore. é por isso que existe também o dia do índio, e o dia do motorista, e o dia do professor, ou o dia do Gari. Em toddas as profissões estão afro-descendentes, amerpíndios, luso descendente, ítalos descendentes, etc.. o Lamentável é que os grupos dominantes, as pessoas dos gruupos dominantes, independente de suas origens, agem de maneira a diminuir aqueles que não fazem parte desse grupo. O racismo que utiliza a cor da pele para discriminar não é decorrente da cor da pele. São outras as origens do racismo. Não se mede o racismo pela quantidade de menalina do racista. É preciso termos Consciência disso, e superar todas as formas de racismo, e também as formas e meios de produição de racismo e racistas.
Feliz dia Consci~encia Negra. Feliz da Consciência Humana.

sábado, novembro 18, 2006

A sétima preocupação

Nesta semana conversava com alunos sobre o pouco tempo que somos ensinados a dedicar aos estudos, às leituras. Comentava como havíamos nos acostumados a ler apenas capitulos de livros, o que promove o desgaste dos autores e das editoras. Vimos que isso é devido à uma certa censura econômica que, pelo preço impede que o conhecimento produzido vennha a alcançar um maior número de pessoas. Acostumamos a isso. Achamos anormal quando o professor não manda copiar partes do livro. A nossa desculpa é que não ha livros na biblioteca - o que é verdade, pois a verba para compra de livros é pouca e a sistemática que o governo adota para comprar livros para as suas bibliotecas que favorece mais o intermediário que ao leitor - ou que o livro é caro. Fica difícil acompanhar o pensamento de um autor, nos educarmos sobre o seu pensamento lendo apenas alguns capítulos de seus livros. Com certeza a nossa formação fica deficiente. Por outro lado achamos normal termos uma formação deficiente. Ninguém se importa. No dia seguinte os jornais apresentaram uma pesquisa do IBOPE que diz da pouca importância que os brasileiros dão à educação. Em uma lista de 10 ela figura como a sétima. Os pais não se preocupam em acompanhar o comportamento dos filhos na escola, a sociedade não acompanha o que é feito com o dinheiro público, e todos acham que isso é normal. Alguma coisa é anormal. Precisamos pensar sobre isso. Alías, uma das alunos da classe do curso de história disse que esse negócio de ler cansava muito. Ela já acha que se pode aprender sem ler. Será isso normal?

quinta-feira, novembro 16, 2006

Consciência Negra na Sociedade Orpheu de São Leopoldo

Esta notícia veio no noticiário da cultura alemã. Foi enviada por Carla Dutra. Apresenta algo novo nas relações entre os brasileiros. Anuncia-se que será feita por brasileiros uma festa em um clube brasileiro, só que este clube foi fundado por alemães que chegaram no Brasil na segunda metade do século XIX e, só recentemente passou a ceitar frequentadores de outras cidades. Este ano está alugando o seu espaço para Festa da Consciência Negra, no dia 20 de novembro.

Quase 150 anos depois de ser fundada, uma das mais tradicionais sociedades germânicas do Estado vai abrir hoje as portas para o movimento negro. A convite do presidente Iloir Roberto Mendel, a Sociedade Orpheu será o palco do baile que marca a abertura da Semana da Consciência Negra de São Leopoldo, no Vale do Sinos. A festa se tornou atração na cidade, considerada o berço da colonização alemã no país. Fundado em janeiro de 1858 por oito alemães que costumavam se reunir para cantar, o mais antigo clube social do Brasil sempre foi visto como um lugar para poucos. Com o objetivo de cultivar as tradições germânicas e promover a integração entre os imigrantes, o estatuto da sociedade é escrito no idioma de origem. Até 40 anos atrás, negros não eram aceitos. Pessoas de outras cidades também não eram bem-vindas. Candidatos a sócio passavam pelo crivo da diretoria e tinham a foto exposta durante um mês para serem avaliados. Para o coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de São Leopoldo, Gilberto Silva da Silveira, o evento de hoje - com show de Jair Rodrigues e de Luciana Mello - é um marco. - É um símbolo de tolerância, de integração e de reconhecimento da diversidade. Mostra que São Leopoldo supera o preconceito. Para a comunidade negra, esse é um momento de afirmação e de fortalecimento de sua auto-estima. Esse baile simboliza uma travessia, um instante inaugural - avalia.
Este país carrega muita esperança. Essa esperança tem outras faces. No sertão de Pernambuco e do Nordeste da Bahia, há uma tradição de se criar clube dos Artífices, Dos Morenos, pois havia clubes para os brancos e os negros não podiam entrar e dançar naqueles espaços. Isso ainda nos anos setenta do século XX. Esses clubes estão em desuso e alguns completamente abandonados. Em Rodelas, BA, um estudante escreveu uma nonografia sobre o Clube dos Morenos. Em Belém do São Francisco as paredes do Clube dos Artífices cairam e, depois de um ano estão sendo reconstruidas e recriada a associação com outros objetivos, agora menos restritivos. A nova associação terá um caráter mais cultural educativo, embora não pense em abandonar as festas, necessárias para repor as energias. São os brasis desse Brasil.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Padre Romano - um brasileiro

Tenho em minhas mãos um exemplar do livro PADRE ROMANO: PROFETA DA LIBERTAÇÃO OPERÁRIA: A SAUDADE QUE IMPULSIONA, escrito pelo Jornalista Manuel Carlos Chaparro, editado pela Editora HUCITEC, neste ano de 2006. Como não podia deixar de ser, o livro foi patrocinado pelo Movimento dos Trabalhadores Cristãos – MTC, que se põe no conjunto do Secretariado Nordeste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e recebeu o apoio cultural da Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco e da Prefeitura do Recife. Escrito por um jornalista que conviveu com o biografado, este é um livro diverso: biografia, depoimentos, memórias, história. O Movimento dos Trabalhadores Cristãos é o sucedâneo da Ação Católica Operária, o a mesma ACO, com uma visão mais ecumênica, mas adaptada a conviver com os novos ventos, esses ventos que entendem ser necessário uma maior cooperação entre aqueles que procuram viver os ensinamentos de Jesus, o Cristo.
O Livro narra, de maneira amigável a vida do padre Romano, um suíço que dedicou a sua vida, nos dois lados do Atlântico, para tornar humana e saudável a vida dos operários. Romano chegou ao Recife no difícil período da ditadura militar. Com o seu sorriso e coração abertos, Romano reinventou a Ação Católica Operária, com antigos militantes da Juventude Operária Católica e, com a sede que construiu na Rua Gervásio Pires, inventou um espaço aberto para toda as comunidades cristãs – ou não – se reunirem com o objetivo de construir um mundo de dignidade e elevada estima com e para os operários. Da ACO, orientada pelo carinhoso padre Romano saíram os alertas para as desumanidades que estavam ocorrendo no Nordeste do Brasil – Nordeste, o Homem Proibido, foi um dos primeiros gritos de protestos que os ditadores ouviram e, surpreendidos tentaram calar. Romano sofreu processo de expulsão, mas exigiu não ser expulso, pois, sendo expulso não sofreria o que os operários, os militantes católicos e não católicos estavam sofrendo. A sua solidariedade para com o povo que ele escolheu para ser parte, não tinha limites.
Os católicos mais jovens, os militantes mais jovens, os que conheceram Romano e os que não conheceram Romano, devem ler este livro, a vida de um homem, de um padre, de um operário da liberdade.

segunda-feira, novembro 13, 2006

O ano que muita gente saiu de férias

Que bom que estão cada vez mais comuns filmes sobre a história recente do Brasil. Esses trabalhos auxiliam a sociedade brasileira a refletir sobre ela própria. todos sabemos que o cinema é uma diversão e, também sabemos que podemos aprender enquanto nos divertimos. Foi essa uma da maneiras utilizadas para a expansão do jeito americno de viver.
Ontem assisti O ano em que meus pais saíram de férias, um filme que, embora não seja excelente, é ótimo por vários motivos: auxilia a visualizar como era o ambiente que se vivia no Brasil à época da copa do mundo em 1970/; apresenta a confusão de sentimentos de euforia, temor expectativa e alienação que eram experimentados pelos brasileiros de então; mostra as ansiedades de uma família que se despedaça, acompanha o amadurecimento de um pré-adolescente diante das ocorrências da vida; apresenta a diversidade cultural do Brasil, um bela comunidade judaica no bairro do Bom Retiro, SP; não tem medo de mostrar a violênci pública do estado contra a população; além das belas interpretações de alguns atores desconhecidos. Três minutos de Paulo Autran, uma maravilha.
Filme bom, platéia não muito boa. A sessão na qual eu estava contou coma presença de um grupo de jovens - faixa etária 15 anos- , deu-me a impressão que eles e elas jamais haviam ouvido falar daqueles anos. Para eles tudo o que aparecia na tela era engraçado. E realmente havia algumas cenas engraçadas, quando, por exemplo, o presidente do Diretório Acadêmico diz que se a Tcheco-eslováquia vencer o Brasil será a vitória do socialismo, e logo em seguida grita de alegria com a os gols brasileiros. Vivi cena semelhante no Palácio dos Manguinhos, naquele mesmo jogo., pois haviámos marcado uma reunião de planejamento no horário do jogo. Um beleza de contradilção.
Vamos assistir o filme, que tem uma ótima fotografia e uma música cativante, além de belos e naturais diálogos. Muito interessante a definição de exilado político.

domingo, novembro 12, 2006

A régia vitória de Edwaldo Gomes

a Vitória Régia é uma flor tão amazônica que simboliza aquela região e faz parte da tradição indígena brasileira. Foi trazida pelo paisagista Burle Marx para dar nome a uma praça no bairro de Casa Forte. Foi em um tempo em que a praça era mais habitada por famílias, não havia prédio de corte navaiorquino e as famílias utilizavam a praça para convívio social Hoje a praça continua lá, com a Igreja e o colégio, onde existia a casa grande do Engenho, com muita gente a utilizando para as caminhadas em busca da saúde ou sua manutenção, mas as residências senhoriais estão dando lugar a escritórios, restaurantes e bares. Minha relação com aquela praça vem do final dios anos sessenta, quando participei de reuniões da pastoral de juventude da pastoral do Setor Casa amarela, na casa paroquial, então era ocupada pelo Monsenhor Lobo. Trago na memória que as reuniões alí ocorridas, em um bairro "nobre", nenhum jovem da local classe média ou rica. Os particpantes eram provenientes das beiradas do bairro, da Vila de Santana, antes da especulação imobiliária expulsar os pobres para a construção de edifícios de luxo, um permanente brinquedo da classe dominante de Pernambuco.
O propósito dessas lembranças é que por quase duas décadas, na Praça de Casa Forte - Vitória Régia - vem ocorrendo uma festa com esse nome, patrocinada pela Paróquia de São José de Casa Forte. Este ano a festa está celebrando o quinquagésimo aniversário da ordenação do padre José Edwaldo Gomes, atual vigário. conheci Edwaldo Gomes quando ele era vice-reitor do Seminário Menor Nossa Senhora da Conceição da Várzea, onde estudei nos anos 1961/63. Foi meu professor de língua portuguesa e, apesar de eu ter alcançado a nota necessária para aprovação, convenceu meu pai de que o aprendizado não havia sido o melhor possível e que seria bom para a minha formação repeitr todo o primeiro ano ginasial. assim foi feito.
Quando deixei o Seminário, Edwaldo era o Reitor, em substituição a Zeferino Rocha. Vim encontrá-lo pessoalmente apenas em uma missa no Morro da Conceição, em 1974. Passamos a nos ver com maior freqüência e cultivo respeito por ele que soube assumir uma orientação mais progressista em um bairro com tendência ao conservadorismo. No difíceis momentos da substituição de Dom Hélder pelo atual arecbispo, Edwaldo tornou-se um referência para os católicos do "meio independente", que buscavam as orientações que eram dadas nos homilias da missas dominicais. A formação a experiência e o tato de Edwaldo deveriam tê-lo posto à frente de alguma diocese. Os caminhos políticos do Vaticano são diversos do entendimento de muitos católicos.

sábado, novembro 11, 2006

O troco

A coluna de Cláudio Humberto informou ontem, 10 de novembro, uma anedota que está sendo dita no Rio Grande do Norte: "no senador Fernando Bezerra (PTB) não se vota nem pagando." É que o senador gastou R$ 2.7 milhões na campanha e foi derrotado por Rosalina Ciarline, que gastou R$ 767 mil. Sem maldade, é preciso lembrar que o senador foi ministro da integração (antigo interior) no governo de FHC, e ele cuidadava da SUDENE. Tornou-se o tarefeiro - mais um do Nordeste - para pôr fim à SUDENE. L.I.L.S., logo após a posse, prometeu que refaria a SUDENE, ainda não o fez. Precisamos lembrar que o líder do partido de Fernando Bezerra - PTB - era o Roberto Jefferson, que recebeu um cheque em branco do presidente que substituiu FHC. Quando o presidente do PTB notou que o cheque não tinha fundo, pôs a boca no trombone e todos sabemos o que ocorreu desde os tempos de Waldomiro, o assessor de Dirceu.
Os riograndenses do norte ficaram com o dinheiro e tiraram a cadeira do senador que tirou a SUDENE.

sexta-feira, novembro 10, 2006

IHO e o 10 de novembro

Estive na Ribeira, em frente às ruínas do antigo Senado de Olinda. No rescaldo da Guerra dos olindenses contra os Mascates do Recife, Bernardo Vieira de Melo, Sagento Mor de Olinda e chefe do terço que derrotou o Quilombo dos Palmares, proclamou o desejo de separar-se do reino português criar um república, à moda veneziana. Pela primeira vez falava-se dessa forma de organização política no Brasil, conforme canta o Hino de Pernambuco. Para lembrar o evento, o Instituto Histórico de Olinda promoveu uma caminhada desde a sede do Insitituto na Praça da Liberdade - tam,bém conhecida como da Preguiça - até o local. Esteve presente o Viocve-prefeito, as secretárias de Cultura e Educação e cerca de cem pesdsoas. Olímpio Bonaldo Neto fez uma oração na qual louvou Bernardo Vieira de Melo, sem ocultar as suas limitações como homem do seu tempo; o também sócio Carlos Cavalcanti fez uma oração jmais cívica e Marieta Borges cantou o Hino 10 de novembro, feito em louvor de Bernardo Vieira de Melo.
Foi uma cerimônia simples, mas valeu pois estava completamente esquecida na Primeira Capital Nacional da Cultura.
Na fala do viceprefeito, o prof. Paulo Valença, chamou atenção ele dizer que essas celebrações ão importantes em mundo em que avança o processo de globalização e corre-se o risco de perder as tradições locais.

quinta-feira, novembro 09, 2006

O Ovo da Serpente

Emir Sader escreveu um comentário sobre uma afirmação do presidente do PFL pois sentiu-se ofendido quando "aquele senhor" disse que pretendia livrar-se "dessa raça", referindo-se ao PT. É evidente que o PT não é uma raça, o senhor falou em sentido figurado. além do que a UNESCO já definiu desdem o início do anos cinqüenta que não existem raças. Quem pensa seres humanos como de raças é racista ou criado de animais.
O intelectual não percebeu, ou não quiz perceber, a figuração da expressão e acusou aquele político de ser racista. Talvez ele o seja, mas não me parece que no contexto. Assim, "aquele senhor" sentiu-se ofendido e foi buscar satisfação no poder judiciário, como é permitido a qualquer cidadão. O que chama atenção foi a presteza com que o judiciário, quase sempre lento, atendeu ao pedido "daquele senhor". Mais surpreendente ainda foi a decisão do "juiz" em determinar que o sociólogo perca o emprego, o que não estava em questão, nem pode estar pois o emprego foi conseguido em concurso público e o "juiz" deve saber que há um ritual a ser cumprido para que o funcionário concursado, como é o caso do "juiz", possa perder seu emprego. Mas é isso que dá quando se gasta o tempo, como a agulha de Machado de Assis, abrindo caminho para linhas impertinentes, ordinárias e indecentes. Temos que tomar cuidado com isso: se cada vez que um senhor não racista solicitar algo a um"juiz" um professor universitário perder o emprego, a gente pode se perguntar quando será a noite dos cristais. Assim a serpente aqueceu o ovo.

quarta-feira, novembro 08, 2006

ciclo eleitoral nas Américas

Estão terminando a contagem de votos na Nicarágua, com a vitória de Daniel Ortega. Pode ser que após anos de ostracismo, a revolução Nicaraguense esteja de volta, ou ao menos a possibilidade de vir uma nova chance para se encontrar/construir um novo modelo de sociedade. Mais ao norte, os Estados Unidos estão renovando o Congresso Nacional, com uma pequena maioria para os Democratas, criando possibilidade para um melhor debate sobre as questões nacionais/internacionais, uma vez que no centro do Império, as suas questões são as questões de todas as nações. Na ONU, a disputa latino americana pela cadeira provisória no Conselho de Segurança terminou em um consenso colocando oPanamá na cadeira desejada por Chavez. Na Venezuela ocorrerrão eleições, quase fechando o ciclo eleitortal deste final de ano no continente. Todos estamos votando, expressando desejos. Veremos se os governantes são capazes de entender que não se quer revolução nem estagnação: Os do Sul estão desejosos de melhoria de condição de suas vidas - emprego, assistência de saúde, educação, segurança, etc - e no Norte estão dizendo que é tempo de verificar se vale a pena continuar levando a sério esse papel de policial do mundo e criado do medo mundial.

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre as cotas raciais

Sempre devemos estar atentos ao que nos parece tão claro à primeira vista. As estatísticas mostram e escondem muitas realidades, por isso creio que pode ser interessante ler este artigo de Calos Marchi sobre o livro de Ali Kamel - Não somos Racistas.
Boa leitura e reflexão.



POLÍTICA DE COTAS RACIAIS E A POBREZA

Em Não Somos Racistas, o jornalista Ali Kamel defende que o Brasil tem de resgatar todos os pobres e não só os pobres negros
Carlos Marchi
Os números não mentem jamais, a menos que sejam manipulados - esta é a principal arma do jornalista e cientista social Ali Kamel para desmontar um dos grandes mitos do Brasil atual, as políticas compensatórias (ou "ações afirmativas", como se diz) para redimir a pobreza que penaliza a população negra. Kamel lembra que nem só os negros são pobres, mostra que os negros usam os pardos para engordar os números da miséria, mas depois os afastam dos benefícios, e, ao final, alerta para o perigo de o ódio racial instalar-se no Brasil.Não Somos Racistas (Editora Nova Fronteira, 143 págs., R$ 22) é um libelo contra o advento do ódio racial e responde à tese politicamente correta das ações afirmativas com uma tese mais politicamente correta ainda - o Brasil tem de resgatar todos os pobres, não só os pobres que são negros. Se não for assim, o que dizer aos milhões de pardos e brancos que são tão pobres quanto os pobres negros? "Quando pobres brancos, que sempre viveram ao lado de negros pobres, experimentando os mesmos dissabores, virem-se preteridos apenas porque não têm a pele escura, estará dada a cisão racial da pobreza", adverte Kamel.Ele mostra que o Brasil não é institucionalmente racista, apenas tem pessoas que são racistas. E posiciona o fim da democracia racial na década dos 50, pela ação da escola de Florestan Fernandes, da qual participava Fernando Henrique Cardoso. Para Kamel, quando chegou ao governo, FHC lembrou-se tanto do que tinha escrito que resgatou a idéia de criar ações afirmativas para os negros pobres. Adiante, o governo Lula - com seus movimentos populistas superlativos - abriu a porteira para as cotas raciais.RAÇAS NÃO EXISTEMO autor desmonta os argumentos usados para justificar as políticas de cotas. No preâmbulo, registra que, segundo a Ciência, raças não existem. Depois, critica a decisão que dividiu o Brasil em brancos e negros, quando o governo FHC decretou que os documentos oficiais deveriam juntar os "pardos", "mulatos" e "pretos" sob um só rótulo - "negros". A partir daí, oficialmente não houve mais pardos, mulatos e cafuzos de variadas nuances - só negros.Essa decisão viabilizou o principal argumento dos militantes negros - de que os negros são 48% da população e 65,8% dos pobres. Nem uma coisa nem outra, prova Kamel. Debulhando números do IBGE e da PNAD, ele mostra que os negros são 6,4% da população (11 milhões); os pardos são 41,7% (76 milhões); e os brancos, 51% (93 milhões). Dos 57 milhões de pobres, 34 milhões são pardos (58,7% do total), 4 milhões são negros (7%) e 19 milhões são brancos (34,2%).Entre os pardos, os pobres são 44,7%; entre os negros, 36,4%; e entre os brancos, 20,4%. Ou seja: mediante qualquer critério, os pardos são mais pobres que os negros. Nada nas estatísticas prova que a desigualdade é causada por racismo, diz Kamel.Na afirmação mais polêmica do livro, Kamel diz que os números relativo aos pardos - porcentualmente, os brasileiros mais pobres - serviram para engordar as estatísticas de pobreza dos "negros". Mas na hora de distribuir os benefícios, boa parte dos pardos (seguramente, os que estiverem mais para pardos/brancos do que para pardos/negros) são excluídos dos benefícios. O autor ironiza: o pardo é um negro meio branco ou um branco meio negro? E completa: "Chamar um pardo de afro-descendente é mais que inapropriado, é errado."Kamel traz duas novidades arrepiantes: a primeira é que nos EUA, a política de cotas beneficiou uma elite de negros que já tinha saído da linha da pobreza - a grande maioria pobre ficou fora dos benefícios. A segunda é que as políticas compensatórias nunca serão abolidas, porque nenhum político terá coragem de propor o seu fim. Ele diz que a política de cotas é a "importação acrítica" de uma política americana que não cabe à estrutura social brasileira e que sua implantação extingue os critérios meritocráticos.Com argumentação convincente, Kamel afirma que o propalado desnível salarial entre brancos e negros não tem fundamento racista: ganham menos sempre os que têm menos escolaridade. E lista a série de procedimentos bizarros que se seguiram à implantação da política de cotas nas universidades. Relata que a funcionária do IBGE que o ajudou a coletar números se disse "parda como a (atriz) Glória Pires".Kamel defende que o Brasil invista maciçamente em educação para erradicar a pobreza de todas as cores humanas. Em outro instigante livro (A Persistência da Raça, Civilização Brasileira), o sociólogo Peter Fry dá a pista para a chave do enigma: "O custo de um choque de qualidade nos territórios pobres do País é vultoso, ao contrário da política de cotas, cujo custo é quase zero". A política de cotas pode não ser a solução mais adequada, mas é a mais barata e, portanto, a mais conveniente e fácil para os governos.